Escrito por: APP-Sindicato

Governo do PR ameaça fechar e transferir colégio em Colombo; comunidade resiste

De acordo com a direção, a escola será transferida para a região do Guaraituba, a cinco quilômetros de distância

Reprodução/Google Street View

A comunidade escolar do Colégio Estadual Djalma Johnsson, localizado em Colombo, está correndo contra o tempo. No último dia 31 (terça-feira),o Núcleo Regional da Educação Da área Metropolitana Norte anunciou que, por determinação da Secretaria de Estado da Educação (Seed), o Djalma será fechado e transferido após 16 anos de funcionamento no bairro Rio Verde.

A notícia pegou pais, mães e responsáveis de surpresa, principalmente porque a escola é considerada referência na região, pela localização e aulas extracurriculares, como é o caso do Taekwondo que já garantiu títulos estaduais para o colégio.

De acordo com a Seed, a escola será transferida para a região do Guaraituba, cerca de 5 quilômetros de distância, em um espaço onde funcionava uma escola particular.

Mãe de uma estudante da unidade, Angelita Amaral Paz conta que durante a reunião em que a mudança foi anunciada, a maioria dos pais deixou a sala de conferência em repúdio à decisão autoritária da Seed. 

“A maioria dos pais quando percebeu que foi uma decisão pronta, se retirou com raiva da reunião, outros foram saindo, porém até o final houve muitos protestos e falas contra a troca de bairro. Caso a mudança se concretize, precisaremos tentar uma vaga no Alfredo Chaves, porém é uma escola cívico-militar e eu não queria, o horário é muito estendido”, explica Angelita. Ela aponta ainda que pais que não podem fazer o transporte para o Taekwondo terão os(as) filhos(as) impedidos(as) de continuar no projeto.

Já Nara da Silva Cordeiro, mãe de um estudante com TDHA, aponta que a mudança é uma derrota não só para os(as) estudantes, que recebem uma educação de qualidade, mas também para toda comunidade, já que projetos sediados na unidade auxiliaram a todos(as) na região.

“A mudança atrapalha muito no nosso dia a dia, pois meu filho tem TDAH, faz o contra turno, participa do projeto do Taekwondo, que o ajuda muito no desenvolvimento. Eu não tenho carro, então terei muita dificuldade com deslocamento dele para fazer essas atividades. O fechamento da escola é uma grande derrota para comunidade, pois sobrecarrega as outras escolas, não teremos os mesmos cuidados e atenção que nos são dados por toda equipe da escola Djalma”, conta Nara.

A gestora de contas Pâmela Martins, também mãe de estudante do Djalma, ressalta que a mudança gera uma grande insegurança, já que as escolas próximas à sua residência já não têm vagas.

“A única opção dada pela Seed seria ir para esse novo local, a mais de 5km da minha residência. As outras escolas próximas já não possuem vagas. Trabalho o dia todo e penso na segurança da minha filha ao estudar em uma escola tão distante. Além dela participar do projeto de Taekwondo da escola há dois anos, com esta distância não sei se esse projeto continuará”, completa.

Segundo a Seed, a mudança se dará porque o espaço onde a escola está sediada é alugado e, por isso, obras de reparo não podem ser realizadas no local. 

Em resposta à tentativa de fechamento da escola, pais e mães montaram um grupo para colher assinaturas e tentar evitar o fechamento. Uma mobilização também está marcada para a próxima quinta-feira (9), às 16h30, onde os responsáveis devem cobrar o não fechamento da escola. 

“Formamos um grupo de pais e comunidade para que possamos agir e fazer barulho. Vamos realizar uma manifestação nesta quinta-feira, com carros de som, distribuição de panfletos e abaixo assinado. Também entramos em contato com vereadores e prefeitos. Todos os pais e comunidade estão juntos nessa luta”, reforça Pamela Martins.

Fechamento de escolas

O Colégio Djalma Johnsson não é o único que enfrenta problemas com a Seed. No último mês, a gestão de Ratinho Jr. deu início ao fechamento de turmas, turnos e modalidades como a EJA em todo o estado. 

A APP-Sindicato também tem recebido diversos relatos sobre o encerramento de turmas do ensino noturno, fato que pode atingir os(as) estudantes que mais precisam da escola pública; aqueles(as) que trabalham durante o dia e não têm condições de frequentar outro turno.

Essa imposição do governo faz parte de uma escolha política da gestão Ratinho Jr. que, ao invés criar ações para incentivar jovens e adultos que não concluíram os estudos a retornarem para a escola, têm criado dificuldades para que essa população acesse o direito à educação assegurado na Constituição.

Educação é um direito da sociedade e um dever do Estado, que tem a obrigação constitucional de garantir o acesso e a permanência a todos(as). Por isso, a APP preparou algumas orientações para ajudar a comunidade escolar a se organizar e defender esse direito. Confira abaixo as orientações da APP-Sindicato:

 

Se a sua escola está sob ataque, saiba como resistir:

  1. Organize a sua escola

Convoque toda a comunidade escolar, o grêmio estudantil e, se possível, lideranças e políticos(as) locais para uma reunião. Debata os prejuízos do fechamento e faça uma ata com a decisão da comunidade. Utilize dados e informações que justifiquem a permanência do período noturno. Colete a assinatura de todos(as) os presentes.

  1. Faça-se ouvir

Organize um abaixo-assinado a partir da ata para que todos(as) possam manifestar apoio. Organize uma comissão e leve o documento ao Núcleo Regional de Educação, Ministério Público, Prefeitura, Câmara, Conselho Tutelar e outros órgãos. Acione a imprensa local e faça barulho nas redes sociais.

  1. Conte com a APP

Procure o Núcleo Sindical da APP-Sindicato da sua região. Envie informações e a ata para APP estadual pelo e-mail educacional@app.com.br. Nas redes sociais, marque a gente: @appsindicato