Escrito por: CUT Paraná

Banestado era um instrumento fundamental para o desenvolvimento do Paraná

Esse foi o entendimento dos participantes do primeiro capítulo da websérie que trata dos 20 anos da privatização do banco

Reprodução

Estreou nesta sexta-feira (2) o primeiro episódio da websérie sobre os 20 anos da privatização do Banestado. Neste episódio, os convidados debateram com o presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller, episódios que precederam a venda da instituição financeira. Ângelo Vanhoni, dirigente sindical bancário e deputado estadual no período da privatização, com Beto Von der Osten, o Betão, ex-presidente da Central e atual secretário de relações internacionais da Contraf e com Geraldo Fausto dos Santos, o Ceará, funcionário aposentado do Banestado e ex-presidente do Sindicato dos Bancários de Londrina e Região foram os convidados do primeiro capítulo. 

 

 

O ex-presidente da CUT Paraná e atual secretário de relações internacionais da Contraf, Beto Von der Osten, o Betão, recordou o período que precedeu a privatização. “O Banestado era o 2º maior banco estadual, somente abaixo do Banespa. Então começou redução de funcionários e de agências, inclusive de praças importantes. Em 1997 fruto de todo esse desmanche o banco começa a ter reais dificuldades. Em 1998 o ( Jaime ) Lerner manda mensagem para ALEP que aprova a lei autorizando a privatização e dai a partir disso montamos uma frente com entidades e 20 sindicatos, em defesa do banco. O dia 17 de outubro desde então é uma data triste, do assassinato de um banco que era necessário para a economia paranaense. Se não fosse necessário não teria cooperativas de créditos para suprir a necessidade de um banco que fomente o desenvolvimento e a felicidade das pessoas localmente. 

 

A importância do Banestado para o desenvolvimento regional também foi analisada pelo ex-deputado estadual Ângelo Vanhoni, que citou exemplos de como este tema é tratado em outros países. “Para se ter uma ideia da diferença: em Curitiba temos um supermercado que faz parte de uma cadeia global com capital francês, o Carrefour. Se qualquer um de nós for a Paris e andar pela cidade não vai encontrar um Carrefour, apenas na região metropolitana. Por que? A legislação não permite que grandes conglomerados atrapalharem e não permitam o desenvolvimento dos pequenos e médios negócios de Paris. Nas prefeituras de grandes cidades dos Estados Unidos veremos que existem legislações nas quais todas as obras licitadas, contratadas pelas prefeituras, devem obedecer um percentual de 25% do processo de contratação com empresas locais. Isso exatamente para promover a diversidade da produção e o desenvolvimento dos pequenos e médios negócios. Quando retiram o banco deste processo vemos os problemas de desenvolvimento se agravar. O que preponderou foi a venda para opinião pública que os bancos estaduais eram espaços de uso errado do dinheiro público, para atender critérios políticos e empresários maldosos e gananciosos”, apontou.

 

A propagação de informações falsas sobre o Banestado, mencionada por Vanhoni, também foi destacada pelo funcionário aposentado do banco e ex-presidente do Sindicato dos Bancários de Londrina e Região, Geraldo Fausto dos Santos, o Ceará. Ele lembrou das dificuldades enfrentadas durante a mobilização para tentar impedir a privatização. “Fizemos visitas e agendas com empresários, câmara de vereadores, formamos comitês em defesa do banco e a maioria absoluta negava o apoio ou fazia vistas grossas. Não estavam nos ouvindo porque já tinham engolido a história de que o banco público era um problema para a economia. Mas era justamente o contrário. Trabalhadores têm benefícios conquistados que distribuem renda. Não vamos achar que o Itaú ou qualquer banco estrangeiro vai distribuir renda entre seus trabalhadores e pensar na sociedade liberando créditos. Foi um desespero por não conseguir passar nossa mensagem e ver que aquilo tudo seria destruído. Uma mentira que vai sendo repetida, acaba virando uma verdade”, lamentou. 

 

“Nos episódio 2 e 3 participarão da websérie ex-funcionárias eleitas para o conselho do Banco e que tem vasta documentação e registros dos instrumentos de resistência utilizados na época. Esta websérie tem como objetivo, também, proporcionar uma reflexão importante: o que significou a perda do Banestado para os funcionários, usuários, clientes e para população como um todo. Perdemos banco gerador de fomento e desenvolvimento presente em todas as cidades do Paraná”, recordou o presidente da CUT Paraná, Márcio Kieller, que foi trabalhador do Banestado. 

 

A websérie sobre os 20 anos da privatização do Banestado é uma promoção da CUT Paraná com o apoio da FETEC e do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região. Não perca, nas próximas sexta-feiras, às 11h, os novos episódios da série que são transmitidos ao vivo pela nossa página no Facebook e no YouTube. 

Confira o programa na íntegra no vídeo abaixo: