Escrito por: CUT-PR

Caso Marcelo Arruda: acusado de matar sindicalista vai a júri popular em fevereiro

Nova data foi marcada pela Justiça após sequência de adiamentos provocados pela defesa do réu Jorge Guaranho

CUT-PR

O julgamento de Jorge Guaranho, réu pelo assassinato do guarda municipal e ex-dirigente sindical, Marcelo Arruda, deverá ficar somente para o ano que vem. A nova data prevista é entre 11 e 13 de fevereiro de 2025. Os constantes recursos e ações da defesa colocam a decisão sobre o veredito cada vez mais distantes.

Este cenário angustia a família da vítima que teme, até mesmo, que ele seja colocado em liberdade antes de ser julgado. Neste caso, facilitando uma eventual fuga do País, uma vez que Guaranho além de trabalhar como servidor público na Penitenciária de Catanduvas, também estudava medicina em Ciudad del Este, no Paraguai.

Inicialmente previsto para o dia 04 de abril, o júri acabou sendo adiado e pouco mais de dois meses depois foi transferido de Foz do Iguaçu, onde o crime ocorreu, para Curitiba após um pedido da defesa de Guaranho. Outros dois meses se passaram e o réu segue sem um julgamento definitivo.  Ele foi indiciado pelo Ministério Público por homicídio doloso, duplamente qualificado, por motivo fútil e perigo comum. A pena pode variar de 12 a 30 anos de prisão.

O advogado que representa a família de Arruda, Daniel Godoy Júnior, avalia que apesar dos sucessivos atrasos, a data ainda está de acordo com os prazos médios do poder judiciário para julgamentos de casos como este. “O que ocorreu até agora foram sucessivos adiamentos em face da atuação da defesa, uma delas inclusive, se ausentando da sessão do júri no dia que seria realizado o julgamento. Posteriormente pedido de desaforamento que foi acolhido pelo poder judiciário. Isso demonstra o temor por parte do réu em ser submetido à sessão de julgamento”, pontua.

“A família está um pouco frustrada porque esperava que o julgamento acontecesse de forma mais célere, mas do ponto de vista do que conhecemos e acompanhamos nos tramites dos processos no poder judiciário, realização do júri está alongada, mas não está tanto. É uma atuação da defesa no sentido de postergar o julgamento e obter a liberdade do réu, alegando esse novo adiamento e tentando a liberdade. O temor da família é que haja uma fuga, há esse temor de evasão do local do julgamento. Esperamos que isso não ocorra.  Seria uma temeridade”, completou.

Ainda de acordo com o Daniel Godoy Júnior, é difícil que um novo adiamento ocorra. “Todos os aspectos passíveis de impugnação já foram esgotados. Não creio que haja mais uma possibilidade neste sentido. Também vemos com bons olhos a designação por parte da juíza responsável pelo júri em data possível dentro da agenda do poder judiciário. As promotoras que vão acompanhar os casos são das mais competentes com atuação muito elogiada no Tribunal do Júri da capital”, completou.

O Presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller, destaca que a Central acompanha o caso de perto e exige justiça. “É claro que desejamos justiça pela morte do nosso companheiro Marcelo Arruda. Mas esse caso também precisa de um desfecho porque é um exemplo de como a violência política pode terminar em tragédia. Uma decisão pedagógica é fundamental para desencorajar outras pessoas que matem seus semelhantes por divergências políticas”, completou.

Relembre o caso

Marcelo Arruda, guarda municipal, sindicalista e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, foi assassinado pelo policial penal, o bolsonarista Jorge Guaranho, em 9 de julho de 2019. Arruda comemorava seu aniversário de 50 anos, cujo tema da festa o PT e o presidente Lula, quando foi atingido por tiros disparados pelo policial Jorge Garanho, que soube da festa petista que se realizava num clube local.

O sindicalista chegou a revidar os tiros, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no dia seguinte. Guaranho sobreviveu e ficou um mês internado em um hospital. Toda a alão foi registrada por câmeras de segurança do local.

Guaranho foi preso e é réu por homicídio duplamente qualificado. Para a Justiça, o bolsonarista agiu por motivo fútil decorrente de "preferências político-partidárias antagônicas" e que o policial penal colocou a vida de mais pessoas ao efetuar os disparos no salão de festas.