Escrito por: CUT-PR

Campanha “Dá uma pausa, mude a causa” é destaque durante a abertura da 17ª Plenária

Bancários reforçam a importância da saúde mental

Maria Laura Mourinho / GoWeb / CUT Paraná

Durante a abertura política da 17ª Plenária Estadual da CUT Paraná, foi lançada a campanha “Dá uma pausa, mude a causa”, promovida pelo Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região. A entidade tem rodado agências em toda a capital paranaense e região metropolitana, reforçando a importância dos cuidados com a saúde mental de uma categoria tão exigida e adoecida pelos métodos de gestão dos banqueiros.

“Aproveitamos esse momento de plenária, de debate, de encontro da militância, de dirigentes sindicais preocupados com a vida dos trabalhadores, para lançar uma campanha com uma temática que tem nos preocupado muito na jornada do dia a dia, no atendimento aos trabalhadores em geral. O nosso sindicato tem uma área de saúde que recebe muitos bancários e financiários e até não bancários também, eventualmente. Observamos que, com o passar do tempo, estamos atendendo muitos bancários adoecidos. Então, nós pensamos em fazer uma campanha para conscientizar os trabalhadores e queríamos convidar todos vocês que estão aqui hoje para acessar o Instagram da campanha ‘Dá uma pausa, mude a causa’”, explicou a presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e Região, Cristiane Zacarias.

Maria Laura Mourinho

“O objetivo é convidar os trabalhadores a uma reflexão: que nós estamos sendo enganados. Quando a tecnologia foi apresentada como uma solução, nos disseram que teríamos mais tempo para o lazer, para a família, para o estudo — e nos cortaram esse direito. Não nos retiraram somente o salário, mas nos retiraram o direito a ter uma vida e aproveitar essa vida para o descanso. E restou para nós somente o adoecimento”, enfatizou. De acordo com ela, a saúde mental é uma das prioridades das entidades que defendem a vida e os direitos das bancárias e bancários. Se antes o foco eram lesões físicas, como LER e DORT, sobretudo nas décadas de 1980 e 1990, agora o contexto é diferente.

“Nós temos diversos casos de pessoas que não suportam a ganância e a pressão e, quando isso acontece, elas adoecem e morrem. Nós temos diversos casos de pessoas que atentam contra suas próprias vidas. Em Curitiba, na última semana, nós tivemos dois casos em um único banco. E, em um outro único banco, no último ano, nós tivemos três tentativas. E uma pessoa, em um quarto caso, do mesmo banco, conseguiu alcançar esse triste objetivo. Então, é muito importante que todos nós — e a gente também tem diversos dirigentes sindicais que estão na base, sofrendo essa pressão — que somem conosco para fazer esse enfrentamento e compreender que estamos enfrentando a ganância do capital, que quer sim os nossos corpos. No dia que morrermos, colocarão um corpo mais jovem, até que morra também. ‘Dá uma pausa, mude a causa’ enfrenta essa ganância”, apontou a presidenta do sindicato.

As estatísticas comprovam esse cenário. Dados do INSS, compilados pelo Dieese, mostram que, em 2024, o Brasil registrou 168,7 mil afastamentos por acidentes de trabalho (benefício B91). Destes, 2,81% ocorreram entre trabalhadores do setor bancário. No mesmo período, foram contabilizados mais de 2 milhões de afastamentos por incapacidade temporária comum (benefício B31), com os bancários respondendo por 1,12% do total. Os números ganham ainda mais importância quando se considera que a categoria representa apenas 0,8% dos empregos formais do país.