Escrito por: CUT-PR

Manifestação pela redução dos juros será realizada em Curitiba na terça-feira (20)

Ato acontecerá em frente ao prédio do Banco Central, na capital paranaense

Gibran Mendes

Trabalhadores, entidades sindicais, empresários, grandes varejistas e até mesmo banqueiros pedem a redução imediata da taxa de juros Selic. O percentual, definido pelo Banco Central, é visto como um dos principais entraves para a retomada do desenvolvimento econômico no Brasil. Enquanto isso, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro, mostra-se insensível aos apelos ao ponto de levar parte da sociedade brasileira e pensar em um boicote contra o crescimento do Brasil. Por este motivo, na próxima terça-feira (20), manifestações pela redução da Selic acontecerão em diversas partes do Brasil.

Em Curitiba o ato está marcado para às 11h, em frente ao prédio do Banco Central na capital paranaense, na Av. Cândido de Abreu, 344 - Centro Cívico. Trata-se da Jornada de Mobilização contra a Política Monetária do BC. Para o presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller, é inadmissível que acontece no País. “A desculpa antes era a inflação, que segue em queda. E agora? O que vão alegar? O Brasil tem a maior taxa de juros reais do mundo. Como crescer? Como gerar investimento e desenvolvimento social? Como criar empregos? Ninguém mais aguenta Campos Neto e sua política de juros contrária ao País”, apontou.

O IPCA, que mede a inflação oficial, no mês de maio ficou em 0,23%, índice menor que os 0,61% de abril e que soma 3,94 % em 12 meses. É o menor em três anos. Para o economista e coordenador técnico do Dieese no Paraná, Sandro Silva, os motivos alegados para a manutenção, mesmo que discutíveis, já não existem. “Vivemos uma inflação alta, mas não era em função do consumo, mas sim por questões pontuais, como a antiga política de preços da Petrobrás, que é uma ação de governo e ausência de políticas públicas no setor agrícola”, comentou.

Segundo Silva os atuais indicadores são mais do que suficientes para que os juros sejam reduzidos. “Quando olhamos para o retrato atual vários indicadores já estão acima do esperado. A inflação está menor do que era esperado, abaixo de 4% (IPCA 3,94% e INPC 3,74%). O crescimento do PIB no 1° trimestre de 2023 foi bem acima do esperado, se os juros estivessem mais baixos, muito provavelmente, a situação seria ainda melhor. A recuperação só não é mais rápida em função dos juros que tem vários efeitos”, completou.

Tanto trabalhadores, quanto empresários e até mesmo o setor público são vítimas da atual política de Campos Neto “Para os trabalhadores, por exemplo, fica mais caro comprar produtos e serviços financiados ou parcelados. Quem está endividado, paga mais juros e para as empresas aumenta as dívidas e encarece o crédito. Em vez de investir na produção, os recursos são deixados no mercado financeiro, não gerando emprego e renda. Para o estado, aumenta o gasto com juros e reduz os investimentos. São vários impactos negativos”, argumentou.

A retomada de políticas públicas destruídas em governos anteriores também sofre com os juros altos. A retomada de programas como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, o retorno do aumento real do salário mínimo, a criação de Grupos de Trabalho para avançar em políticas econômicas e sociais, são alguns dos exemplos. “Temos várias iniciativas positivas que reverteram a lógica da política econômica. Desde o ano passado havia uma tendência de aumento real nas negociações coletivas, em parte pela queda da inflação, mas também em função do impacto positivo do aumento real do salário mínimo e da mudança da lógica da política econômica do governo”, pontuou Silva.

Serviço: Jornada de Mobilização contra a Política Monetária do BC

Data: Terça-feira, 20 de junho

Horário: 11 horas

Local: Banco Central em Curitiba, Av. Cândido de Abreu, 344, Centro Cívico.