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Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e Região: 90 anos em defesa da vida, dos direitos e da democracia

Publicado: 06 Julho, 2022 - 00h00

Dia 6 de julho, o nosso Sindicato dos Bancários, Financiários de Curitiba e Região Metropolitana completa 90 anos de existência, sempre ao lado das trabalhadoras e dos trabalhadores bancárias, bancários, financiárias e financiários de Curitiba e Região Metropolitana, da vida, dos direitos e da democracia.

Sempre partícipe dos principais momentos históricos da cidade, do estado e do Brasil, o nosso sindicato é uma entidade que sempre esteve antenada ao seu tempo, sempre se destacando na busca das melhorias de qualidade de condições de trabalho, de dignidade e de respeito às trabalhadoras e trabalhadores que são a base do sindicato. Além disso, uma entidade que sempre esteve ao lado dos democratas e da democracia tão ameaçada nestes dias atuais, em que se diminuíram os espaços democráticos, os direitos, e a possibilidade de uma vida digna para as trabalhadoras e trabalhadores do ramo financeiros, bancárias, bancários, financiarias e financiários.

O Sindicato dos bancários de Curitiba foi fundado em 1959, quando se desmembra do antigo Sindicato dos Bancários do Paraná, fundado no dia 06 de julho de 1932, constituindo-se em diversas entidades sindicais pelo estado, que formariam a base da Federação dos Estabelecimentos Bancários do Paraná, a FEEB/PR. O Sindicato então passa a ter denominação de Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana, mantendo o legado das lutas e conquistas das décadas anteriores, quando a representação era estadual. Esse desmembramento fortalece o movimento sindical bancários por diversas regiões do Estado do Paraná.

Não foram poucas entidades que foram construídas. A começar por uma forte influência política da organização dos comunistas no final dos anos 50 e início dos anos 60, que exerciam a hegemonia política em diversos ramos de atividades, além da categoria bancária, nos ferroviários, nos professores, jornalistas e profissionais liberais, como médicos e advogados e também pela influência do trabalhismo getulista, que administrava os sindicatos a partir da relação da lógica oficial de estado, dando aos sindicatos uma organização que primava pelo assistencialismo político, transformando as entidades em grandes corporações assistencialistas bancadas pelo sindicalismo oficial. E isso trazia uma dualidade que os sindicatos precisam optar ou por um modelo ou por outro do ponto organizativo. Somente após a escolha é que se caminhava para trajetória de ser um sindicato representativo ou um sindicato ligado ao corporativismo oficial.

No início dos anos 60, a contraofensiva do capital conservador que receava perde espaço para o avanço do trabalhismo construiu uma narrativa que havia uma ameaça comunista rondando o Brasil. Essa balela oficial foi construída a partir da narrativa das grandes corporações industriais para evitar que tempos de democracia e relações sociais predominassem. E assim se entrou num tempo novamente de trevas, perseguições políticas e sociais, que durou mais de uma década, mas não tirou a importância estratégica que o sindicato tinha na vida das bancárias e bancários, porque mesmo com a censura, a diminuição dos conceitos da democracia, o sindicato não aceitou a condição de entidade somente assistencialista, diferente de muitas outras entidades que foram fechadas ou transformadas em um balcão de serviços para os associados.

Com o processo de abertura política, o sindicalismo do final da década de 70 se fortalece e se apresenta como um polo aglutinador da classe trabalhadora contra a fome, a inflação e a carestia; e irá passar por esse período até o desmonte dos bancos estaduais que foram dizimados com uma cruel política de privatização, que tinha em sua lógica enxugar o quadro de funcionários para que fosse entregue aos bancos que os compraram sem seus efetivos funcionários de carreira, ou seja: só se entregavam as carteiras lucrativas dos bancos estaduais, sem a sua estrutura humana.

Ao longo destas décadas de história e lutas podemos hoje olhar para trás e ter a certeza de que construímos um sólido patrimônio social, cultural e político de representatividade sindical, respeitado, referenciado por diversas outras categorias organizadas do movimento sindical de Curitiba, do Paraná e do Brasil.

Patrimônio social e político que sempre forneceu, ao movimento sindical e político do estado e do Brasil, lideranças sindicais preparadas para os principais embates políticos que a vida exige. Não foram um ou dois nomes forjados, formados e preparados no movimento sindical bancário de Curitiba e Região que foram ofertados e servidos a sociedade como um todo, a exemplo deputados estaduais, federais, vereadores, professores universitários dentre outras importantes posições políticas.

Iremos comemorar no próximo dia 6 de julho os 90 anos do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana. Nove décadas de lutas história e ação política de uma organização, que através destas décadas todas, transformou-se num importante instrumento de luta e de organização do coletivo da categoria bancária e financiaria; e que tem fornecido uma grande gama de lideranças para as mais diversas áreas do pensamento social e político atual.

Mas só conseguimos chegar até onde chegamos, fechando essas 9 décadas de lutas, histórias e conquistas depois de muita, muita luta e organização política com a formação de lideranças sindicais preparadas para os principais embates políticos que a vida exige. E sabemos que o futuro da categoria bancária e financiária continua dependendo de sua organização política e do fortalecimento da representação das trabalhadoras e trabalhadores do ramo financeiro, pois a ofensiva do capital diante das novas tecnologias se sustenta em diminuir o tamanho da categoria através da exploração do trabalho, com retirada de direitos e diminuição de postos de trabalho e com alta rotatividade em função da reserva de mão de obra qualificada que se submete a não ter direitos para poder ter empregos. O que o movimento sindical não aceita, pois quer e luta por trabalho digno e decente. Por isso, 90 anos completado pelo Sindicato demonstra uma longeva trajetória de lutas e conquistas. É fundamental que nossa entidade tenha em suas metas e perspectivas uma nova concepção filosófica de organização que permita um vigoroso processo de formação política de novos dirigentes que compreendam esse momento e possam também atualizar a militância sindical bancária para esses novos tempos de predomínio da automação e da vida em rede, pois como sempre aconteceu na história política do Sindicato dos Bancários de Curitiba, que ao fornecer seus quadro e lideranças com consciência de classe e preparo intelectual, sempre contribuiu para ajudar a mudar a realidade das trabalhadoras e trabalhadores do ramo financeiro enquanto cidadãos.

Portanto, só temos que comemorar os 90 anos do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região e agradecer àqueles que estiveram à frente das gestões do sindicato nessas 9 décadas, pessoas como: Laélio Cunha Malheiros, Armando Ziller, Júlio Manfredini, José Loureiro Siqueira, Aldo Moacir Leal Machado, Obertino Martins de Miranda, Nilo Biazetto, Fernando Tristão Fernandes, Otto Bracarense Costa, Moacir Vissinoni, Luis Salvador, Claudio Ribeiro, Luiz Carlos Betenhouser, Athos Frecceiros, Cláudio Antônio Ribeiro, Luís Carlos Saldanha, Paulo José Zanetti, Yara D´Mico – primeiro mulher presidenta do Sindicato. Esses nomes estiveram à frente do Sindicato durante o período que vai de 1932 a 1993.

Em 1993 o Movimento de Oposição Bancária – MOB/CUT ganha as eleições para o Sindicato com o Roberto Antônio Von der Osten (Betão), bancário do Banestado, iniciando as gestões CUTistas. Após ele o Sindicato teve como presidente, em 1996 o Pedro Eugenio Beneduzzi Leite; em 1999, José Daniel Farias; em 2002, Marisa Stedile, bancária do Banestado, que inaugura um período que é permitido à reeleição e ela fica no sindicato por duas gestões, até 2008 quando é sucedida por Otávio Dias, Bancário do Bradesco que fica na presidência até 2014 quando é sucedido por Elias Hennemmann Jordão, também bancário do Bradesco, que fica na presidência de 2014 até 2020 quando é sucedido pelo presidente do Sindicato nos dias atuais, Antônio Luis Fermino, bancário da Caixa Econômica Federal.

E a partir do dia 6 de julho de 2022, completados os 90 anos, o Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e Região inicia um novo período de trajetória de lutas, histórias e conquistas rumo aos 100 anos de existência da nossa entidade sindical.

 

Elias H. Jordão é ex-Presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e Região (2014/2020) e Secretário Executivo de Políticas Sociais da CONTRAF/CUT- Brasil

 

Marcio Kieller é bancário do Itaú, Presidente da CUT/Paraná, Mestre em Sociologia Política pela Universidade Federal do Paraná – UFPR.