Agora é rua, agora é redes!
Publicado: 20 Outubro, 2022 - 00h00
Estamos em meio a um conturbado processo eleitoral, em que o que menos se vê é apresentação de propostas. De um lado porque não há propostas e de outro porque é obrigado a ficar respondendo às fake news, isso reduz seu espaço para a apresentação de suas propostas. E daí quem perde são as pessoas que esperavam ver propostas sendo apresentadas para poderem pesar entre o que têm e o que poderiam ter.
No entanto, nós democratas e militantes do movimento sindical e popular somos os que mais sofremos com o cenário, pois necessitamos esclarecer a sociedade da necessidade de resgatarmos nossos direitos e lutar pela construção de uma nova política de valorização do salário mínimo, um salário que reestabeleça a dignidade das trabalhadoras e trabalhadores, que traga novamente a possibilidade de termos e podermos fazer três refeições por dia.
Estamos diante de um cenário que nos coloca diante de uma encruzilhada histórica entre a civilidade e a barbárie. Sim, é isso: a barbárie! Pois se o desgoverno Bolsonaro imperar é isso que teremos. Seremos massacrados pelo sistema sem possibilidade de nos organizarmos e lutarmos pelo que historicamente lutamos que são nossos direitos. E é isso que tem feito com que muitas pessoas e personalidades políticas se posicionem pelo lado da civilidade declarando o voto em ao ex-presidente Lula, por entenderem que esta eleição pode ser um plebiscito para a instalação de um regime ditatorial baseado no autoritarismo e na vontade individual do atual presidente em desrespeito às pessoas e às minorias, aos grupos LGBTQIA+, aos indígenas, quilombolas e também às mulheres, negros e jovens. O atual desgoverno Bolsonaro promove o empoderamento da milícia e dos grandes grupos de empresários que esperam que o desgoverno Bolsonaro aprofunde a retirada de direitos. Afinal, atendendo a poucos grandes empresários que acreditam, pasmem, acreditam que as brutais retiradas de direitos que a reforma trabalhista implementada pelo Congresso Nacional durante o governo do ilegítimo governo de Temer, que tomou através de um golpe o lugar da honesta e honrada presidenta Dilma Rousseff, fez, foi muito tímida e retirou poucos direitos da classe trabalhadora e deveria retirar muito mais.
A lógica elitista do desgoverno Bolsonaro encontra guarida na postura de poucos grandes empresários que apostam num governo que implemente a lógica do estado mínimo, que deixa os trabalhadores sem a opção a ter empregos dignos e com direitos, mas colocam nas costas das trabalhadoras e trabalhadores o fardo da sobrevivência de ter de se sujeitar ao trabalho em condições precárias, de baixa remuneração e com jornadas exaustivas.
Então, agora é o momento de colocarmos o bloco na rua e mudarmos essa situação. É a hora de trazermos de volta as esperanças às trabalhadoras e trabalhadores de voltarem a sonhar com os melhores anos que tivemos durante os governos democráticos e populares de Luís Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, onde e quando precisávamos ter organização e sindicatos fortes para pressionar os governos para obter as conquistas e avanços em nossas pautas, mas ao menos não tínhamos sobre nós o peso da política de perseguição a nossa organização e das práticas antissíndicais dos empresários que inviabilizam em partes a nossa resistência.
Nesse sentido é que as Centrais Sindicais apresentaram o documento da Plataforma da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, a CONCLAT, para as eleições de 2022 que faz um importante diagnóstico e aponta uma série de propostas com o viés classista para que possamos ter respeito e diálogo com o governo democrático e popular, que esperamos saia das urnas, e a oportunidade de lutarmos para ter nossas reivindicações atendidas. Somente assim é que teremos perspectivas de poder voltar a empodeirar as trabalhadoras e trabalhadores e a sua classe. Voltar a poder sonhar com uma política de valorização do salário mínimo, de políticas públicas, de programas sociais e de revogação da perda de muitos dos nossos direitos que nos foram retirados durantes as terceirizações sem limites, das reformas da previdência e da reforma trabalhista.
É por isso que todas as centrais sindicais brasileiras foram uníssonas em dizer que “Agora é Lula!”, porque compreendem que a única possibilidade de sermos respeitados enquanto classe operária é com a volta do nosso ex-presidente Lula ao Planalto. E a partir de agora todos os nossos esforços serão para que possamos consolidar a eleição do Presidente Lula, pois nele estão guardadas, estão depositadas todas as esperanças da classe trabalhadora, ou seja: eleger o presidente Lula novamente é a única alternativa viável contra a barbárie da sociedade e contra a prática de viés fascista do desgoverno Bolsonaro!
E isso somente será possível se nós da classe trabalhadora compreendermos nossa tarefa histórica neste momento fundamental da história política brasileira, compreendermos que está em nossas mãos essa mudança. Afinal, nós da classe trabalhadoras somos a maioria esmagadora do povo brasileiro. Por isso precisamos trabalhar neste sentido, de empoderar aquelas e aqueles que são invisibilizados socialmente, mas compõem a maioria da população. Chega de nos dobrarmos aos patrões, chega de nos dobrarmos aos mais ricos, queremos nossa independência de classe, queremos poder escolher nossos destinos, nossos direitos. Queremos a possibilidade de poder sentar à mesa com os patrões e livremente definir nossas conquistas, manter nossos benefícios, manter nossa dignidade de trabalho, de poder ir todas as manhãs com a cabeça erguida para nossos trabalhos com a certeza que dele tiraremos o nosso sustento com dignidade e não com exploração e retirada dos nossos direitos.
Por isso é que temos a missão imperativa de enquanto classe social saber que votar em Lula é nossa garantia de romper as amarras históricas de classe, onde sempre fomos explorados e tivemos nossos direitos diminuídos com a desculpa dos patrões e o discurso do desgoverno Bolsonaro de que não poderíamos ter as duas coisas: trabalho e direitos. Muito pelo contrário, exigimos enquanto classe trabalhadora ter empregos decentes, dignos, que nos enobreçam enquanto trabalhadoras e trabalhadores, para que tenhamos a sensação de que estamos dando nossa contribuição para que a sociedade funcione como tem que funcionar, de forma democrática e inclusiva, para que todas e todos se sintam cidadãos e possam buscar um futuro melhore para si e para os seus, suas famílias e colegas de trabalho. Por todos esses motivos expostos é que queremos bradar alto em bom som, a todas e todos que agora é a hora de irmos para as ruas, para as redes e reafirmarmos que agora é Lula!
Sim, isso mesmo: que agora é Lula para que possamos voltar a ter esperanças enquanto classe trabalhadora e sermos felizes, com dignidade em nossos trabalhos e com direitos, sem que paire em nossas cabeças o medo e a desesperança de um regime conservador, autoritário e retrógrado!
Portanto, Agora é Rua! Agora é Redes, Agora é Lula!
Márcio Kieller é Presidente da Central Única dos Trabalhadores do Paraná – CUT/PR e Mestre em Sociologia Política pela Universidade Federal do Paraná – UFPR.