Escrito por: CUT-PR

Um de nós: Renato Freitas é eleito deputado estadual com 57.880 votos

Em cinco dias o vereador tomou posse após retomar mandato na Câmara de Vereadores e ainda foi eleito deputado com votação expressiva

Gibran Mendes

Após ter seu mandato cassado pela Câmara de Vereadores de Curitiba (PR) em um longo processo que envolveu racismo, conchavos políticos e até a participação de agitadores bolsonaristas, Renato Freitas (PT) deu a volta por cima e, além de ter recuperado o mandato no Supremo Tribunal Federal (STF), foi eleito deputado estadual com 57.880 votos.

O caminho não foi fácil. Renato Freitas precisou brigar na Justiça para garantir seu mandato de vereador e o direito de concorrer à uma vaga na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). A luta valeu a pena.

Dias antes da eleição, no dia 23 de setembro, o do ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal (STF) restabeleceu o mandato do vereador de Renato Freitas. Citando o advogado Silvio de Almeida, o ministro afirmou que o rito aplicado ao processo de perda de mandato ocorreu no contexto de um país em que o racismo é estrutural, ou seja, é um elemento que integra a organização econômica e política da sociedade. E no domingo Renato Freitas foi eleito deputado estadual.  

"A eleição do companheiro Renato Freitas representa, evidentemente, uma vitória pessoal, mas também a vitória da luta antirracista e da luta em defesa dos trabalhadores e das trabalhadoras”, afirmou o presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller.

Segundo ele, a justiça foi feita. “Renato não cometeu crime. Foi perseguido na Câmara de Vereadores e teve seu mandato injustamente cassado. Nós, da CUT Paraná, estivemos ao seu lado e seguiremos caminhando juntos".  

O slogan de Renato Freitas - 'um de nós' - representou o apoio de comunidades da periferia e também de pessoas negras. A mesma briga garantiu a ele o retorno à Câmara de Vereadores de Curitiba após a polêmica envolvendo um ato antirracista e em protesto contra as brutais mortes de Moïse Mugenyi e Durval Teófilo Filho.

“Com a eleição de Renato Freitas para deputado estadual fizemos história neste Estado. Um negro periférico e perseguido injustamente resiste e tem o reconhecimento popular sendo eleito. Essa vitória é muito importante para todos os negros e negras para todos aqueles que são engajados na luta antirracista”, avalia o secretário de combate ao racismo da CUT Paraná, Luiz Carlos dos Santos.

“O grande compromisso é olhar para a pauta daqueles que estão à margem e daqueles que nem sequer fazem parte das estatísticas. O Renato e seus eleitores tornam-se uma estratégia imprescindível para elegermos Lula no segundo turno para que em consonância com o governo federal nós possamos traçar políticas aqui no estado de inclusão e de reconhecimento da população negra e periférica”, completou.

E como disse a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) sobre os parlamentes golpistas "a história será implacável com eles" como aconteceu no Paraná. Um dos principais articuladores da cassação de Renato Freitas, o vereador Pier (PP), foi candidato a deputado federal e fez menos da metade dos votos do agora deputado estadual eleito. Foram 27.215 contra os 57.880 de Freitas.

Deu ruim

Além da eleição de Renato Freitas, a estudante Ana Júlia Ribeiro (PT) também foi eleita para o legislativo paranaense com 51.845 votos e tornou-se a mais jovem deputada da história no Estado. Além dela, a, Carol Dartora, a primeira vereadora negra eleita em Curitiba, conquistou sua vaga na Câmara Federal. Desta forma, Ângelo Vanhoni (PT) e Giorgia Prates (PT) assumem as vagas que ficarão em aberto a partir da próxima legislatura.

 Giorgia Prates, inclusive, será a primeira vereadora assumidamente LGBTQIA+, além de ter a luta antirracista como uma de suas principais pautas. Renato Freitas caiu para cima e de quebra a Câmara de Curitiba ganhou dois novos legisladores comprometidos com a pauta da classe trabalhadora.