Escrito por: CUT-PR
Quarta Sindical desta semana conversou com o reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca e com o pesquisador Emanuel de Souza
Uma vacina paranaense contra a Covid-19. Este foi o tema do Quarta Sindical desta semana que recebeu o reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Marcelo Fonseca e o professor e pesquisador da instituição, Emanuel Maltempi de Souza. Eles explicaram como está o desenvolvimento do imunizante contra o Sars-CoV-2.
O professor e pesquisador Emanuel Maltempi de Souza explicou que, nestas primeiras fases, os resultados estão surpreendendo de forma positiva. “Quando foi injetada em camundongos tivemos uma surpresa: a resposta foi fenomenal, maior que o nível da AstraZeneca/Oxforda induziu em camundongo no mesmo estágio de desenvolvimento”, explicou.
Segundo ele, a tecnologia utilizada é diferente das vacinas mais conhecidas no mercado. “A nossa vacina usa nanopartículas, material não vivo, completamente internet. A AstraZeneca/Oxford usa adenovírus, a Coronovac usa o próprio vírus inativado e a Pfizer usa RNA mensageiro. São plataformas tecnológicas diferentes. A vantagem da nossa é que é simples de ser produzida, todos os insumos são produzidos no Brasil e é barata. Pelos nossos cálculos o valor de cada dose seria uma fração da dose destas outras vacinas”, completou o professor, que também explicou que a produção dos insumos são nacionais.
A vacina da UFPR está ainda no início das fases de testes. Segundo o professor, será necessário ainda avançar nas pesquisas com animais e depois in vitro para então seguir para as próximas fases. São três ou quatro etapas ainda para chegar nas fases clíncias 1, 2 e 3, última etapa antes de solicitar a autorização para uso humano.
O reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, reforçou a importância da universidade neste momento. “Tem gente que diz que os professores não querem trabalhar. Tem gente que diz que a Universidade pública está parada. Mas talvez seja uma das instituições que mais trabalharam ao longo dos últimos tempos foram as universidades, em especial a nossa. As pesquisas não pararam e no que diz respeito à pandemia, a mesma coisa. No Hospital de Clínicas o número de leitos para atender pacientes com Covid não parou de crescer, seja UTI ou enfermaria. É um dos fronts principais de combate pela vida. É o mais hospital público e que está com o maior número de leitos atendendo a covid”, exemplificou.
Além disso, outras pesquisas, como no campo dos testes para identificação de casos positivos, estão em andamento. “No litoral um professor fez uma pesquisa com um teste novo que a aplicação em massa está sendo negociada com o Governo do Paraná com uma tecnologia fácil e barata. Vai ser necessária, inclusive, para o controle no pós-pandemia. Já esta vacina pode ser adaptada para outras situações, como dengue e chikungunya, por exemplo. Precisamos ter plataformas de produção de vacinas de forma permanente. É para agora, mas também é para o futuro”, projetou.
Financiamento – O reitor também revelou, em primeira mão, que a UFPR assinou um convênio com o Governo do Paraná para obter recursos para avançar na atual fase de pesquisa da vacina. “Mas vamos precisar de muito mais. A hora que vencermos as etapas da fase pré-clínica antes de pedirmos autorização da fase clínica para a Anvisa. São quatro a seis meses para chegarmos ao ponto de pedir autorização de fase clínica. Neste ponto o estado foi parceiro. Mas vamos precisar de muitos outros. Quando chegar nas outras fases fica muito mais pesado. A fase 3, clínica, pode chegar a custar de R$ 30 a R$ 50 milhões”, alertou.
Veja na íntegra o programa desta quarta-feira (21) no vídeo abaixo. Você confere mais detalhes sobre a pesquisa relacionada à vacina, a importância da testagem, o papel da universidade no combate à pandemia e parcerias que estão sendo estabelecidas para pesquisa e produção no setor. Não esqueça e anote na sua agenda: o Quarta Sindical é transmitido, ao vivo, toda quarta-feira às 11h30 em nossos perfis no Facebook e no Youtube.