Escrito por: CUT-PR

Curitiba terá ato contra juros altos no dia 30 de julho

Concentração às 9h na Praça Santos Andrade, no centro da capital paranaense

Menos juros, mais empregos. Com esse mote A CUT, movimentos sociais e entidades sindicais realizam em Curitiba, na próxima terça-feira (30), um ato contra a alta taxa de juros. A data é a mesma na qual acontecerá a nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, que define a taxa Selic. Manifestações simultâneas acontecerão em diversas cidades do País. Na capital paranaense o ato será realizado a partir das 10h na Praça Santos Andrade, no centro.

“Consideramos inaceitável a atual taxa de juros, uma das maiores do mundo. Estes indicadores impedem o crescimento, a distribuição de renda e a geração de empregos, prejudicando diretamente o Brasil e a classe trabalhadora. Por este motivo vamos novamente às ruas para dizer que não é possível que nosso País continue com taxas de juro neste patamar, próximo do insustentável”, destaca o presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller.

De acordo com ele, mesmo com a baixa inflação, melhora nos indicadores econômicos e uma série de ajustes, o Banco Central insiste em uma taxa de juros elevadas que beneficia, unicamente, o sistema financeiro. Esta percepção é compartilhada não apenas por setores progressistas ou do mundo do trabalho, mas pela população em geral.

O presidente da FETEC-CUT-PR, Deonisio Schmidt, reitera as críticas ao atual patamar da Selic. "As altas taxas de juros só beneficiam especuladores e o sistema financeiro. Os trabalhadores são os que mais sofrem. O tal ´mercado’ que se incomoda quando o tema é redução da taxa Selic, não é as empresas, a indústria a agricultura, é meia dúzia de bancos e os rentistas, que sem sair de casa ganham bilhões com a especulação e quem paga são os trabalhadores e o restante da sociedade", enfatiza.

A presidenta do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Cristiane Zacarias, destaca a importância da participação da sociedade neste debate. “O endividamento das famílias brasileiras com os juros altos é estratégico para a lucratividade cada vez maior dos bancos. Mesmo assim, usam todo tipo de argumentos para o fechamento de agências pelo país e encerramento de postos de trabalho. É tão expressiva a exploração destas instituições, que baixa dos juros, bandeira levantada pela CUT, precisa ganhar centralidade nos debates em todos os lugares do país”, apontou.

“É preciso que toda a sociedade esteja unida nesta luta porque os reflexos da taxa de juros  atinge todos nós. Reduzir os juros, significa mais recursos para a educação, saúde, segurança, investimentos públicos, ampliando a geração de empregos, e o avanço da economia. Este não é um objetivo de uma parcela da sociedade, mas de todos nós”, completa a advogada e ex-deputada federal, Dra. Clair Martins.

Uma pesquisa produzida pela Quaeste no início deste mês mostrou que 66% dos brasileiros e brasileiras concordam com as críticas do presidente Lula à política de juros do Banco Central. Apenas 23% dos entrevistados discordam das falas públicas do Presidente da República. Ele tem dito, de forma reiterada, que os percentuais definidos atualmente pelo Banco Central prejudicam diretamente o crescimento do Brasil. "Então, é preciso baixar a taxa de juros compatível à inflação, que está totalmente controlada. Agora fica-se inventando o discurso de inflação do futuro, o que vai acontecer. Vamos trabalhar em cima do real”, disse o presidente da República em entrevista no mês passado na rádio CBN.

 

Nacional – Além de Curitiba, cidades onde há sedes do Banco Central também realizarão manifestações públicas contra os juros altos. Em São Paulo será em frente ao próprio BC, na Avenida Paulista, 1804.

A vice-presidenta da CUT Nacional, Juvandia Moreira, diz ser inadmissível que o presidente do BC,  mantenha a atual taxa de juros em 10,5% ao ano, após uma série de quedas de meio ponto percentual, alegando fatores econômicos externos e não analisando a atual conjuntura do Brasil.

“Nós temos um presidente no Banco Central que joga pelo pior, que faz parte dessa elite que tem como projeto apenas o enriquecimento próprio. Ou seja, não tem projeto de país. Campos Neto boicota a economia brasileira. É um absurdo o que ele tem feito em benefício do mercado financeiro”, declarou Juvandia.

 

Confira os 10 motivos para a taxa de juros baixar

1 - Aumenta o endividamento das famílias

O percentual de famílias endividadas ficou em 78,8% em junho deste ano, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Os juros altos aumentam o valor das dívidas deixando as famílias cada vez mais afundadas numa crise financeira sem fim.

2 - Crédito mais caro

Contrair um empréstimo financeiro seja para quitar dívidas ou investir num negócio fica muito caro. A Selic determina a taxa de juros cobrada nas operações de empréstimos. Porém, em vez de as instituições financeiras se basearem na taxa Selic para a cobrança de juros, elas cobram além dela. Assim quanto maior a Selic, maior serão os juros cobrados.

3 - Juros altos favorecem o 1% mais ricos do país

A Selic ficar neste patamar só interessa a 1% da elite econômica do país que compra títulos do governo para investimentos (a arrecadação dos governos depende de impostos recolhidos e parte de títulos vendidos no mercado), e a cerca de 10% da classe média que têm aplicações financeiras, pois com a alta dos juros vale mais a pena deixar o dinheiro aplicado em algum título do governo do que abrir uma empresa e gerar empregos, explicou ao PortalCUT o economista e professor da PUC-SP, Ladislau Dowbor. São os chamados rentistas que vivem dos juros de suas aplicações.

4 - Aumento da dívida pública

A cada aumento de 1% na taxa de juros, a dívida líquida do setor público cresceu R$ 38 bilhões. Como a Selic aumentou 11,75 pontos percentuais entre agosto de 2020 (2%) e dezembro de 2022 (13,75%), o impacto foi de R$ 446,5 bilhões”.

É dinheiro pago por todos os contribuintes para os mais ricos que podem comprar títulos do tesouro nacional, já que têm garantia de pagamento pelo governo federal, a partir da arrecadação de tributos e impostos pagos por todos nós.

5 - Impedem investimentos sociais

Como o governo tem de remunerar os compradores de títulos públicos de acordo com a Selic, a União fica cada vez mais endividada, não sobrando dinheiro para investir em benefícios sociais como o Bolsa Família e o Farmácia Popular, entre outros.

6 – Paralisa obras essenciais

Os bilhões pagos pelo governo federal com a dívida pública impedem também a construção e reparos em estradas, a construção de moradia popular, a construção de açudes, escolas, creches e outros próprios públicos. Há no país milhares de obras paradas, que podem gerar emprego e renda para os trabalhadores e melhorar o caixa das empresas.

7 - Dificulta a compra de bens materiais

A alta de juros também é sentida no crédito imobiliário para a compra da casa própria e nos bens de consumo como geladeiras, fogões, carros, celulares, entre outros. Com as empresas tendo de pagar juros maiores a tendência é transferir para o consumidor essa conta.

8 – Impede a geração de empregos

Sem dinheiro de capital de giro para investimento, tanto grandes como pequenas empresas diminuem as contratações com receio de não conseguir pagar as dívidas, até mesmo por falta de compradores para os seus produtos, já que o endividamento das famílias impede que elas consumam. É um círculo vicioso.

Em junho, a  gestora Paramis Capital calculou que o custo financeiro dessa taxa Selic alta em R$ 78 bilhões ao ano para os empresários. Como exemplo, se os juros fechassem o ano em 9%, como era estimado meses atrás, este custo seria R$ 11,1 bilhões menor, de R$ 66,9 bilhões. Em 9,5%, o impacto seria R$ 7,4 bilhões abaixo, de R$ 70,6 bilhões ao ano.

9 – Impede a distribuição de renda

Sem geração de empregos não há renda, sem renda não há consumo, sem consumo as empresas não investem, sem investimento não há empregos... É um círculo sem fim.

10 – Trava a economia

Sem a roda da economia girando o governo não arrecada, sem arrecadação a economia trava e os mais pobres passam fome e a classe média empobrece.