Escrito por: CUT-PR
Especialistas apontam os efeitos de uma eventual venda da estatal
Na última semana, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou a possibilidade de privatização da Eletrobrás. A estatal, responsável pela gestão da energia elétrica no Brasil, é a garantia de abastecimento regular e com preços justos para toda a população brasileira. Caso seja, efetivamente, vendida quais serão as consequências para a classe trabalhadora? Essa foi a principal discussão no Quarta Sindical desta semana.
Para debater o tema, esta edição recebeu o dirigente do Sinergia Santa Catarina e coordenador de Comunicação do Coletivo Nacional dos Eletricitários, Tiago Bitencourt Vergara e o diretor jurídico do Sindicato dos Eletricitários de Foz do Iguaçu (Sinefi), José Gaspar.
Uma das principais consequências imediatas será a mudança no mercado de energia elétrica no Brasil com a divisão entre dois grupos, as grandes empresas, com contratos diferenciados e o segundo de consumidores residenciais e pequenas empresas, que pagarão as maiores contas. Isso sem contar os aumentos recorrentes da própria privatização em si.
“Com o passar do tempo as pessoas passaram a perceber que a luta não é só dos trabalhadores e trabalhadoras do sistema Eletrobrás. Se aumentar a conta de luz, todas as pessoas serão afetadas. O efeito imediato não é um aumento sazonal da conta de luz, quando há algum problema como escassez hídrica. Mas sim um aumento permanente. Quem comprar vai querer saber do seu próprio lucro. Estamos falando de um aumento considerável. Em 2017 a Aneel publicou um estudo que aumentaria em 16%, antes da lei ser aprovada onde se falava neste percentual”, analisa Tiago Vergara.
Contudo, este cálculo ainda está defasado e chegará ainda maior nos boletos de energia elétrica. “Depois da lei aprovada, com a inserção dos jabutis, como construção de usina térmica, com preço médio da energia de 30x do praticado pela Eletrobrás. Quem vai pagar isso serão os consumidores. A privatização prevê a descotização das usinas, em vez de pegar um valor médio de 63 para 230 aproximadamente. Somente aí são quatro vezes o valor na transmissão e geração elétrica. O aumento é o efeito imediato”, completou.
“Empresas privatizadas vão priorizar seu lucro, certamente. Todos sabemos que energia elétrica é um produto especial, não tem concorrência. Vai estar na sua casa e você terá que pagar aquele preço pois é uma necessidade não apenas para o consumidor residencial. Os grandes vão no mercado e compram energia em leilão. Os pequenos não têm essa chance e com certeza pagarão um preço alto. Uma empresa como esta, a maior da América Latina, não estando na mão do governo para regular o mercado, ele, o mercado, colocará o preço que quiser. Não existirá controle. Se estas fossem vendidas por um preço que realmente elas valem já seria um absurdo”,apontou José Gaspar.
Confira o programa na íntegra no vídeo abaixo e veja outras consequências, como possíveis apagões, impactos no meio ambiente e muito mais. Não se esqueça de anotar na sua agenda: Todas as quarta-feiras, às 11h30, o Quarta Sindical é transmitido ao vivo em FB.com/CUTdoParana e FB.com/BdFPR e nas páginas parceiras que retransmitem o Quarta Sindical.