Escrito por: Lia Bianchini, do BdF/PR
Dentro e fora da Assembleia Legislativa do Paraná, população se manifestou contra a proposta de Ratinho Júnior contrária
Por 38 votos a favor e 14 contrários, em uma sessão movimentada, com as galerias da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) lotadas, foi aprovado nesta quarta-feira (23), em primeira votação, projeto encaminhado pelo governador Ratinho Junior (PSD), em regime de urgência, que irá transformar a Companhia Paranaense de Energia (Copel) em companhia de capital disperso (sem acionista controlador).
A proposta também prevê a redução da participação acionária do governo do estado de 31% para, no mínimo, 15%. Na prática, Ratinho Junior vai privatizar a Copel, estatal que fornece energia elétrica na maior parte do estado, ao contrário do que disse no dia 21 de outubro. A segunda votação será em sessão extraordinária, nesta quinta-feira (24).
Nas galerias da Alep, manifestantes vaiaram e gritaram "vergonha", "bandidos" e "rato mentiroso" ao final da votação, empunhando cartazes com a frase "a Copel é nossa". Diante da forte manifestação, a sessão teve que ser suspensa por alguns minutos.
Deputados da oposição fizeram fortes críticas ao projeto do governo, ressaltando a falta de diálogo com a população e a falta de documentos que justifiquem a venda da Copel.
"O governo do estado é acionista majoritário, detém 69,7% das ações ordinárias, que são as que votam. Praticamente 70% da decisão dos destinos da Copel é tomada pelo governo, ele está reduzindo para 10%, entregando 90% para o mercado", alertou o deputado Professor Lemos.
O deputado Tadeu Veneri (PT) apontou a falta de lógica na proposta de venda da empresa, uma vez que o governo do Paraná não está em déficit financeiro. "Qual é a lógica? O governo não está precisando de dinheiro, tanto que teve um superávit no ano passado. A Copel não é deficitária", afirmou.
Estelionato eleitoral
Deputados contrários ao projeto reafirmaram por diversas vezes o "estelionato eleitoral" feito por Ratinho Junior, uma vez que prometeu, em campanha, que não venderia a companhia paranaense.
A deputada Mabel Canto (PSDB) relembrou tal compromisso, expondo ao microfone do púlpito a fala de Ratinho Junior em campanha. "Firmo esse compromisso: a Copel vai continuar sendo dos paranaenses", dizia o então candidato à reeleição.
Após a exposição do áudio de Ratinho, os manifestantes nas galerias gritaram "rato mentiroso".
"A principal razão que nós temos é justamente essa: era um compromisso do governador que não venderia a Copel. Então quer dizer que a palavra do governador não vale nada?", questionou Canto.
Deputados da oposição pontuaram, ao longo da sessão, que consideram inconstitucional o projeto de Ratinho Junior e irão tentar barrá-lo em todas as instâncias cabíveis.