Análise da conjuntura foi o tema do primeiro debate do 15º CECUT-PR
Ex-governador Roberto Requião, secretária da CUT Brasil, Janeslei Albuquerque e Rafael Freire, da CSA, foram os analistas
Publicado: 29 Julho, 2023 - 11h39 | Última modificação: 29 Julho, 2023 - 13h53
Escrito por: CUT-PR
A manhã deste sábado (29), durante a 15ª edição do Congresso Estadual da CUT Paraná, (CECUT-PR), que está acontecendo na Associação Banestado, localizada na Praia de Leste, no litoral paranaense, foi voltada para o debate de ideias iniciando com uma apresentação sobre as condições dos (as) trabalhadores (as) nos países, principalmente na América Latina, e as consequências para os direitos que foram deixados de lado nos últimos anos. Estão participando do evento aproximadamente 300 pessoas de diversos sindicatos de várias regiões do Paraná.
Com o objetivo de apresentar uma visão mais ampla sobre o cenário atual das condições dos sindicatos na América Latina, o secretário-geral da Central Sindical das Américas (CSA), Rafael Freire, ressaltou que houve um aprofundamento muito rápido das políticas neoliberais em diversos países e essas mudanças foram feitas muito rapidamente.
Há ações em diversos países como a Guatemala, Equador, El Salvador entre outros que estão passando ou passaram por problemas internos muito graves.
“Esse aprofundamento trouxe fenômenos muito fortes. Uma segunda fase na década de 90 foi aceita pela população”, destacou o secretário-geral da CSA, Rafael Freire.
O cenário nacional nos últimos anos seguiu essa tendência e o crescimento da extrema-direita chegou ao poder máximo devastando um país que foi construído com muita luta nos anos anteriores.
A secretária de mobilização e movimentos sociais da CUT Brasil, Janeslei Albuquerque, destacou que o processo de derrubada da democracia teve seu auge com o golpe de 2016 contra a ex-presidenta Dilma Rousseff. “Houve uma mudança no conjunto de valores da sociedade brasileira. E houve um trabalho prévio para que essa mudança acontecesse”.
A aplicação de um programa de destruição do país provocou uma mudança de comportamento e de pensamento da sociedade brasileira. Apesar de, após a eleição do, atual inelegível, ex-presidente Bolsonaro, ter um efeito devastador em diversos Ministérios, inclusive sendo um dos primeiros atos eliminar a pasta que cuidava dos aspectos do trabalho e do trabalhador no Brasil, 49% dos trabalhadores votaram na extrema direita.
“Esse valor autoritário e desvalor pela democracia é algo que marca a sociedade brasileira. Olhando para o Brasil que o governo Lula herdou, com uma parcela da população que ainda defende os direitos democráticos, a eleição anterior representou um desmanche profundo da estrutura do estado e das instituições. Instalar o caos é fundamental para o projeto neoliberal”, ressaltou Janeslei.
A secretária ressaltou ainda um cenário social que deve ser a luta de todos, com o desenvolvimento de ações que possibilitem atuar diretamente com os trabalhadores e na busca dos direitos. Ela apontou a questão da taxa de juros altos existente no Brasil, a dívida dos super ricos com a União, a atuação de alguns grupos religiosos na construção de uma ideologia contra o trabalhador e das atividades que os sindicatos e instituições precisam aplicar para alavancar o pensamento mais voltado ao trabalhador.
Para haver uma mudança precisa na atual sociedade brasileira visando a valorização dos serviços públicos e a dos direitos conquistados e aplicados, é preciso uma atuação conjunta e a mobilização de toda a categoria.
No Paraná, instituições públicas estão sendo privatizadas e os trabalhadores estão sendo atacados de maneira autoritária, baseada em uma pauta neoliberal para que o setor privado possa ganhar mais dinheiro.
O avanço da privatização do setor público em diversos setores da sociedade diminui a atuação dos sindicatos e dos trabalhadores na busca de direitos. O crescimento no número de pessoas que estão trabalhando como autônomos, sem direito a nenhum benefício, demonstra a despreocupação da pauta neoliberal com a qualidade de vida do ser humano.
Para o ex-governador do Paraná e ex-senador da República, Roberto Requião, a relação da sociedade com os sindicatos mudou muito nos últimos anos. “O capital financeiro tenta tomar conta dos setores estratégicos dos países, água, petróleo, educação, saúde. É um capital vadio, não produz um objeto útil para a sociedade. Prefere se apoderar de monopólios estatais”, explicou.
O evento terá ainda debates com temas fundamentais para ampliar as discussões e encontrar caminhos efetivos para a construção de uma sociedade mais justa. Estão participando do encontro importantes lideranças sindicais que estão fazendo uma análise de todo o cenário para estabelecer estratégias de lutas da classe trabalhadora para os próximos quatro anos, dentro do contexto da mudança de pensamento e comportamento proporcionado com a o retorno de Lula à Presidência da República.