Escrito por: CUT-PR

CUT Paraná reforça estratégias de luta e elege representantes para Plenária Nacional

Último dia da 17ª Plenária Estadual da Central teve debate sobre trabalho decente, clima e conjuntura

Maria Laura Mourinho / GoWeb / CUT Paraná
No sábado (2), último dia da 17ª Plenária Estadual da CUT Paraná, as principais estratégias para os desafios da classe trabalhadora foram o centro dos debates. O presidente da CUT Brasil, Sérgio Nobre, enviou seu recado aos participantes por meio de um vídeo exibido na abertura do segundo dia de evento. Sérgio Nobre citou alguns dos principais pontos que devem ser tratados como prioridade por cada dirigente CUTista. “Nossa tarefa é impedir retrocessos no Congresso Nacional e no Judiciário, em especial o tema da pejotização sem limites que está no STF. Sua aprovação seria uma derrota ainda maior do que foi a terceirização. Seria o fim do trabalho formal, da organização sindical, da Previdência Social e da própria existência do Estado. É fundamental o engajamento e prioridade nesta decisiva batalha”, alertou. “No Congresso, precisamos pressionar por nossas pautas prioritárias como a isenção do Imposto de Renda e uma nova tabela verdadeiramente progressiva, além da taxação dos super-ricos. Enfim, a tão sonhada justiça tributária. Também é prioritária a redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6x1, em especial no setor do comércio, bares e restaurantes, com jovens trabalhadores que iniciam sua jornada às 11h e só terminam quando o último cliente vai embora — às vezes até 1h ou 2h da manhã —, acumulando até 84 horas semanais em média, duas vezes mais que a jornada legal. Um crime inaceitável que não pode mais acontecer. Mas também precisamos aprovar o projeto de lei das centrais, do nosso modelo sindical e da negociação coletiva”, completou o presidente da Central. O presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller, reiterou a importância das pautas. “Não podemos pensar nosso papel na sociedade sem defender a justiça tributária, a redução da jornada sem redução salarial, com o fim da escala 6x1. Mas, ao mesmo tempo em que precisamos avançar na conquista de direitos sociais, é necessário resistir aos ataques, como a tentativa de pejotização liberada que tramita no STF e a nova tentativa de emplacar uma Reforma Administrativa que ataca o serviço público e os servidores. No Paraná, temos ainda nossos embates com Ratinho, que se nega a receber os sindicatos e trabalha em uma lógica perversa contra a classe trabalhadora”, analisou. O temário geral foi abordado em uma mesa com o secretário-geral da CUT Brasil, Renato Zulato, a diretora executiva da Central, Janeslei Albuquerque, o secretário de Comunicação da Contraf-CUT, Elias Jordão, e a secretária de Organização da APP-Sindicato, Sidineiva Gonçalves de Lima. Renato Zulato também destacou o papel da Central na defesa da democracia, da soberania, e da paz, a partir de um posicionamento claro contra as guerras. “A CUT, em todo momento, se propõe e apresenta uma proposta pela paz no mundo e contra a guerra. O mundo não pode viver de guerra, tem que haver harmonia entre os seres humanos. As nossas plenárias precisam ter esse debate, como vocês fazem aqui. Por isso a CUT é a maior sindical do Brasil, da América Latina e a 5ª maior do mundo”, comentou, ao criticar o genocídio na Faixa de Gaza.Maria Laura Mourinho A diretora executiva da CUT Brasil, Janeslei Albuquerque, falou da importância da comunicação no diálogo com a população. De acordo com ela, é preciso acertar o tom e também os temas que tocam a classe trabalhadora. “Quando começa a campanha de ‘Congresso inimigo do povo’, o povo se vê. Então esse também é um grande desafio de cada sindicato, de cada dirigente: perceber o que é que fala ao coração das pessoas e à mente. Porque esses corações e mentes estão em disputa”, pontuou. “Precisamos escutar a plenária. Enquanto dirigentes sindicais, precisamos escutar a voz das ruas, das trabalhadoras e dos trabalhadores. Uma das principais teses desta plenária é o fortalecimento do movimento sindical CUTista. A primeira coisa é a unidade de classe. Não é categoria, não é corrente. Isso é interno nosso. O trabalhador quer saber se ele terá emprego, direitos. Nós fazemos nossos debates, mas, quando vamos para as ruas, defendemos a classe trabalhadora. A segunda coisa é a comunicação. Precisamos fazer, no dia a dia, tanto de forma presencial nas bases, dialogando com trabalhadores — e eles esperam isso da gente. Embora existam as redes e a internet, os trabalhadores precisam da nossa presença no dia a dia”, destacou o secretário de Comunicação da Contraf-CUT, Elias Jordão. “Nós temos aqui que pensar estes desafios e apontar uma saída. Claro que não é a curto prazo, mas precisa ser feita. Porque, se não tivermos para onde caminhar, teremos dificuldade para chegar a um lugar que seja mais favorável. A CUT precisa ser protagonista na reconstrução do Brasil, e isso passa pela retomada dos direitos trabalhistas. Precisamos lutar por mais postos de trabalho, mas por trabalho de qualidade”, completou a secretária de Organização da APP-Sindicato, Sidineiva Gonçalves de Lima. No período da tarde, o economista e coordenador técnico do Dieese, Sandro Silva, fez uma análise sobre trabalho, meio ambiente e transição justa: rumo à COP 30. De acordo com ele, é fundamental que trabalhadores e trabalhadoras discutam a questão ambiental. Entre outros fatores apontados está o fato de que a classe trabalhadora é afetada diariamente pelos impactos da emergência ambiental. “Estudo mostrou que 1% da população mais rica é responsável por 15% das emissões acumuladas. Ou seja, os mais ricos poluem mais — e quem sofre as consequências são os mais pobres. Enquanto alguns locais sofrem com enchentes, outros sofrem com falta de água. Isso afeta, inclusive, a conta de luz, que fica mais cara. Um dos primeiros impactos também é o aumento no preço da alimentação, como arroz e café”, exemplificou. O aquecimento global também gera impacto no trabalho, com o chamado estresse climático. “Relatório da OIT aponta que, até 2030, 2% do total de horas trabalhadas mundialmente serão perdidas pela questão climática. As regiões mais atingidas são aquelas que já têm déficit de trabalho decente e proteção social, com alto nível de informalidade”, completou. Na sequência, o presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller, e a secretária-geral, Vera Nogueira, apresentaram o plano de lutas para debate. A plenária final aprovou as estratégias debatidas no combate aos retrocessos sociais, em defesa da soberania e também de resistência ao governo de Ratinho Júnior. Entre os temas centrais estão a luta pelo trabalho decente e justiça social; contra a precarização dos chamados “trabalhadores precarizados”; a valorização da defesa dos direitos LGBTQIA+; as pautas centrais do Plebiscito Popular, como o fim da escala 6x1, a justiça fiscal e tributária, e o fortalecimento das brigadas digitais, entre outros. No plano estadual, destaca-se a instituição de parcerias com a academia e entidades que defendem a classe trabalhadora, além do fortalecimento da resistência contra o governo de Ratinho Júnior — entre outros pontos fundamentais para a manutenção dos direitos e para seguir com avanços sociais. Durante a plenária as delegadas e delegados ainda aprovaram moções de repúdio. Foram alvo o presidente dos EUA, Donald Trump e seu tarifaço, ao Banco Santander pelas terceirizações fraudulentas, à reforma administrativa em curso no Congresso Nacional. As moções de apoio à Palestina e ao povo palestino e ao em defesa do serviço público também foram aprovadas. Maria Laura Mourinho Ainda foi realizada a recomposição da direção estadual e a eleição das delegadas e delegados que representarão o Paraná na Plenária Nacional. (Confira a lista no final da matéria). Plebiscito – A CUT Paraná também instalou urnas do Plebiscito Popular 2025 em sua plenária. Foram coletados votos sobre a consulta que deseja saber a opinião da população sobre a redução da jornada de trabalho sem redução de salário, o fim da escala 6x1 e a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, com maior taxação para quem ganha acima de R$ 50 mil. A diretora da CUT Paraná e da APP-Sindicato, Taís Adams, fez uma fala sobre a importância do papel dos dirigentes sindicais no plebiscito. “Orientamos que cada sindicato utilize o QRCode da urna da CUT Paraná ou crie sua urna para coleta de votos do Plebiscito Popular 2025. É essencial que cada sindicato seja um ponto fixo para coleta de adesões , assim como cada local de trabalho da nossa base também seja um ponto fixo”, argumentou. “É nosso papel militante divulgar, mobilizar, estimular as votações, tanto nas ruas, como nas redes, vamos fazer a disputa de narrativa, disputa de corações e mentes. Unidas(os) vamos pressionar o congresso para uma mudança estrutural, nessa sociedade tão desigual. Seguimos na luta por justiça social e mais qualidade de vida para o povo brasileiro”, completou Taís.   Lista de delegadas e delegados: Cristiane Zacarias - Sindicato dos Bancários CuritibaLaurito Lira  - Bancários de Londrina Daniel Rosaneli - ComerciáriosJosenilda Ferreira - Agricultura FamiliarJosé oliveira - Construção Civil/PesadaMárcia Oliveira - App sindicato e direção da CUT Luiz Carlos de Oliveira (Luizão) - Transportes de Ponta GrossaAntônio Carlos (Bananinha) - Fesmmuc Simone Regina Checchi - CUT-PR e APP-SINDICATO Alessandra Oliveira (Ale Pimenta) - Sismuc/CUT-PR Tais Adams - CUT-PR e APP Sindicato Willian da Silva Wolf - SismucThatiana Nanci Maia - APP/Sindicato 1º suplente - Neveraldo Oliboni Agricultura familiar2º Suplente - Neumora lira Saúde de Campo Mourão3º Suplente -  Celso Santos4º Suplente -  Altair Ângelo dos Santos Natos Márcio Kieller - Bancario Presidente da CUT-PRCristina Gonçalves - Sindsec Janeslei Albuquerque - APP-SindicatoSidineiva Gonçalves de Lima.Elias Hennemann - Bancários de Curitiba