Escrito por: CUT Paraná
Promessa de pagar dívida pública não foi cumprida e valor só aumentou; vendas ocorreram por valores irrisórios
Nesta sexta-feira (9) foi ao ar o segundo de três episódios da websérie sobre os 20 anos da privatização do Banestado. O atual presidente da FETEC, Deonísio Schmidt, a ex-funcionária Sirlei Fernandes e a ex-conselheira de administração do banco, Zinara Marcet Nascimento, conversaram com o presidente da Central, Márcio Kieller, sobre os bastidores da venda do banco, compararam a década de 90 com o atual cenário e as empresas do conglomerado do Banestado.
O atual presidente da FETEC, Deonísio Schmidt, fez fez um comparativo da década perdida, em 1990, quando boa parte do patrimônio público brasileiro foi privatizado. “O Fernando Henrique Cardoso (FHC) prometia pagar grande parte da dívida pública brasileira com as privatizações. Ele entregou 76% do patrimônio público federal e no final dos seus oito anos de mandatos multiplicou a dívida pública consolidada por 10. Assumiu com R$ 105 bilhões e entregou com R$ 1 trilhão”, enfatizou.
Ainda segundo ele, as privatizações que acompanharam o movimento de venda do Banestado, não só não pagaram as dívidas prometidas, como obedeceram apenas o interesse de transferência de patrimônio do estado para o capital privado. A lógica se repete neste década. “O ministro da economia, o Paulo Guedes, transferiu parte do capital do Banco do Brasil para o BTG, que ele mesmo fundou e ainda é tutor. Foram repassados por R$ 370 milhões, numa lógica absurda que precisa ser investigada e criminalizada. O próprio BTG estima recuperar R$ 2 bilhões destes créditos”, completou. Schmidt ainda analisou a situação da venda de subsidiárias do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
A ex-funcionária e representante dos trabalhadores no conselho de administração do banco, Zinara Marcet de Andrade, avaliou os aspectos que, segundo ela, contribuíram para o processo de privatização. “O Banestado era uma excelente mercadoria. Bom, bonito e barato. Com quase 72 anos, já tinha uma marca consolidada. A segunda questão foi que a partir dos anos 90 chega no Brasil e com mais intensidade a concepção de estado mínimo e isso vai ficando cada vez mais forte. O terceiro aspecto que contribuiu muito para a privatização foi o convencimento dos paranaenses que privatizar era a melhor coisa que poderia acontecer para o Paraná”, afirmou.
O banco chegou a ter cerca de 15 mil empregados, quase 500 agências, inclusive em Nova York e um imenso patrimônio. “Arecadava tributos, recebia recursos das folhas de pagamento, tinha um patrimônio com obras de artes no Museu Banestado. Isso tudo fez encher os olhos dos possíveis compradores. Um conglomerado, que depois foi banco múltiplo, tinha a Banestado Reflorestadora, área de crédito imobiliário, sem falar nas empresas do banco”, completou.
Ex-funcionária do banco, Sirlei Fernandes, recordou as tentativas de lutar contra a privatização. Segundo ela, um dos pontos mais difíceis era o convencimento da importância do banco, tanto para os trabalhadores e trabalhadoras, quanto para a população. “Os funcionários não colocavam o pé no chão para ver o que aconteceria. As lideranças circulavam pelos corredores, indo de mesa em mesa nos locais de trabalho, dizendo que se o banco fosse vendido eles seriam demitidos. As pessoas banalizaram essa situação. Diziam que bons funcionários não seriam demitidos. Era muito difícil lidar com o ceticismo do funcionários e também da própria sociedade. Para vencer a luta contra a privatização era preciso que a sociedade encarasse o banco público como essencial. Essencial para o desenvolvimento do Estado e a população não compreendia desta forma”, avaliou.
O presidente da CUT Paraná, Márcio Kieller, que foi funcionário do Banestado, reforçou a importância do registro histórico da série, também, como forma de entender o presente e projetar o futuro. “Estamos em meio de um processo de privatização e a tentativa de entrega do que sobrou das estatais. A Reforma Administrativa segue este caminho e vai atacar o funcionalismo público como um todo. Do outro lado, temos tentativas incessantes de vender empresas lucrativas como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e os Correios. São empresas que serão entregues por valores menores do que os seus lucros anuais. A websérie cumpre esse papel de resgate de uma história mas também como um alerta para o que acontece no Brasil neste momento. Por isso, não perca, na próxima sexta-feira (16), às 11h, o último capítulo”, projetou.
No episódio de hoje você também confere as situações internas, as relações entre os funcionários do banco, áreas de atuação e empresas do banco, a história da Associação Banestado e muito mais. A websérie sobre os 20 anos da privatização do Banestado é uma promoção da CUT Paraná com o apoio da FETEC e do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região. Não perca, na próxima sexta-feiras, às 11h, o último episódio da série que será transmitido ao vivo pela nossa página no Facebook e no YouTube.
Confira o programa na íntegra no vídeo abaixo: