Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana: 82 anos de lutas e conquistas
Publicado: 09 Julho, 2014 - 08h26
No dia 06 de Julho de 1932 o Sindicato dos Bancários de Curitiba, completou seus 82 anos de lutas e conquistas. Uma das principais entidades sindicais do Paraná durante todas essas décadas e ainda nos dias de hoje, sempre esteve e esta presente nas lutas cidadãs do povo de Curitiba, do Paraná e do Brasil. Nesse ano 2014 também completa os 50 anos do Golpe Civil (empresarial) no Brasil.
O golpe que se abateu sobre a pátria com sua politica nefasta, segregacionista, isolacionista e perversa colocou no ostracismo diversas entidades sindicais. E tentou em muitos casos sem sucesso calar à voz de verdadeiros democratas defensores da liberdade e da democracia nesse país. Nesse breve artigo vou tentar destacar a importância que o sindicato e os dirigentes sindicais bancários tiveram nesse processo de resistência a ditadura e a suas mazelas.
Nos dias de hoje com a ênfase da busca da verdade memória e justiça intensificou o foco em cima do recorte ditatorial, que de fato foi quando a repressão se estendeu para a sociedade civil como um todo. Mas a perseguição politica a bancários começou muito antes, lá pelos idos de 1946, mas propriamente dita em 1947, quando foi colocado na ilegalidade pelo Congresso Nacional o Partido Comunista do Brasil – o PCB, que teve sua ditadura particular implementada pelo Governo Dutra e sustentada por outros importantes segmentos da sociedade paranaense.
O movimento sindical tinha uma forte orientação comunista que vinha desde os anos de 1920, quando chegam com força no Brasil às informações dos feitos da revolução socialista de 1917 na Rússia que viria a se chamar mais tarde União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS. Muitos setores do movimento sindical foram influenciados pelas ideias libertárias da revolução de 1917.
Nesse período anterior a 1964, o sindicato dos Bancários, na época como dissemos, Syndicato dos Bancários do Paraná. Já se organizava e trazia conquistas para sua categoria. E nos seios dos dirigentes Bancários tínhamos muitos bancários que se alinhavam com a orientação política sindical do Partido Comunista. E nesse contexto, por exemplo, que podemos destacar a greve dos Bancários de 1946 que deixou mais de 12 cidades paranaenses completamente sem serviços bancários, por que não se atendiam as reinvindicações da categoria. Dizeres como “os Banqueiros estão com o ouro, e os Bancários com a razão!” eram frases que davam tônicas as campanhas salariais. Essa greve. Com a Intervenção no PCB, também o movimento sindical bancário sofre um baque por que entre os bancários grandes nomes do nosso sindicato, como Armando Ziller, Nilo Isidoro Biazetto, Nelson Torres Galvão, Walfrido soares do Oliveira eram ligados ao partido comunista.
Outro fato importante da história política dos Bancários que é que a greve de 1952, que duro aproximadamente 69 dias e instituiu o dia 28 de agosto como dia Nacional dos Bancários e realiza em Curitiba o IV Congresso Nacional dos Bancários, que cria a comissão Sindical Permanente que viria a ser transformar em 1958 na Confederação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Crédito – CONTEC.
São muitas lutas, greves, brigas pelos direitos dos bancários em que o sindicato se empenhava. Aqueles que tiverem maior interesse nas lutas sindicais que o Sindicato encampou antes e depois do golpe civil militar poderão encontrá-las descritas no livro dos 80 do sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Suas lutas e suas conquistas.
Mas o que de fato podemos destacar e que o movimento sindical sofreu também as consequências pela colocação do Partido comunista do Brasil na ilegalidade, pois se encontravam entre os mais destacados lideres sindicais bancários, os dirigentes bancários de orientação comunista.
Mas foi com a vinda do golpe civil e militar de 1964 que de fato o sindicato vai sofre seus piores anos, até por que com antes de 1964 eram perseguidos individualmente os dirigentes comunistas. Mas o sindicato gozava de legalidade e de certo poder de organização para tocar suas lutas cotidianas, mas com o golpe a coisa muda.
O Syndicato dos bancários do Paraná, como era conhecido, com base forte em Curitiba capital do estado, mas com ramificações em outras cidades do estado e do litoral paranaense. Conduz a luta política das bancárias e bancários do estado até 1959. Quando com outros sindicatos que se formaram pelo estado constituíram a Federação dos Bancários do Paraná. E o sindicato de Curitiba passou denominar se sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana.
Após o desmembramento das entidades sindicais trouxe uma nova organização para o movimento, com atuação mais regionalizada, mas não menos importante, pois as lutas se integravam pelas odes da federação após esse desmembramento. Não podemos deixar de destacar o papel que sindicalistas bancários desenvolveram nas lutas contra a Ditadura militar, e outros bancários antes desses, que pelo fato de serem ligados aos comunistas foram impedidos de se organizar e militarem no movimento partidário te também no movimento sindical bancário. Muitos sindicalistas bancários, foram perseguidos, perderam seus empregos. O Sindicato sofreu várias intervenções políticas que o deixaram fora de combate por um tempo. Mas os resistentes dirigentes Bancários, dentre eles Claudio Ribeiro?, Luís Luiz Salvador?, Otto Bracarense Costa, Wilson Previde, dentre tantos outros se dignaram a lutar contra e esse cruel processo de exceção que foi a ditadura militar.
As táticas de intervenção dos governos de orientação civil militar tiveram uma abordagem interessante, que foi tirar o poder de mobilização e de organização do sindicato, ou seja, não fechavam as entidades sindicais, mas intervinham e colocavam nas direções sindicais pessoas, bancários geralmente não politizados, ou no mínimo comprometidos com as gestões administrativas dos bancos, ou seja, eram os bancos que escolhiam que participaria das direções sindicais nos momentos de intervenção.
Isso fora muito mal para o movimento sindical bancários como um todo, pois essa tática tirava toda a capacidade de luta e da histórica obtenção de conquistas para a categoria. E transformavam nossas entidades em verdadeiras associações recreativas e esportivas, que tinha em seu norte somente oferecer as bancárias e bancários literalmente serviços cosméticos, totalmente desvinculados das lutas políticas e econômicas que eram a função de origem dos sindicatos. Serviços, de corte de cabelos, manicures, dentistas, médicos e como dissemos funções recreativas.
As intervenções no sindicato de Curitiba advindas do Golpe civil militar foram no total de três intervenções uma que foi de 1964 a 1966, outra que foi de 1967 a 1969 outra que foi de 1975 a 1985, que no total duraram 14 anos e tiraram o sindicato do caminho luta política de a sua concepção de sindicato cidadão. Em tese, fora impossibilidade de os antigos dirigentes sindicais liderarem a luta, não havia grandes consequências para aqueles bancários que tinham uma atuação organizada em forças políticas, a vida seguiu, sem as constantes vitórias que a categoria havia tido por anos fruto de suas lutas e de seus embates políticos.
Como a ditadura tentava passar um panorama de vida normal, tinha que manobrar as entidades e suas direções no sentido de fazer aquilo que era vontade do sistema político vigente, por isso, não pararam as assembleias, não pararam as campanhas, mas elas deixaram de ser ousadas, de colocar o enfrentamento de fato. O que se fazia com as intervenções era o teatrinho bem montado a serviço da ditatura. Os interventores defendiam a politica do status quo e diziam que não havia clima para obter se novas conquistas.
Por outro lado aqueles bancários politizados e organizados em algum partido ou força política, que não se calavam e tentavam despertar os bancários para a realidade, para a mobilização e para a possibilidade de se conquistar mais com organização e com luta política. Foram alvos da perseguição política, viram a força da repressão em muitas das prisões, torturas e isolamentos a que foram submetidos esses dirigentes sindicais bancários de luta e de ação política.
Dirigentes como o Sindicalista Claudio Antônio Ribeiro, que foi preso, torturado por meses e forçado a largar seu emprego no Banestado. Como Sergio Athayde que tinha uma grande atuação no movimento sindical bancário na década 60 e é obrigado a se exilar no Paraná. Ou muitos outros importantes dirigentes que tiveram suas rotinas de vida alteradas, por que os bancos e a ditadura queriam limitar suas ações políticas. Durante os anos de intervenção alguns de nossos dirigentes tiveram que optar pela clandestinidade, pela atuação em grupos revolucionários, ter atuação dupla, ser bancário e revolucionário em turnos diferentes. Isso perdurou por anos até começar a distencionar o processo ditatorial no Brasil.
Com o desgaste da ditatura que estava massacrando o povo e os filhos da classe média que eram os que de fato iam para as linhas de frente dos combates à ditadura, o sistema viu que tinha que distencionar, pegar mais leve e iniciar um processo de abertura política no país. Isso possibilitou a volta da atuação organizada e livre de muitos dos nossos dirigentes, fortalecendo novamente o movimento sindical no final dos anos 70 e no inicio dos anos 80. E possibilitando novamente vermos as lutas cidadãs imperarem em nosso meio.
Em 1983 tivemos a criação da Central Única dos Trabalhadores, que calcada no tripé de liberdade de organização, contra o poder normativo da justiça do trabalho, e contra o imposto sindical, deu um novo gás ao movimento sindical aproximando a grande massa dos trabalhadores e sindicatos que se reorganizam, no período pós-intervenção ditatorial, se tornando uma das maiores centrais sindicais do país.
Em 1993, assim como diversos sindicatos de bancários já haviam feito os vitoriosos das eleições para o sindicato, filiaram o sindicato a CUT e implementaram um novo modelo de gestão, que até os dias de hoje é reconhecido pelos bancários como um verdadeiro instrumento de luta e de conquistas para a categoria combativa, independente, classista e cidadão de orientação cutista.
De lá para cá temos tido sob as gestões cutistas de Roberto Antônio Von Der Osten (1993-1996), de Pedro Eugênio Beneduzzi leite (1996-1999), de José Daniel Farias (1999-2002), de Marisa Stedile, por duas Gestões (2002-2005-2008) e de Otávio dias por duas gestões (2008-2011-2014), o compromisso do fortalecimento nacional da categoria bancária, com campanha salarias nacionalmente unificadas e que tem trazido para a categoria, avanços importantes e uma sequência de valorização dos trabalhadores bancários com aumento reais de salários nos últimos anos.
E nesse ano de 2014 que o sindicato dos Bancários completa seus 82 anos de luta toma a condução dos trabalhos do sindicato como presidente da Gestão cutista “Avançar com Unidade” para tocar os trabalhos do sindicato até 2017 o companheiro Elias Hennemann Jordão. Que entre outras questões importantes já colocou que o sindicato deve também ser um guardião da democracia, para além das questões econômicas e corporativas dos bancários, o sindicato precisa ter reforçada ainda mais sua atuação cidadã, para que não se veja novamente no Brasil golpe de exceção como o que foi desfechado contra os brasileiros há 50 anos.
E como umas das ultimas medidas da antiga gestão, foi criado o grupo de trabalho do sindicato dos bancários por verdade, memória e justiça. Para que continuemos levantando as graves violações que foram cometidas como o povo e principalmente contra os dirigentes sindicais bancários.
Se você leitor tem interesse, em conhecer mais sobre a história dos bancários entre em contato com a gestão que lhe enviaremos o livro que foi editado por ocasião do 80 anos do Sindicato dos Bancários de Curitiba, e que desnuda os as mais de oito décadas da nossa história inclusive como se deu a resistência a golpe civil militar de 01 de abril de 1964.
No mais só podemos nos esforçar para que continuemos trilhando a boa luta em nome da categoria bancárias, assim como fazemos desde a criação do sindicato em 06 de julho de 1932, há 82 anos. Sempre com um olhar nas conquistas e na preservação dos direito dos bancários e outro na vigilância contra as graves violações aos direitos humanos. Para que não se esqueça, o golpe civil de 1964, para que nunca mais aconteça!
Viva os Bancários de Curitiba e região! Viva os 82 anos de Lutas e conquistas do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região.
Márcio Kieller
Vice-presidente da CUT Paraná, da Direção da FETEC/CUT/PR e da direção do conselho fiscal do sindicato dos bancários de Curitiba e região.