Cineasta palestino indicado ao Oscar esteve em Curitiba
Documentário “5 Câmeras Quebradas” terá exibição gratuita às 14 horas na Cinemateca
Publicado: 11 Setembro, 2015 - 10h49
Escrito por: Paula Zarth Padinha / Terra Sem Males
Cineasta palestino Emad Burnat em entrevista coletiva no SindiJor-PR
O cineasta palestino Emad Burnat, diretor do documentário 5 Câmeras Quebradas, indicado ao Oscar de melhor produção estrangeira em 2013, está em Curitiba para divulgação e sessões de exibição gratuita de seu filme, que conta a história de sua vida e da vida de sua família.
Na manhã desta quinta-feira, 10 de setembro, ele concedeu entrevista coletiva na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor PR), e falou, em português, sobre a produção do documentário, sobre o furo ao bloqueio midiático na luta dos palestinos após a indicação ao Oscar, sobre como a violência é retratada pelos meios de comunicação e sobre como é a vida de sua família. Emad, sua esposa e filhos moram na Cisjordânia.
“Na Cisjordânia, onde eu moro com a minha família, é mais difícil. O exército israelense está dentro da cidade, entra e sai das casas a hora que quer. Em Gaza há um bloqueio, os soldados não entram. Quando eu quero sair da Cisjordânia, não tem como. O aeroporto de Tel Aviv fica a 15 minutos de carro da minha casa, mas eu tenho que sair pela Jordânia, andar 100 quilômetros num trajeto que demora 24 horas”, contou ao ser abordado pelo Terra Sem Males sobre como é sua vida e a vida de sua família na região.
Furando o bloqueio midiático
Para Emad, seu documentário sobre a vida dos palestinos chamou a atenção do mundo porque quem faz filmes sobre a Palestina geralmente vem de fora, não conhece a realidade dos moradores de lá. “Eu quero mostrar como meu filho está crescendo. As pessoas não sabem nada sobre isso, não têm essa experiência, esse sentimento”, conta.
Para ele, o Oscar foi importante pela visibilidade. “Mas minha vida não mudou nada. Para mim ficou mais difícil”, diz.
5 Câmeras Quebradas
Para produzir o documentário, Emad filmou durante quase sete anos e tem aproximadamente mil horas de imagens. “A mídia foca na violência em Gaza e esquece da luta do povo. O filme tem muita diferença. Eu vivi a experiência sobre a ocupação a minha vida inteira, queria mostrar para o mundo esse lado que o mundo não conhece. Eu sabia o que eu queria”, descreve o cineasta.
Ele contou que continua filmando pensando na continuidade do filme mas que ainda vai levar alguns anos para produzir. “Eu não parei, estou pensando para continuar a história, e todas essas perguntas eu vou responder no filme”.
Para ele, os festivais de cinema abriram muitas portas mas de um mundo que ele não gostou. “Não gostei do mundo do cinema falso, de mentiras. Eu não quero mentir para as pessoas. Eu gosto do meu mundo de fazer cinema”.
Exibição gratuita
Nesta sexta-feira, 11 de setembro, o documentário “5 Câmeras Quebradas” será exibido às 14 horas na Cinemateca (Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174) e às 19h30 terá exibição pública no Cine Guarani (Av. República Argentina, n°. 3.430, Bairro Portão – subsolo do Espaço Portão Cultural), seguida de debate com Emad Burnat.