Ato pela Soberania Nacional lota UFPR e emociona público
Universidade vira palco de resistência e defesa da democracia
Publicado: 14 Agosto, 2025 - 12h05 | Última modificação: 18 Agosto, 2025 - 09h16
Escrito por: SindiPetro PR/SC

O Salão Nobre do Setor de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) ficou pequeno para a multidão que participou, na noite da última terça-feira (12), do Ato em Defesa da Soberania Nacional. O espaço comporta 150 pessoas, mas a atividade contou com mais de 400 participantes e foi necessário abrir outras duas salas, também lotadas, para transmissões simultâneas.
O evento foi promovido pela Federação Nacional de Estudantes de Direito (FENED), em parceria com a UFPR e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), reunindo ainda representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), além de professores, estudantes e representantes de movimentos sociais.
A programação teve início com uma apresentação especial. O grupo de MPB da UFPR, junto a músicos da orquestra da universidade, interpretou uma canção de Luiz Gonzaga e o Hino Nacional, criando um momento de forte emoção. Em seguida, foi feita a leitura da Carta em Defesa da Soberania Nacional (confira abaixo), que reafirma o compromisso de instituições e sociedade civil com a defesa do patrimônio, dos direitos e da democracia no Brasil.
Para Sabrina Kurscheidt, dirigente da FENED e organizadora do ato, a presença massiva do público foi um sinal da força e da importância do debate. “Foi muito lindo e emocionante. É fundamental posicionar a faculdade dentro desse debate, ensinar aos alunos que é preciso se posicionar em questões como essa, especialmente no Direito, que é o objeto dos nossos estudos. Em momentos de fragilidade constitucional, não podemos ficar quietos. É preciso tomar partido quando as injustiças acontecem”.
Sabrina também destacou que a UFPR, como diversas universidades públicas do país, vinha enfrentando uma onda conservadora e despolitizadora, e que eventos como esse ajudam a reafirmar o papel da academia como espaço de resistência e reflexão crítica.
O presidente da CUT Paraná, Márcio Kieller, destacou a importância da classe trabalhadora estar presente em mobilizações como essa: “A defesa da soberania nacional é também a defesa dos direitos da classe trabalhadora. Não podemos permitir retrocessos impostos de fora ou de dentro do país. É nas ruas, nos sindicatos e nas universidades que construiremos a força necessária para garantir um Brasil justo, democrático e soberano. Esse ato é só um passo; nossa mobilização precisa continuar e crescer”, afirmou.
“Foi um evento de casa cheia, apesar da baixa participação de pessoas mais diretamente envolvidas no tema, como os trabalhadores e trabalhadores das empresas estatais”, lembrou Alexandro Guilherme Jorge, presidente do Sindipetro PR e SC.
O Sindipetro Paraná e Santa Catarina reafirma seu apoio a iniciativas como essa, que colocam a soberania nacional no centro do debate e mobilizam a sociedade para a defesa da democracia, das empresas estatais, da educação pública e dos interesses do povo brasileiro.
Leia a íntegra da Carta em Defesa da Soberania Nacional
A soberania é o poder que um povo tem sobre si mesmo. Há mais de dois séculos o Brasil se tornou uma nação independente. Neste período, temos lutado para governar nosso próprio destino. Como nação, expressamos a nossa soberania democraticamente e em conformidade com nossa Constituição.
É assim que, diuturnamente, almejamos alcançar a cidadania plena, construir uma sociedade livre, justa e solidária, erradicar a pobreza e a marginalização, reduzir as desigualdades sociais e regionais e, ainda, promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Nas relações internacionais, o Brasil rege-se pelos princípios da independência nacional, da prevalência dos direitos humanos, da não-intervenção, assim como pelo princípio da igualdade entre as nações. É isso o que determina nossa Constituição.
Exigimos o mesmo respeito que dispensamos às demais nações. Repudiamos toda e qualquer forma de intervenção, intimidação ou admoestação, que busquem subordinar nossa liberdade como nação democrática. A nação brasileira jamais abrirá mão de sua soberania, tão arduamente conquistada. Mais do que isso: o Brasil sabe como defender sua soberania.
Nossa Constituição garante aos acusados o direito à ampla defesa. Os processos são julgados com base em provas e as decisões são necessariamente motivadas e públicas. Intromissões estranhas à ordem jurídica nacional são inadmissíveis.
Neste grave momento, em que a soberania nacional é atacada de maneira vil e indecorosa, a sociedade civil se mobiliza, mais uma vez, na defesa da cidadania, da integridade das instituições e dos interesses sociais e econômicos de todos os brasileiros.
Brasileiras e brasileiros, diálogo e negociação são normais nas relações diplomáticas, violência e arbítrio, não! Nossa soberania é inegociável. Quando a nação é atacada, devemos deixar nossas eventuais diferenças políticas, para defender nosso maior patrimônio. Sujeitar-se a esta coação externa significaria abrir mão da nossa própria soberania, pressuposto do Estado Democrático de Direito, e renunciar ao nosso projeto de nação.
SOMOS CEM POR CENTO BRASIL!
É possível assinar a carta por meio do site https://www.soberanianacional.com.br/.