Escrito por: CUT-PR

Uniformes rasgados e transparentes: a realidade das escolas cívico-militares do PR

Situação é ainda mais incômoda para as meninas, que receberam camisetas rasgadas e transparentes. Para APP-Sindicato, governo revela desdém, desrespeito e desconsideração com os estudantes da escola pública

Jonathan Campos / AeN
Bolsonaro e Ratinho Júnior: projetos e parcerias sem fim

Alunos e alunas das escolas cívico-militares da Rede Pública de Ensino do Paraná estão recebendo uniformes rasgados e transparentes. A denúncia sobre a baixa qualidade da malha, que constrange especialmente as meninas pela transparência, foi publicada no jornal O Estado de São Paulo, que destaca o fato da entrega dos materiais ter ocorrido com a presença do governador Ratinho Júnior, em Umuarama, na região Noroeste do Estado. Na ocasião, uma foto publicada, mostra uma aluna com a roupa descosturando na altura da axila.

“Este projeto, uma das meninas dos olhos de Ratinho Júnior, um bolsonarista de primeira mão, acaba mostrando seus primeiros resultados. Já tivemos denúncias, inclusive, de assédio sexual contra jovens. Agora é a qualidade do uniforme. Uma lástima”, critica o presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller.

Segundo a matéria assinada pela jornalista Julia Afonso, a lista de problemas passam desde a malha fina, que torna-se transparente, passando pelo tamanho das roupas que geram bullyng porque as crianças não podem escolher seu número, até a facilidade para descosturar o tecido.

“Essa questão dos uniformes para as escolas cívico-militares mostra a forma como o Governo Ratinho Jr encara a educação pública no Paraná. É um processo que direciona recursos públicos para setores privados, sem transparência, deixando muitas possibilidades de questionamentos e despertando muita desconfiança sobre o uso adequado do recurso público",  afirmou a Secretária-Geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), Vanda Santana.

A falta de qualidade desses uniformes revela o desdém, desrespeito e desconsideração com os estudantes da escola pública, pois eles acham que para filhos da classe trabalhadora qualquer coisa serve.- Vanda Santana

De acordo com a dirigente, além de fornecer uniformes de baixa qualidade, a diferença no tratamento entre alunos da rede pública estadual também é um problema em si. “Outro aspecto da questão é ceder uniformes escolares apenas para parte dos estudantes das escolas públicas. É um financiamento direcionado para um grupo de escolas, para um grupo de estudantes e isso fere o direito a ter condições igualitárias de acesso e de permanência nas escolas".

"Nas escolas que não são cívico-militares, os estudantes precisam pagar os seus uniformes. Temos a avaliação de que esse modelo militarizado não serve para a educação básica. Queremos uma escola aberta, plural, democrática, que respeite a diversidade social e cultural dos estudantes e que valorize o conhecimento científico”, completou Vanda Santana.

Investigação – O Ministério Público abriu, no último dia 5 de outubro, um inquérito civil para averiguar eventuais irregularidades no processo licitatório que resultou na compra dos uniformes. O valor total foi de R$ 45,6 milhões. Ainda segundo a reportagem de Julia Affonso, há suspeita de direcionamento cuja empresa vencedora foi a Triunfo Comércio e Importação, que levou os três lotes licitados pelo Governo do Paraná.

A reportagem lembra, ainda, que esta empresa tem como sócios os mesmos proprietários da Nicaltex Têxtil, que foi condenada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em junho deste ano. Eles foram investigados, justamente, por formação de cartel na área de vendas de uniformes escolares para o setor público.