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Conferência do Macrossetor da indústria propõe a organização dos trabalhadores

Evento aconteceu no dia 15 de setembro e reuniu representantes de seis ramos da cadeia produtiva industrial

Publicado: 20 Setembro, 2023 - 08h20 | Última modificação: 20 Setembro, 2023 - 12h40

Escrito por: Sintrapav

Gibran Mendes
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O auditório da Sede do Sintrapav/PR, em Curitiba, sediou no último dia 15 a Conferência do Macrossetor da Indústria da CUT Paraná, evento promovido em parceria da Central com sindicatos e confederações de seis ramos da cadeia industrial.

"A CUT sempre se destacou, também, por ser de vanguarda. Esse é mais um momento de vanguarda da nossa Central. Estabelecer esse macrossetor da indústria colocará os trabalhadores e trabalhadoras em um patamar acima em sua organização e capacidade de organização", destacou o presidente da CUT-PR, Marcio Kieller. 

O economista Sandro Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Sócioeconômicos (Dieese), fez uma apresentação na qual destacou a queda nos investimentos, tanto do setor público, quanto do privado; o avanço do neoliberalismo; a evolução do PIB geral da construção; a modesta recuperação do setor industrial no Brasil; os impactos da pandemia do coronavírus no setor da indústria; as consequências negativas das reformas trabalhista e previdenciária, além do teto de gastos do governo; e o cenário de queda da indústria paranaense, ainda que com dados melhores dos registrados em outros estados.

Outro a palestrar no evento foi o advogado do Sintrapav/PR, Pedro Paulo Cardozo Lapa. Ele abordou os impactos da nova industrialização, também conhecido como indústria 4.0, que engloba um amplo sistema de tecnologias como inteligência artificial, robótica, internet das coisas e computação em nuvem. Esse movimento está mudando as formas de produção e os modelos de negócio no Brasil e no mundo, eliminando diversos postos de trabalho.

O advogado ainda falou sobre as novas matrizes energéticas e os impactos dessas mudanças na mobilidade urbana, sobretudo com o advento dos veículos elétricos, que mudarão vários aspectos nas cadeias produtiva e de consumo. O resultado, segundo o palestrante, será a extinção de alguns setores da indústria, como autopeças, por exemplo. Ele também discorreu sobre a importância do movimento sindical nessa fase de transição para a neoindustrialização, no sentido de organizar os trabalhadores para evitar que a mão de obra humana seja descartável. 

A Conferência do Macrossetor ainda contou com a exposição do presidente do Instituto do Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (TID Brasil), Rafael Marques da Silva Junior. Ele participou de forma virtual e, além de mostrar o atual contexto e os desafios da indústria, falou que a educação crítica de alta qualidade é fundamental para garantir direitos e melhores condições de trabalho para as próximas gerações de trabalhadores.

Marques também destacou a necessidade de maior intervenção dos sindicatos nos meios governamentais e setores organizados da sociedade, mencionando que os empresários têm seus assentos nessas esferas e, portanto, é justo que os sindicatos conquistem seus lugares nesses espaços de poder.

Nas intervenções dos participantes da Conferência, os temas mais abordados foram formação e qualificação profissional para o macrossetor da indústria; terceirização e precarização das condições de trabalho; saúde do trabalhador; preparação dos trabalhadores frente às inovações tecnológicas da indústria 4.0; fortalecimento das negociações coletivas; combate à informalidade; transição energética; inserção das mulheres no mercado de trabalho da indústria; redução da jornada de trabalho; e formulação frentes sindicais representativas no Congresso Nacional e nos parlamentos estaduais.  

O presidente do Sintrapav/PR, Raimundo Ribeiro Santos Filho, o Bahia, disse que os assuntos tratados no evento devem ser levados para instâncias superiores da Central e também aos poderes governamentais. Segundo ele, a conferência foi um passo importante para a consolidação da organização dos trabalhadores do setor da indústria no Paraná. “Entendo que a avaliação da conferência é positiva porque fizemos um debate ampliado com todos os setores que atuam na indústria, visando a construção de um modelo de organização diferente para a classe trabalhadora e possibilite a criação de políticas públicas. Queremos reagrupar esses vários segmentos da indústria para se contrapor às organizações empresariais e propor alternativas aos entes públicos. A ideia é a criar uma nova confederação, cuja representação atinja os setores envolvidos, mas sem tirar a independência e autonomia sindical das confederações e federações já existentes”, explicou.

Para o secretário de saúde do trabalhador da CUT-PR e coordenador estadual do macrossetor da indústria da Central, José Lima de Oliveira (Bocão), a conferência atingiu seu objetivo de dar a “contribuição do Paraná para a etapa nacional, que acontece no dia 18 de outubro, em São Paulo. Nosso estado fez a lição de casa, tirou seus encaminhamentos e espero que se consolidem como política nacional do macrossetor”, afirmou.