Escrito por: CUT-PR

Caso Marcelo Arruda: réu vai a júri popular em abril

Bolsonarista Jorge Guaranho é acusado de matar o sindicalista Marcelo Arruda durante sua festa de aniversário em julho de 2022

Sismufi
Ato em 2022 pede justiça por Marcelo Arruda

Está marcado para o dia 04 de abril o julgamento do policial penal Jorge Guaranho, acusado de matar o sindicalista e ex-tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda. O crime aconteceu no dia 9 de julho de 2022 quando Arruda comemorava seu aniversário de 50 anos. A celebração era temática do Partido dos Trabalhadores.

De acordo com a acusão, Guaranho viu a festa pelas câmeras e invadiu o espaço da festa aos gritos de “É Bolsonaro”. Depois iniciou discussão com os convidados e o próprio aniversariante. Tempo depois retornou ao local e disparou os tiros que matou Marcelo Arruda. O réu foi denunciado por homícidio duplamente qualificado por motivo torpe e causar perigo comum. O Ministério Público ainda apontou que a motivação foi política. A pena pode variar de 12 a 30 anos de prisão.

O julgamento, de certa forma, colocará a civilização contra a bárbarie frente a frente. A proximidade de uma nova eleição, marcada para este ano, também traz ainda mais importância para o caso. “A sociedade brasileira vive um novo momento a partir da eleição do novo Presidente da República, especialmente após aquilo que ocorreu em 8 de janeiro de 2023. Isso também é um aspecto que demonstra a extrema violência daqueles que a praticam não só contra a vida, mas também contra a ordem democrática. Está tudo dentro de um contexto de violência política é e importante que a comunidade esteja atenta para que este tipo de episódios não se repitam”, analisa o advogado da família de Marcelo Arruda, Daniel Godoy.

Ainda de acordo com ele, em entrevista ao Portal da CUT, o julgamento carrega consigo esse simbolismo. “O assassinato se deu em um contexto de acirramento da violência política no Brasil. Estávamos em julho de 2022 e logo a seguir tivemos a eleição para Presidente da República. Durante todo o seu mandato e até mesmo durante o processo eleitoral Jair Bolsonaro se valeu de simbolismo. Isso no sentido de instigar seus apoiadores à prática de violência política. Inclusive com gestos de arminhas e na prática liberando aquisição de armas pelos CACS. Tivemos todo um momento no Brasil em que a violência política foi um mote instigado pelo governo. No caso deste processo ficou demonstrado que ele agiu por isso, por esse ódio político. Inclusive, testemunhas relatam isso”, completou o advogado.

Para o Presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller, o julgamento é aguardado por todo o movimento sindical. Isso porque, segundo Kieller, um sindicalista foi morto por um motivo banal. “Todos nós conhecíamos o Marcelo Arruda, nosso companheiro de lutas. A notícia do seu assassinato chocou a todos nós e estamos, desde então, lutando por justiça. Uma vida foi ceifada e várias outras, principalmente a de seus familiares, foram destruídas. Isso por uma escolha política dele, Guaranho É inadmissível”, pontuou .

O Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Foz do Iguaçu (Sismufi), Aldevir Henke, destacou que esse crime não pode ficar impune. “O Marcelo era um companheiro da luta sindical, ele deixou um legado marcado pela defesa dos direitos dos servidores. O que aconteceu com ele foi uma tragédia, uma barbárie que jamais poderia ter acontecido”, ressaltou. “A punição do crime não trará o Marcelo de volta, mas é preciso que a mão da justiça seja pesada, para que fatos condenáveis como esse de intolerância política não se repitam. Atitude de violência, por diferença de pensamentos e posições ideológicas, não podem jamais servir de motivação para tirar a vida de quem quer que seja. Marcelo deixou órfãos quatro filhos, dentre eles um bebê”, completou.

Até a data do julgamento Guaranho deve seguir preso na região metropolitana de Curitiba, mais especificamente no Complexo Penal de Pinhais.