Escrito por: Gibran Mendes, da CUT-PR

Professores de Curitiba cruzam os braços contra plano destruidor de carreiras

Uma das ideias do prefeito Rafael Greca sobre a progressão prevê que, mesmo fazendo curso e com boas notas, 80% da categoria não terá oportunidade de crescimento

SISMMMAC

Os professores e professoras de Curitiba (PR) vão cruzar os braços nesta quarta-feira (30) contra o plano destruidor de carreiras do prefeito Rafael Greca (PSD), que ignorou as demandas históricas do magistério e quer estabelecer critérios para dificultar os avanços profissionais. Veja abaixo detalhes da proposta.

Com a greve, a categoria quer pressionar pela retomada das negociações com a administração municipal. O entendimento dos representantes dos professores é de que a proposta de Greca, encaminhada à Câmara dos Vereadores em regime de urgência, não pode avançar, pois se isso acontecer, vai destruir o plano de carreira da categoria.

“Chegou o momento de dar um basta na desvalorização dos profissionais do magistério municipal”, diz a presidenta do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac), Diana Abreu.

“Precisamos lutar pela nossa carreira. Não podemos mais aceitar a condição em que estamos. Temos que dizer para a Prefeitura que essa proposta é perversa e destrói a nossa carreira”, ressaltou Diana.

O presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller, declarou total apoio à luta da categoria e disse que chegou a hora de dar um basta nas perdas de direitos que tiveram início após o golpe de estado que destituiu a presidenta Dilma Rousseff (PT). “Chega de retirada de direitos. O Brasil, desde o golpe de 2016, deu iniciou a uma jornada de precarização nas relações de trabalho que já mostrou não dar certo”.

“Vamos voltar a avançar, proteger os trabalhadores e as trabalhadoras e incluí-los na economia. Greca, que já mandou um pacote de maldade na sua primeira gestão, agora tenta tirar mais direitos. A CUT está solidária ao magistério público de Curitiba”, reforçou Marcio Kieller.

Greve por direitos

A paralisação dos professores e professoras de Curitiba foi aprovada em assembleia no último dia 23 de novembro.

O roteiro da luta por direitos prevê concentração a partir das 9h, na Praça 19 de dezembro, conhecida popularmente como Praça do Homem Nu e da Mulher Nua.

De lá, os educadores sairão em caminhada até a frente da Prefeitura de Curitiba, onde realizarão uma manifestação.

O que prevê o plano destruidor de carreiras de Greca

A proposta da Prefeitura vai ampliar o sofrimento de milhares de servidoras, afirma o diretor do Sismmac João Paulo Souza.

“Há professoras que ingressaram na rede pública municipal depois de 2012 e ainda estão com os salários iniciais. Tem professoras que vão se aposentar ganhando um salário-mínimo. Isso é fazer o magistério passar fome”, diz, indignado, o dirigente.

Uma das mudanças da proposta de Greca diz respeito à forma de progressão. São duas maneiras distintas, a primeira por desempenho, na qual os cursos valeriam 20% da nota e 80% seria da avaliação funcional.

Detalhe: apenas 20% da categoria vai poder crescer e somente em anos pares, ou seja, 80% mesmo fazendo cursos e com boas notas não terá a oportunidade de crescimento.

Uma vez estabelecida uma progressão, o trabalhador deverá ficar outros três processos sem poder avançar na carreira.

Se um trabalhador, por exemplo, obtiver avanço em 2024 só poderá novamente em 2032.

Já no caso da progressão por qualificação  a titulação vale 80% da nota e os outros 20% são da avaliação. Contudo, apenas 5% terá direito ao avanço em anos ímpares enquanto os 95%, mesmo com estudos e titulação, ficará estacionado na carreira. Da mesma forma, quem conseguir esta progressão, deverá ficar de fora dos outros três processos seguintes.

Veja no vídeo abaixo, produzido pelo Sismmac,  relembrou alguns dos retrocessos que o Projeto de Lei de Rafael Greca traz para o magistério público de Curitiba: