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Sindicato dos Bancários de Curitiba - 81 anos de luta: Em um momento histórico para a categoria bancária a luta pela retirada d...

Publicado: 06 Julho, 2013 - 07h41

Julho começa com as festividades dos 81 anos de aniversário do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, que foi fundado em 06 de julho de 1932, inicialmente fundado com o nome de Sindicato dos Bancários do Paraná.

Como em diversos momentos que atravessamos esse não é um bom momento para a categoria bancária. Estamos com um espectro que ronda a organização social do trabalho no Brasil, que é a possibilidade da aprovação do Projeto de Lei nº 4330, esse projeto trás um cenário apocalítico para o mundo do trabalho, especialmente para o trabalhador bancário, mas em geral para todas as categorias de prestação de serviços e até mesmo algumas importantes categorias no setor da produção industrial e na área do petróleo e gás. 

O Cenário é tenebroso com relação ao projeto de lei das terceirizações em diversos aspectos principalmente pela desresponsabiliza as empresas contratantes com as garantias fundamentais dos trabalhadores que estão assegurados na Consolidação das Leis do Trabalho a CLT, desde a década de 40 do século passado, tais como: férias, 13º terceiro salário, descanso semanal remunerado, além do mais importante, não ter o trabalhador terceirizado direito a uma clara organização sindical, pois na prática vai ser empregado de um e prestar serviço para outro. Isso pode trazer com o passar dos tempos, percas irreparáveis para inúmeras categorias organizadas nos dias de hoje, por exemplo, corremos o risco de perdermos conquistas históricas que tivermos com a convenção coletiva dos Bancários, pois existe uma tendência de que essa categoria ganhe outros contornos que não sua configuração atual, que reúne aproximadamente 500 mil bancários no Brasil inteiro, correndo inclusive um sério risco de extinção.

Portanto, como já temos assistido em diversos setores que sofrem com o processo de terceirizações, o que vem a seguir é um processo de precarização do trabalho e dos direitos sociais historicamente conquistados. Pois ao não ter responsabilidade com o processo de trabalho, quem terceiriza pode quarterizar e até quintarizar as relações de trabalho e o pior que versa no Projeto de Lei 4330 é que a recebedora desses serviços não é responsável por quitar possíveis dívidas que as empresas contratadas para entregar esses serviços por ventura não honrem essas dívidas.

E nesse momento de efervescência política e popular que o Brasil, o Paraná e Curitiba e região atravessam que nosso sindicato completará seus 81 anos de história, de lutas e de conquistas. Terá pela frente mais uma vez o papel histórico de ser protagonista da resistência aos ataques do capital organizado no sentido de aprofundar sua ganância e sua avareza ao não querer democratizar os lucros, as benesses, com aqueles que sempre fizeram com que os bancos lucrassem muitos e se tornassem os principais representantes do capital financeiro lacaio e exclusivista e ganancioso que só pensa em como multiplicar sua rentabilidade em cada vez menos tempo.

Na resistência e na organização dos bancários que nossa direção sindical terá que se fortalecer para os desafios que os 81 anos de existência lhe estão impondo. Teremos que travar o bom combate, fazer o debate franco e aberto para que os bancários de Curitiba e região compreendam a complexidade do que estamos vivendo. Pois parece que a um entorpecimento da nossa categoria não esta permitindo que os bancários se atentem ao perigo da aprovação desse projeto das terceirizações. Pois se já sofremos enquanto categoria com o avanço tecnológico que quebrou no meio uma categoria que chegou nos anos 90 a ter mais de 1 milhão de membros em sua base. E também sofreu com os processos de automação bancária vimos muitas trabalhadoras e trabalhadores bancários serem colocados à disposição de uma reserva de mercado de trabalho muito cruel que formava um exercito de pessoas capacitadas e fazia com que os salários do que continuavam empregados fossem cada vez mais corroídos e rebaixados. 

Também somou para que a categoria bancária sofresse uma diminuição nos seus quadros na virada do milênio os processos de privatizações dos bancos estaduais que aconteceram. Pois com esse processo de privatização também foram colocando dezenas de milhares de bancários nessa reserva de mercado. Pois ao contrário dos processos de privatizações que se desenvolveram em outros países, onde se tinha em primeiro lugar compromissos com empregos, com garantias para os trabalhadores.

No Brasil o processo de privatização das estatais como um todo e também dos bancos públicos teve a lógica de enxugar as máquinas, para torna-las atrativas para a venda, e nisso estava inclusivo os famigerados Planos de Demissões Voluntárias, os PDVs, que vieram para iludir os bancários, pois acreditavam que com certa quantia de dinheiro nas mãos poderiam alçar voos sozinhos, como empreendedores. Ledo engano, muitos tiveram suas expectativas frustradas, fazendo com que milhares e milhares de famílias sofressem com o desemprego. 

O sucesso em outros empreendimentos, com a saída do banco de fato aconteceu a muito poucos dos milhares de milhares de bancários que se aventuraram a entrar nesses planos de demissões propostos pelos bancos, que foram desde o inicio combatidos pelo movimento sindical e pelos sindicatos de forma geral. 

Isso sem contar com a ingenuidade de muitos outros que acreditavam que a competência e o profissionalismo que tinham seria o suficiente para mantê-los nos empregos após os processos de privatizações, que também se mostrou não ser verdadeiro. Pois para os novos bancos privados, esses funcionários se tornaram muito caros e a reserva de mercado trabalho que se formou fazia com que muitos bancários aceitassem voltar a trabalhar por salários de fome. Também a frustação de muitos com os processos de PDV fez com que muitos dos desses bancários retornassem para os bancos privados ganhando muitas vezes muito menos que a metade do que ganhavam nos bancos estaduais que eram de economia mista. E isso pode ser observado pela quantidade de bancários que foram absorvidos por bancos públicos, Banco do Brasil e Caixa Econômica com salários as vezes que não chegava nem a metade do que ganhavam.  

Depois vieram os processos de criação dos correspondentes bancários no Brasil, que surgiram com o claro objetivo de tentar bancarizar a população mais pobre em lugares mais afastados dos grandes centros, onde o sistema financeiro bancário privatizado, não tinha interesse de atuação, pois não via oportunidades de saciar sua ganância. Ou que foram abandonados pelos novos bancos privados, que não tinham ou não viam interesse em lugares afastados dos grandes centros. Como foi no caso da privatização do Banco do Estado do Paraná o BANESTADO, que antes de sua privatização cumpria um papel social no sentido de permitir a bancarização dos cidadãos e funcionavam como apoio para o desenvolvimento todas as cidades do Estado, com investimento na agricultura, no fomento e na geração de emprego. E por conta disso tinha agências em mais de 90% dos municípios do Paraná, além de agências fora do Estado, nas principais cidades do país. Realidade que mudou muito, com o fechamento de muitas agências no interior do Estado. 

A retirada dos principais bancos Estaduais do país, e a recusa de bancos privados em atuar nos lugares mais longínquos fez com que se abrisse na perspectiva do governo a proposta de bancarização dos cidadãos dessas pequenas cidades através da criação dos correspondentes bancários, que somente se instituíram por que houve uma lógica de sucateamento dos bancos públicos estaduais.

E agora no contexto dos 81 anos do sindicato estamos diante do outro processo que é o da terceirização desenfreada, onde se quer ocupar o lugar e o serviço dos bancários, com profissionais que não tem a qualificação e o preparo dos bancários para lidar com o dinheiro e nem a certificação para lidar com as referências bancárias, como o cuidado das informações e do sigilo bancário, pois dá forma que oferece o PL 4330, quem quiser pode se habilitar para realizar os serviços de banco. Serviços que sempre foram de responsabilidade dos bancários. Portanto, se o PL for aprovado poderemos ver como já se observa nos dia de hoje em alguns lugares, farmácia recebendo contas publicas e realizando serviços bancários, abrindo contas, fazendo transações de numerários, que até então somente os bancários tinham competência para fazer. 

Por isso é fundamental que tragamos para a categoria bancária a importância da discussão do PL 4330 e o momento não poderia ser mais oportuno, pois regozijar a nossa história politica, nossas conquistas e nossas lutas desses 81 anos, despertando nos bancários e na outras categorias que serão atingidas pelos efeitos do PL 4330, para que se agigantem diante da ameaça da precarização de nossa categoria. Para que se organizem para cerrar fileiras nessa luta pela retirada do projeto de lei. E mais, para que conscientizem se que as vitórias que tivemos até os dias de hoje, só foi possível através da organização dos bancários nessas décadas todas. Foram as lutas e a organização que nos trouxeram essas conquistas. 

E nesse momento que nos preparamos para mais uma campanha salarial. Uma campanha que terá um viés diferente esse ano, que será o viés da luta pela própria sobrevivência da categoria bancária com o combate ao projeto de lei 4330.

Que os 81 anos do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região sejam festejado por todos aqueles que conhecem e respeitam nossa entidade, que sabem das contribuições sociais que demos enquanto dirigentes sindicais bancários, ao longo desses 81 anos de idade a sociedade de curitibana, paranaense e brasileira, sempre incluídos nas lutas pela cidadania pelo restabelecimento da democracia e pluralidade e respeito e de direitos sociais, econômicos conquistados. 

Que o sindicato tenha como presente de aniversário nesses 81 anos, a atenção da categoria bancária para o momento histórico que vivemos. Que a categoria entenda que se não houver essa atenção, e o envolvimento necessários podemos estar diante da decretação do nosso fim como categoria. Que superemos esse enfrentamento político do projeto de lei 4330, como já fizemos inúmeras vezes rompendo amaras e nos perfilando ao lado do nosso povo e de suas bandeiras históricas de lutas. 

Parabéns a todos os bancários de Curitiba e região metropolitana pelos 81 anos de lutas, vitórias e conquistas do seu sindicato o Sindicato dos bancários de Curitiba e região metropolitana!

Marcio Kieller

Vice Presidente da CUT/PR e Diretor de Políticas sindicais e movimentos sociais do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região.