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Servidores foram coagidos a doar para campanha do atual vice-prefeito de Curitiba

Campanha do atual vice-prefeito da capital paranaense, Eduardo Pimentel (PSD), teria sido beneficiada pelo assédio para que trabalhadores comprassem convites de jantar de até R$ 3 mil, revela jornalista

Publicado: 01 Outubro, 2024 - 10h35 | Última modificação: 01 Outubro, 2024 - 14h27

Escrito por: CUT

Reprodução / Instagram Eduardo Pimentel
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O atual vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, candidato à prefeito pelo PSD, teria sido beneficiado pela coação de servidores para que contribuíssem financeiramente com sua campanha para a prefeitura. A informação é do jornalista Guilherme Amado em sua coluna no site Metrópoles. Segundo a nota, um áudio vazado mostra que o superintendente de Tecnologia da Informação da Prefeitura, Antônio Carlos Pires Rebello, teria coagido servidores públicos para que comprassem convites de R$ 3 mil para um jantar de campanha. O evento aconteceu no dia 3 de setembro.

Ainda de acordo com a coluna, ele teria orientado servidores para que utilizassem contas bancárias de terceiros, como amigos e familiares. Isso tudo para evitar que pudessem ser identificados. Durante uma reunião um dos servidores teria questionado a versão do superintendente de que a doação, que teria ocorrido sob coação, não seria ilegal. “É ilegal porque vocês estão nos obrigando a fazer a doação”, disse o servidor no material revelado pela coluna do jornalista.

Os convites para o jantar de campanha de Eduardo Pimentel e seu candidato a vice, Paulo Martins, teriam três faixas de preço R$ 750, R$ 1.500 e R$ 3.000. Martins é ex-deputado federal e foi o candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ao Senado na última eleição. A nota ainda replica fala do superintendente que disse que comprar o convite ajudaria na continuidade de cargos e funções gratificadas, embora não garantisse nada.

A publicação do jornalista em seu blog ainda traz a informação de que o superintendente, ao ouvir de um servidor aos “prantos” que não teria os valores necessários para comprar o ingresso, teria dito que todos têm problemas e que não continuaria com a discussão porque, caso contrário, iria “demiti-lo”.

Repercussão

O presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller, disse que é preciso investigar a situação e punir os responsáveis. “Há tanta coisa errada que é difícil enumerar. Primeiro, uma transgressão da democracia, utilizando a máquina pública para ganhar espaço frente os seus adversários. A segunda e mais evidente é a coação, o assédio eleitoral contra trabalhadores e trabalhadoras do serviço público. Estamos alertando, desde antes da campanha, para este tipo de caso”, afirmou.

A secretária de Comunicação e Informática do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), Soraya Cristina Zgoda, afirmou que a instituição acompanhará de perto a situação e que pede que todos denunciem casos de assédio eleitoral.

“É inadmissível que exista essa prática do assédio eleitoral, principalmente contra servidores e servidoras que constroem nossa cidade, que trabalham arduamente para garantir a consolidação das políticas públicas, que se doam para atender a população curitibana com qualidade. Pessoas envolvidas nesta e em outras situações de assédio eleitoral devem ser investigadas e responder de acordo com o que prevê a lei. O SISMUC não só está acompanhando situações como está, mas também incentivando que os trabalhadores e trabalhadoras denunciem, independente dos locais e meios empregados para a prática de assédio eleitoral”, afirmou.

“O constrangimento não passa apenas pela doação de dinheiro, mas também pela obrigatoriedade de balançar bandeira para o vice-prefeito e hoje candidato a prefeito, Eduardo Pimentel. Existem denúncias no sentido de que diretoras de unidades de educação infantil são obrigadas a fazer campanha. Todo esse cenário causa constrangimento e até assédio moral. Isso é desrespeito que também passa pela desconstrução das nossas carreiras e é refletido na falta de investimentos em políticas públicas. A população e os servidores devem se atentar a isso. Se faz isso como candidato, imagina o que poderá fazer como prefeito", finaliza a secretária de formação do Sismuc e secretária de Movimentos socais da CUT Paraná, Alessandra Claudia de Oliveira.

A CUT, as centrais sindicais e o Ministério Público do Trabalho (MPT), lançaram uma campanha contra o assédio eleitoral. Saiba como denunciar aqui.

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