Escrito por: Gibran Mendes, da CUT-PR
Federação denuncia patrões e cobra medidas das autoridades. Está uma barbaridade, diz Ernane Garcia
Aumentam as denúncias de assédio moral feitas por trabalhadores e trabalhadoras contra as indústrias de alimentação do Paraná que querem obrigar seus empregados a votar no candidato dos patrões, Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com os dirigentes da Federação dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação do Paraná (FTIA-PR), que está encaminhando as denúncias para o Ministério Público do Trabalho (MPT), os patrões continuam assediando como se estivessem certos da impunidade.
Na lista que a FTIA-PR encaminhou às autoridades estão desde promessa de recursos financeiros até ameaças de demissões de trabalhadores que postaram sua preferência pelo ex-presidente Lula (PT) nas redes sociais.
“Estamos compilando todos os dados e encaminhando as denúncias ao Ministério Público do Trabalho. Organizamos as centrais em diversas atividades e também tentamos articular ações com as entidades patronais, estas, sem sucesso”, “afirmou o presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller.
É preciso que as punições sejam rigorosas e tenham caráter pedagógico. Não é possível aceitar esse tipo de crime.- Marcio KiellerO presidente da FTIA-PR, Ernane Garcia, destaca que há uma série de problemas acontecendo neste sentido. Sobretudo no interior do Paraná. “Tivemos o caso do assédio da cooperativa LAR, na Região Oeste, que ganhou destaque nos meios de comunicação, inclusive escrevendo carta aos trabalhadores e a sociedade em geral. Fez todo o meio de pressão e assédio em favor do seu candidato”, relata Garcia.
Outro caso aconteceu em Umuarama, na região Noreste. A empresa Zaeli, segundo ele, reuniu os trabalhadores as vésperas do processo eleitoral e levou para dentro da empresa candidatos de sua preferência. “Fizeram ameaças e cometeram assédio eleitoral. Distribuíram camisas e, mais recentemente, realizaram uma nova reunião com todo o tipo de pressão possível, desde que iriam fechar a empresa até que o Brasil viraria uma Venezuela caso o candidato da oposição fosse eleito”, conta.
As denúncias chegam acompanhados com relatos impressionantes e também com vídeos, como o caso de reuniões com os patrões com direito a camisa verde amarela e hino nacional antes de iniciarem os crimes. Uma barbaridade.- Ernane GarciaO caso mais recente aconteceu em Cianorte, também na região Noroeste, na Amafil. “Eles demitiram trabalhadores que divulgavam apoio ao candidato da oposição em suas mídias sociais. Foram chamados para conversar e pediram que eles mudassem de opinião. Os que não mudaram foram demitidos. Apresentamos uma denúncia ao Ministério Público do Trabalho e aguardamos uma decisão que proteja os trabalhadores e também a própria democracia”, cobrou Garcia. Segundo ele, todos os casos que chegam até a federação são imediatamente encaminhados ao MPT.
Nesta quinta-feira (27) uma nova denúncia foi apresentada pela Federação ao Ministério Público de Londrina. Desta vez contra a Brazilian Pet Foods. “A unidade de Arapongas, também no Paraná, reuniu seus trabalhadores e ofereceu vantagens financeiras para que votem no seu candidato. As denúncias não param de chegar e seguiremos dando encaminhamento a todas elas e cobrando as autoridades responsáveis por celeridade no andamento destes processos”, concluiu.