Escrito por: CUT-PR
Vereadora Professora Josete e a socióloga Vilma Aguiar analisaram o tema na programação especial do mês das mulheres
O Quarta Sindical desta semana recebeu a vereadora por Curitiba, Professora Josete e a socióloga Vilma Aguiar, para tratar de um tema importantíssimo: as mulheres e os espaços de poder. Embora sejam maioria na sociedade, elas enfrentam muito mais dificuldade para ocupar estes cargos com poder de decisão, seja no mercado de trabalho ou na vida pública.
A vereadora Professora Josete destacou experiências que passou na Câmara de Vereadores de Curitiba. Segundo ela, que foi eleita pela primeira vez em 2012, por diversas vezes se viu sozinha no debate feminista no legislativo municipal. Hoje, segundo ela, são três vereadoras que se posicionam ativamente na questão de gênero e há uma quarta eleita que participa das questões que envolvem o empoderamento das mulheres. Ela também analisou o avanço, embora pequeno, que representa o fato de duas mulheres estarem na mesa executiva da Câmara de Vereadores. “Realmente as coisas são lentas, mas aos poucos vamos ocupando esses espaços”, comentou.
Segundo ela, ainda há um grande preconceito relacionado à participação das mulheres nos espaços legislativos. “Durante o meu segundo ou terceiro mandato, após ser muito incisiva na tribuna, em meio à discussão com um vereador, na saída do plenário, ouvi ele dizendo em voz alta, depois que passei, mas de forma que eu pudesse ouvir 'É por isso que a Professora Josete não casa, que homem vai aguentar uma mulher destas'. Neste caso há a leitura da mulher modelo que precisa casar e que precisa ter filhos. Precisamos nos colocar, fazer esse debate e enfrentar. Isso faz parte da nossa rotina e estes enfrentamentos são necessários para mudar essa cultura”, recordou.
Para a socióloga Vilma Aguiar, há um pequeno avanço. Contudo, muito longe do ideal. “É uma questão fundamental para a democracia brasileira. Temos políticas afirmativas desde 1995 e a partir de 97 temos a previsão de 30% de vagas para mulheres serem candidatas. A legislação foi aperfeiçoada ao longo dos tempos. Na eleição de 2018, a Justiça Eleitoral determinou que houvesse correspondência entre o número de candidatos e de financiamento, ou seja, que elas deveriam receber 30% das verbas públicas e tivemos um pequeno aumento nas mulheres eleitas. Em 2014 para 2018 éramos cerca de 12% para quase 16% no Congresso Nacional. Mas, o crescimento é muito pequeno. Quando a legislação foi criada as mulheres representavam cerca de 7% do congresso nacional”, apontou.
Ainda segundo Vilma, há uma série de barreiras que precisam ser vencidas pelas mulheres. Desde a estrutura social, passando pelas questões domésticas, até a estrutura partidária que é, em sua maioria, constituída por homens. “É preciso enfrentar hostilidade no meio público. Tivemos recentemente o caso de assédio de mulheres dentro do próprio parlamento”, analisou. Para ela, esse é um processo de construção que terá repercussão nas próximas gerações. “ O movimento feminista tem ajudado nisso, dizendo que o lugar da mulher é onde ela quiser. Esses lugares são fundamentais para alcançarmos a igualdade. É fundamental, não dá só para ser no plano da cultura, é preciso implantar leis e políticas públicas e isso só é possível no plano institucional”, completou.
Confira o programa na íntegra no vídeo abaixo e não esqueça de anotar na sua agenda: Todas as quarta-feiras, às 11h30, o Quarta Sindical é transmitido ao vivo em FB.com/CUTdoParana e FB.com/BdFPR: