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Clube de Leitura Feminista da CUT Paraná finaliza encontros de 2023

Última atividade foi realizada no território Tupã Nhe´é Kretã

Publicado: 07 Dezembro, 2023 - 09h45 | Última modificação: 07 Dezembro, 2023 - 11h59

Escrito por: CUT-PR

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O Clube de Leitura Feminista da CUT Paraná realizou seu último encontro de 2023 no domingo (3). Neste ano a temática definida foram as mulheres indígenas e a última atividade do ano foi realizada no território indígena Tupã Nhe´é Kretã, localizada entre os municípios de São José dos Pinhais, na região Metropolitana de Curitiba e Morretes.

 

Já na chegada foi realizada a acolhida dos participantes com uma mística na “Casa de Rezo”, onde os indígenas puderam expressar em dança e canto toda sua espiritualidade para os demais. O local é sagrado para os povos indígenas e é utilizada em momentos de celebração, repasse de sabedoria dos anciãos, iluminação para decisões dos líderes e revitalização de energias para luta de seus direitos.

 

Na sequência outra experiência incrível aguardava as participantes. Elas subiram até a região mais alta do território e, sob uma tenda, todas se apresentaram e receberam informações sobre propriedades de ervas medicinas que foram colhidas especialmente para aquele momento.

 

“Ouvimos as intervenções de Andreia Takuá, cacica da aldeia Tupã Nhe´é Kretã e presidenta da Associação Indigena Guakaxe Morretes, e de Elza Fernandes, liderança do movimento de mulheres indígenas Xondaria Jera Rete, e da Txaryi da aldeia Kuary Haxa, a anciãNatalina. Elas falaram sobre o trabalho e dinâmica das aldeias e de como ocorreu a conquista de espaços de liderança feminina, bem como enfrentamentos políticos e sociais dentro e fora das aldeias. É bastante significativo observar a organização de fala dos indígenas. É muito importante que, nesses momentos, quando uma pessoa está falando, todas as outras estejam atentas, em profundo respeito e escuta ativa às palavras que se pronunciam”, relata a secretária de mulheres da FETEC-CUT-PR, Cinara Corrêa de Freitas Tonatto, uma das integrantes desta edição do clube.

 

Além disso, uma série de outras atividades foram realizadas. Como um banho de ervas e de rio, além de um almoço no território. “Os encontros do ano mostraram-se importantíssimos para concretizar uma forma nova de atuação do clube. Desde sua fundação, sempre foi objetivo do grupo a democratização de saberes e a união de mulheres em busca da melhoria de vida para todas. Esses encontros com as indígenas, no espaço que é delas, nos ensinou muito mais do que qualquer leitura acadêmica sobre o feminismo. E, ainda mais importante, possibilitou que pudéssemos saber dos anseios dessas mulheres e entender a perspectiva decolonial da luta feminina indígena”, completa outra integrante do clube, Regina Maria Miranda.


“A organização do clube, todas as companheiras e as entidades parceiras foram de uma empatia e de atuação incrível, permitindo a construção coletiva junto com as companheiras indígenas em cada encontro. Na casa delas, no território delas, com as crianças, os animais, os companheiros que não ficavam só olhando de longe, participaram ativamente também. Teve cachimbo, teve fogueira, teve comida tradicional, teve canto, rezo, teve banho de ervas, banho de rio, defumação. Neste último encontro, pudemos promover o encontro de grandes mulheres indígenas, lideranças, cacicas, pajés, professoras, artesãs, escritoras. Algumas não se viam pessoalmente, fazia tempo. A troca de abraços, o choro, a fala, os ensinamentos repassados umas a outras, o olhar atento das pequenas, as várias etnias juntas, celebrando a existência, a amizade e o cuidar. O que foi construído ali, naquele dia de sol intenso, será pra vida”, destacou a socióloga Carolina Aparecida Iarosz, que é apoiadora dos movimentos de mulheres indígenas e colaboradora do Clube de Leitura Feminista.

 

Indiamara Paraná Pereira, da etnia Xetá e que reside na aldeia indígena Kakané Porã, em Curitiba, também destacou o papel do Clube de Leitura Feminista da CUT Paraná. “Quero agradecer pelo trabalho do clube de leitura feminista nos nossos, territórios indígena participei de dois encontros foi muito bom e importante também para as mulheres da nossa comunidade. Pudemos trocar experiências e conhecimentos umas com as outras e pra mim, principalmente, sei que hoje tenho verdadeiras amigas que posso conta com elas. Agradeço imensamente a dedicação, atenção e principalmente o carinho de cada uma de vocês que fazem parte do clube da leitura feminista gratidão por tudo”, finalizou.