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Em que mundo vive Ricardo Barros?

CUT Paraná repudia declaração do ex-ministro da Saúde, e agora líder de Bolsonaro, sobre professores

Publicado: 23 Abril, 2021 - 10h14 | Última modificação: 24 Abril, 2021 - 11h49

Escrito por: CUT Paraná

Beto Barata/PR/Fotos Públicas
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O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) disse, nesta semana, que apenas os professores não querem trabalhar durante a pandemia. Em que mundo vive o ex-ministro da Saúde de Michel Temer? O Brasil caminha, rapidamente, para chegar em 400 mil mortos e deverá chegar ao meio milhão até o meio do ano, segundo cálculos de epidemiologistas.

Em que mundo vive Ricardo Barros? Certamente não o mesmo que a maioria da população brasileira. Há insumos básicos para o tratamento de pacientes, como oxigênio e o chamado “kit intubação”. A vacinação caminha vagarosamente enquanto os cronogramas são sempre revistos com metas para baixo. Isso porque o governo que representa rejeitou a compra de vacinas e sempre pregou o negacionismo.

Enquanto isso, no mundo real, famílias choram pelo luto dos seus entes queridos e amigos, muitos, inclusive, profissionais da educação. Enfrentam a falta de organização e planejamento dos gestores públicos para continuar lecionando de forma remota. Vácuo semelhante que leva o Brasil a ser um pária internacional no que diz respeito ao combate à pandemia.

O mesmo Ricardo Barros que pouco mais de um mês atrás, quando se aproximava das 300 mil mortes, disse que o Brasil vivia uma situação “confortável”. Poderia ser demagogia para atender a sua base de sustentação, formada majoritariamente por empresários. Mas não é apenas isso. É a necropolítica que aposta na morte para garantir lucros. A mesma lógica vale para a tentativa de forçar, na marra, o retorno às aulas presenciais.

Este retorno é criminoso. Não apenas porque coloca em risco à vida dos trabalhadores e trabalhadoras em educação, das crianças e dos seus familiares. Mas também porque é sabido que o ano letivo presencial envolve uma série de fatores, como uso de transporte público, por exemplo, que amplia a concentração de pessoas e, por consequência, a circulação de um vírus para qual o Brasil não tem vacinas.

Em um país sério, Ricardo Barros já estaria preso por diversos outros crimes. Em um país mais ou menos sério, ele seria detido por crime contra a saúde pública e à vida. Contudo, no Brasil de Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Saúde de Michel Temer, denunciado por improbidade administrativa, é o porta-voz do executivo no poder legislativo.

Que a CPI da Covid-19 seja apenas o primeiro passo para apurar responsabilidades. Que ao final deste pesadelo que vivemos possam ser denunciados todos os responsáveis pelas milhares de mortes desnecessárias. Que gente como Ricardo Barros seja não apenas responsabilizada, mas punida pelo genocídio que acontece no Brasil.