Escrito por: CUT Paraná
Central também promoveu atos em frente às concessionárias da montadora
Na manhã desta sexta-feira (31) a Assembleia Legislativa do Paraná promoveu uma audiência pública para debater as demissões de 747 trabalhadores e trabalhadoras do complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais, da montadora francesa Renault. A empresa, que recebeu ao longo dos anos diversos incentivos fiscais, realizou demissões em massa de forma arbitrária e em meio à pandemia.
A audiência foi uma proposição do deputado Arilson Chiorato e reuniu lideranças sindicais, parlamentares, representantes da sociedade civil e da representação dos trabalhadores. O presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller, participou da audiência e fez duras críticas à montadora. “Nós estamos fazendo um esforço para que essa denuncia chegue a todos os cantos do Paraná e do Brasil. Diferente do que acontece em países europeus, onde a defesa da vida e do emprego estão em primeiro lugar, aqui no Brasil a prática não é essa, a começar pela postura do Governo Federal”, apontou.
“Estamos insistindo para a formação de um comitê de crise para que trabalhadores e trabalhadoras possam atuar nos debates para que não aconteçam situações como essa da Renault”, completou. Segundo Kieller, a empresa volta no tempo e recorda o tempo no período pós-guerra, quando foi estatizada na França. “Isso porque estava ligada ao ao fascismo. Não podemos permitir que a empresa volte no tempo e adote esse tipo de postura”, criticou.
O deputado estadual Arilson Chiorato (PT), propositor da audiência pública, reforçou o compromisso da empresa com o povo paranaense após sucessivos incentivos recebidos. Ele lembrou que essa não foi a primeira vez que isso aconteceu. “Com a crise mundial de 2008 a empresa fez um movimento de ameaça dos trabalhadores na época. O então governador, Requião, não achando possível que se praticasse tal recebendo incentivos, junto com o presidente Lula, estabeleceu um diálogo com o setor automobilístico para evitar as demissões”, recordou.
“As concessões de incentivos não são do governador, mas sim do povo paranaense. O mínimo que esperamos neste momento é a reciprocidade. Não basta estar ao lado do Paraná apenas em bons momentos”, criticou.
Participaram também outros parlamentares como os deputados estaduais Professor Lemos, Luciana Rafahim, Tadeu Veneri, Luiz Cláudio Romanelli, Requião Filho, além dos deputados federais Enio Verri, Gleisi Hoffmann, Zeca Dirceu e representantes de outros setores como o Ministério Público do Trabalho, além das centrais sindicais.
Mobilizações – A CUT Paraná tem atuado de forma incisiva nas manifestações contra as demissões nas montadoras. Além de participar dos atos promovidos pelo sindicato dos metalúrgicos, a central orientou todos às suas entidades a realizarem ações descentralizadas em frente as concessionárias das montadoras.
Nesta quinta-feira (30) foram realizados atos em Curitiba, no Bairro Boa Vista e também em Maringá. Outras ações ainda vão acontecer até que a empresa volte atrás na sua decisão de deixar desamparadas 747 famílias em meio à pandemia de Covid-19.