Escrito por: CUT-PR

O avanço do capital sobre o social invisibiliza trabalhadores

A falta de instrumentos sólidos deixa o empregado sem condições de lutar por melhorias

Apesar dos trabalhadores do mundo enxergarem os sindicatos como uma via de escoamento do interesse de classes na perspectiva da melhoria da qualidade de vida, os desafios dos empregados brasileiros são inúmeros. A desconstrução dos atendimentos realizados pelas entidades de classe inseridas dentro dos setores da sociedade nos últimos anos mostrou que há um caminho muito grande a ser percorrido para a reconquista da luta pelos direitos.

O Brasil continua entre os 10 piores países do mundo para se trabalhar, segundo levantamento apresentado pelo Índice Global de Direitos, estudo anual realizado pela Confederação Sindical Internacional (CSI), que analisa o respeito aos direitos dos trabalhadores em 148 países do mundo.

Os dados foram apresentados e debatidos durante a mesa de debates Organização Sindical Estratégia e Sustentação realizada na tarde deste sábado (29), na 15ª edição do Congresso Estadual da CUT Paraná, (CECUT-PR), que está acontecendo na Associação Banestado, localizada na Praia de Leste, no litoral paranaense, pelo doutor em direito pela UFPR e professor de direito do trabalho UFPR, Sandro Lunardi Nicoladeli.

A falta de regulamentação e a instabilidade do emprego provoca uma ansiedade crônica quanto ao futuro do trabalho, a manutenção a renda. O desenvolvimento tecnológico, a falta de apoio jurídico e o desmonte das estruturas de apoio ao trabalhador foram fatores que viabilizaram um enfraquecimento do sistema laboral. “Vivemos em um modelo que tenta ser democrático, mas que está assentado no modelo corporativista”, destacou o professor.

As revoluções industriais mostraram que o capital cresceu de forma rápida na desvalorização do trabalhador. “Em todo lugar que há qualquer tipo de remuneração, o capital vai se aproveitar de quem quer ganhar menos”, destacou o professor doutor diretor do setor de educação da UFPR, Marcos Ferraz.

O educador destaca ainda que ao longo da história do capitalismo, as relações sociais foram rompendo com as outras formas de sociedade, como a família e a vizinhança. “Há uma identificação do trabalho, mas não se identifica com o patrão, tendo um rompimento de identidade local em nome de uma identidade profissional”.


“Uma coisa é eu construir o discurso sindical contra o patrão, outra coisa é quando parte da categoria, seja por um pensamento religioso, homofóbico, racista ou machista se coloca contra um pensamento central”, completou.  Um dos grandes desafios apontado por Ferraz é incorporar essas novas frentes sem perder o aspecto de classe, porque ainda vivemos nessa sociedade capitalista.