Escrito por: CUT-PR

A humanização das políticas públicas para inclusão das mulheres, LGBTQIA+ e de raça

O racismo, machismo, lgbtifobia e as diversas fobias promovem um afastamento das pessoas do convívio social

O primeiro debate da tarde deste sábado (29), na 15ª edição do Congresso Estadual da CUT Paraná, (CECUT-PR), que está acontecendo na Associação Banestado, localizada na Praia de Leste, no litoral paranaense, abordou temas que ainda estão passando por uma mudança na sociedade. A apresentação de informações sobre as dificuldades de abordagem e discussão sobre os avanços sociais voltados às mulheres, opção sexual e negras (os) dentro dos mais variados setores da sociedade, mostra a necessidade de maior e melhor conhecimento sobre as demandas dessas parcelas da população.

Em uma sociedade com características intrínsecas baseada no gênero masculino, os avanços conquistados nas últimas décadas ainda necessitam de amplo debate. A abertura desse espaço dentro de um encontro voltado ao trabalhador demonstra a capacidade da CUT-PR em desenvolver ações que viabilizem condições para minimizar os efeitos da sociedade para esses públicos.

  

 

O debate proporcionou o levantamento de uma questão fundamental, a formação de estruturas dentro dos sindicatos para debater as condições das pessoas trabalhadoras de maneira geral no mercado de trabalho.

Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil mais da metade da população de mulheres, de um total de mais de 203 milhões de pessoas. O levantamento mostra que a participação feminina na população é superior à masculina desde o início da série histórica, em 2012.

Entretanto, as mulheres ainda estão lutando por melhores condições de trabalho e de salário, de melhores lugares dentro da sociedade e da valorização social. De acordo com a dirigente da APP sindicato, Margleyse Adriana dos Santos, as mulheres ainda são vistas como as cuidadoras do lar e da sociedade. Ela mostra que as mulheres são 83% das trabalhadoras domésticas.

 

Além da luta por melhores condições sociais, as mulheres também precisam estar atentas diariamente a outro grande problema social. O número de vítimas do sexo feminino que estão sofrendo ataques de todos os tipos também vem aumentando a cada dia. Apesar dos avanços dentro da sociedade, intrinsicamente esse movimento anda bem devagar. “A opressão continua. É uma luta todo dia por ser mulher e preta. A cada 6h morre uma mulher por feminicídio”, destaca Margleise.

A perseguição, principalmente contra as mulheres, é outro ponto que precisa ser amplamente debatido. “O preconceito e a opressão não começam quando somos adultos ou adultas. Ela começa desde que nós nascemos”, reforçou. Ela também lembrou que as mulheres tiveram um papel fundamental na luta pelos direitos e pela eleição do atual presidente do Brasil, Lula. “Nós mulheres que estávamos nas ruas que conseguimos mudar a história”.

A ouvidora geral da Defensoria Pública do estado do Paraná, Karollyne Nascimento, a primeira mulher trans a alcançar esse cargo no país, reforçou o debate com a apresentação de dados que mostram que a discriminação contra as pessoas LGBTQIA+ tem um aprofundamento ainda maior dentro dessa parcela da população. De acordo com ela, 64% das meninas trans não tem ensino fundamental completo, inviabilizando as condições de almejar vagas no mercado de trabalho e, consequentemente, alcançar melhores cargos e valorização.

Apontando dificuldades das empresas abrirem oportunidades para as pessoas trans, ela ressaltou que o debate está evoluindo e que, atualmente, é possível encontrar locais que estão criando grupos de debate voltados a essa população. Essas ações ainda são poucas perante toda a luta contra o preconceito que ainda existe. “Hoje ainda vivemos em um mundo onde a grande maioria das trans vivem no mundo da prostituição”.

A mudança de comportamento da sociedade nos últimos anos voltou a ter uma visão ainda mais discriminatória contra essa população. Ela destacou que há muitos relatos de que as mulheres trans estão vivenciando situações de violência com homens passando nos pontos de prostituição e atirando saco com fezes, ovos, bala de borracha, chumbinho entre outros objetos.

“Precisamos combater essa hipocrisia, porque se elas estão nesses locais é porque tem quem consome esses serviços. E quem consome? Na grande maioria são os mesmos que nos atacam”, ressaltou.

 

Os debates envolvendo raça, gênero e orientação sexual são fundamentais dentro dos encontros sociais. Construir uma sociedade mais justa para todos e todas, é desconstruir um pensamento machista e misógino, fornecendo informação para que haja uma maior sensibilidade crítica para perceber o que existe de especificidades do que existe nas características de mulheres, negras, LGBTQIA+. “É uma forma de olhar e o que está colocado para nós a tarefa de militância na sociedade, no serviço público, no dia a dia. Não podemos pensar mais nada que não olhe para a interseção dos anseios, características e acúmulos que cada categoria consegui construir hoje”, destacou a assistente social e educadora popular, Vanda de Assis.