Escrito por: CUT PR
Quarta sindical recebeu a coordenadora do SindiSaúde, Olga Stefânia e o médico Mário Lobato
As vacinas contra a Covid-19 estão aprovadas. Mas e agora? Esta foi a pauta do Quarta Sindical desta semana. A coordenadora do SindiSaúde, Olga Stefânia e o médico Mário Lobato, participaram do programa ao lado dos apresentadores Márcio Kieller e Ana Carolina Caldas para debater o futuro do programa de imunização no Paraná.
Atualmente o Paraná tem 528.624 casos confirmados e 9.510 mortes pela Covid-19. O último boletim divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), nesta terça-feira (26), mostraram 6.815 novos casos e 81 mortes. Os dados de internação mostram que 1.327 pacientes estão internados, sendo 681 em leitos de Unidade Terapia Intensiva (UTI).
Este cenário reforça ainda mais a importância da vacinação. Contudo, as expectativas não são animadoras. A coordenadora do SindiSaúde, Olga Stefânia, avalia que o número de doses ainda é irrisório comparado com a necessidade real do Paraná. “Precisamos dividir as doses que chegam por dois, afinal são necessárias duas doses para imunizar uma pessoa. O Paraná tem 11 milhões de pessoas, sendo que mais de 4 milhões estão nos grupos prioritários. Então, no total, com estes primeiros lotes serão imunizadas 195 mil pessoas. Isso significa 4,83% da população prioritária. Nossa preocupação é com relação a morosidade com quem as vacinas chegam ao Paraná e seria 2% da população a ser vacinada no escalonamento”, apontou.
O médico Mário Lobato, com longo histórico de trabalho na saúde pública, tanto na rede estadual quanto no Ministério da Saúde, criticou a comunicação do Governo Federal no que diz respeito à vacinação e também à própria doença. “O plano de imunização é razoável, mas tem problemas sérios na comunicação. (Bolsonaro) Fala mal da máscara, da vacina, fala da 'gripezinha' e o governo federal não tem a menor condição de fazer uma campanha institucional. Quando se coloca alguma coisa mais séria imediatamente vem uma contra-ordem do palácio do planalto para retirar do ar”, comentou.
Segundo ele, estas falhas resultam ainda em outro problema, que é a quebra de um dos pilares do SUS, que é a universalidade do sistema de saúde. “ O fato de falharmos miseravelmente neste aspecto e o Governo Federal falhar na aquisição das vacinas abre uma brecha terrível para o setor privado entrar na história. As clínicas querem comprar vacina, um grupo de empresários quer comprar 30 milhões de doses que parece que no fim não sobraram. O Governo Federal disse para ficar metade com a iniciativa e a outra metade para o Governo Federal. Eles continuariam com sua produção e nós patinando para imunizar a população. A questão da universalidade do SUS está sendo quebrada. Estamos no caminho de que eles pulem fora da fila de vacinação, que sejam imunizados primeiro, sintam-se seguros e com isso há a quebra do isolamento social”, completou.
Olga Stefânia ainda criticou a falta de transparência do Governo do Estado nas negociações com Rússia e China para o desenvolvimento de vacinas. O acordo de cooperação, divulgado como uma grande conquista, não resultou em uma vacina sequer produzida no Paraná. O que aconteceu com estas tratativas? Por que não se deu publicidade ao procedimento? Por que não deu certo? Por que não resultaram em testes para produção no Paraná? Temos três instituições com capacidade. A pergunta que fazemos é a seguinte: O que aconteceu, Governador? Por que não dá publicidade para esse processo frustrado de negociação? Nós precisamos saber”, enfatizou. Olga ainda criticou duramente a tentativa de forçar o retorno às aulas presenciais no Estado. “A retomada das aulas sem que coloque os trabalhadores e trabalhadoras das escolas como população prioritária é uma decisão extremamente irresponsável. Isso não pode acontecer”, garantiu.
Confira na íntegra a edição no vídeo abaixo e não esqueça de anotar na sua agenda. Todas as quarta-feiras, às 11h30, o Quarta Sindical será transmitido ao vivo em FB.com/CUTdoParana e FB.com/BdFPR: