Escrito por: Gibran Mendes, da CUT-PR
Governador do Paraná propõe 3% de reajuste para categorias que amarga um percentual de mais de 30% de defesagem salarial
Em uma agenda pelo interior que mais parece de campanha para reeleição, o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), visitou nesta sexta-feira (4) a sede do Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR) e anunciou o lançamento de obras na região. Em vez de aplausos e uma recepção calorosa, o chefe do executivo estadual encontrou uma manifestação de servidores públicos em luta por reposição salarial e melhores condições de trabalho. Os professores lutam também por melhores condições de trabalho e denunciam a privatização do ensino técnico no Estado.
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O protesto desta sexta foi, principalmente, contra a defasagem salarial que acumula 30% de perdas e acabou com o poder de compra dos servidores. Só em 2021, a inflação encerrou o ano com a taxa de 10,06%. Mesmo assim, Ratinho Júnior anunciou reajuste de 3% como um grande feito de sua gestão.
Entre os manifestantes estavam professores e funcionários de escolas da rede pública estadual e também das universidades públicas estaduais, policiais, trabalhadores do próprio IDR e outras categorias que foram fortalecer o ato, como bancários da região.
Eunice Miyamoto“O governo continua nos devendo e não demonstra em interesse em pagar. Mas também estamos aqui para denunciar a precarização e desmonte na educação pública do Estado", disse a professora e representante do núcleo regional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), Luciana Sumigawa.
"Ratinho está implantando curso técnico, com professores e monitores contratados por uma instituição privada, que assumirá o ensino técnico. Essa precarização afetará tanto para professores quanto os alunos do ensino público que precisam de qualidade”, completou a professora.
“Notadamente o descontentamento dos servidores públicos com Ratinho Júnior aumenta a cada dia que passa. Há promessas de diálogo franco sem que haja um espaço de negociação com as entidades que os representam e, ao mesmo tempo, mente para a mídia. Uma fórmula explosiva para ampliar ainda mais a rejeição existente na categoria", destacou o secretário de comunicação da CUT Paraná, Vandré Silva, que também é presidente do Núcleo Metronorte da APP-Sindicato, que representa trabalhadores e trabalhadoras de 14 municípios da região metropolitana de Curitiba.
"Ratinho pode ter a certeza que esse foi apenas o começo de um ano marcado por mobilizações contra esse tripé: descaso, promessas vazias e mentiras”, alertou Vandré.
“Nós, bancárias e bancários da região de Londrina, somamos forças nesta manifestação de fundamental importância. A classe trabalhadora é quem depende do serviço público, do ensino gratuito fornecido pelo Estado. Como nossos filhos e filhas terão educação de qualidade quando há precariedade na contratação de professores? Com salários defesados? Situação ainda mais grave com a privatização do ensino público. Por estas e outras é que precisamos dar um basta em Ratinho Júnior e seu projeto de entrega do patrimônio público, seja ela material ou imaterial, à iniciativa privada”, apontou a secretária da mulher da CUT Paraná e dirigente do Sindicato dos Bancários de Londrina e Região, Eunice Miyamoto, que participou do ato.