CUT Paraná: 40 anos de histórias, lutas e conquistas da classe trabalhadora paranaense
Publicado: 14 Abril, 2025 - 00h00 | Última modificação: 15 Abril, 2025 - 12h14
Hoje, dia 14 de abril, a Central Única dos Trabalhadores do Paraná completa seus 40 anos de existência. Sempre à frente das lutas organizadoras dos coletivos de federações e sindicatos a ela filiados. Durante essas quatro décadas de atuação, foram muitas lutas, percalços e perseguições a dirigentes. Mas também foram muitas vitórias organizativas, que trouxeram o respeito e a reverência que muitas entidades sindicais têm pela nossa central. Inclusive, diversas das centrais sindicais do Paraná se originaram das "costelas CUTistas", pois aproveitaram o momento da legalização das centrais em 2008 para se organizarem no estado, assim como aconteceu nacionalmente. Sim, foi desta forma que muitas centrais sindicais que existem hoje se formaram, saindo de dentro da CUT para um novo momento, onde as centrais sindicais teriam organização, voz e peso político.
Hoje, a CUT Paraná tem a responsabilidade política, por ser uma das maiores centrais sindicais do Paraná, de construir a unidade política das centrais em temas que são fundamentais para a classe trabalhadora. Por exemplo, é fruto da organização e luta das centrais junto com a CUT que temos o maior salário mínimo regional do país. E também é fruto da construção desta unidade, junto ao Ministério Público do Trabalho, um Fórum de Liberdade Sindical que acompanha, denuncia e resiste às práticas antissindicais dos patrões e dos gestores do serviço público.
Internamente, hoje a CUT Paraná é composta por seis federações e mais de 184 sindicatos espalhados pelo estado inteiro, estando presente em 17 ramos de atuação da classe trabalhadora pelo estado do Paraná. Com uma presença muito forte e organizada dos funcionários públicos, em especial dos professores do ramo público do estado, representados pela APP/Sindicato. Mas estamos presentes também nos seguintes ramos: 1. Agricultura Familiar, 2. Comerciário, 3. Comunicação, 4. Construção Civil, 5. Construção Pesada, 6. Financeiro,7. Metalúrgico, 8. Petroquímica, 9. Químico, 10. Ramo da Alimentação, 11. Ramo da Educação, 12. Ramo Público Municipal, 13. Ramo Público Estadual, 14. Ramo Público Federal, 15. Saúde Privada, 16. Transportes, 17. Urbanitário
Do ponto de vista da nossa história política, as quatro décadas de existência da CUT fizeram com que ela fosse atriz importante nos principais momentos de luta política pela manutenção de direitos dos trabalhadores, de forma direta, atuação junto aos ramos de atividade, para garantir que não houvesse diminuição de salários e benefícios. Bem como sempre atuou junto à sociedade para que não houvesse perda de direitos sociais conquistados há décadas, frutos das lutas das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros.
Enfrentamos o fim do processo de ditadura, quando fomos às ruas em 1984 pedir "Diretas Já" para presidente. Brigamos e participamos de forma ativa das mobilizações pela Constituinte, o que colaborou de maneira significativa para que tivéssemos a promulgação da Constituição de 1988, a Constituição Cidadã. Participamos ativamente das campanhas de impeachment pelo "Fora Collor", presidente corrupto que assumiu o primeiro governo democraticamente eleito.
Em 1993, participamos organizadamente do plebiscito pelo regime de governo que deveria imperar no Brasil: Presidencialismo ou Parlamentarismo. Lutamos ativamente contra a ALCA, sistema de bloco econômico que os EUA insistiam em colocar "goela abaixo" da América Latina.
Sempre com papel protagonista, participamos de todas as campanhas eleitorais, em muitas delas apresentando a Plataforma da Classe Trabalhadora para as eleições. Nessas plataformas, sempre destacamos a prioridade em valorizar o salário mínimo, os programas sociais e as políticas públicas que fossem direcionadas para aqueles que mais precisam do Estado presente em suas vidas.
Ao longo desses 40 anos, estou à frente da CUT Paraná há alguns anos, sempre com a perspectiva de classe na busca pela organização das nossas entidades. Dois desses anos passados por uma dura pandemia que nos impediu de estarmos no dia a dia dos sindicatos. Mesmo assim, buscamos construir instrumentos que nos aproximassem. Criamos o programa "Quarta Sindical", que possibilitou que todas as quartas-feiras pudessem entrar nos sindicatos e também aproximá-los num momento em que a Covid exigia que estivéssemos longe uns dos outros.
Temos muitos desafios pela frente, principalmente no que diz respeito à manutenção da democracia. Vivemos tempos difíceis em que nossa democracia está ameaçada. Precisamos nos organizar e resistir para manter nossas conquistas e direitos, mas principalmente para garantir a sobrevivência dos sindicatos e do próprio movimento sindical, pois a ofensiva já mostrou sua cara e foi derrotada nas urnas, mas ainda sobrevive como uma corrente do mal, que tem como objetivo acabar com a organização dos trabalhadores, para oferecer aos que vivem da exploração um paraíso para contratar trabalhadores.
Exploração essa que para a classe trabalhadora é um cenário desastroso, com a total retirada de direitos, rebaixamento de salários, buscando colocar a classe trabalhadora novamente em condições de servidão histórica, ou seja, para beneficiar uma elite agrária e empresarial que quer somente uma reserva de mão de obra barata e a disposição dos seus baixos salários, muitas vezes com uma proximidade muito grande ao trabalho análogo a escravidão moderna.
A visão de administração pública proto-fascista, ligada a alguns grupos políticos de direita e extrema direita buscam subjugar toda a classe trabalhadora. É por isso que precisamos de uma classe trabalhadora forte e bem representada. E a CUT Paraná, com seus 40 anos, cumpre um papel fundamental nisso, trabalhando com a formação de novas lideranças, preparando as dirigentes dos sindicatos e federações para esses embates políticos que teremos pela frente, que não serão fáceis; muito pelo contrário, serão períodos de resistência. Viva a classe trabalhadora, viva a Central Única dos Trabalhadores do Paraná!
Marcio Kieller é Presidente da Central Única dos Trabalhadores do Paraná e mestre em Sociologia Política pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).