Gente ruim é quem veta doação de comida e diz vomitar com cheiro de pobre, prefeito

Na última semana o Brasil ficou chocado. Não apenas com as mortes causadas pela Covid-19, que crescem de forma assustadora. Mas com um Projeto de Lei encaminhado pelo prefeito de Curitiba, Rafael Greca, à Câmara de Vereadores. O objetivo era multar quem distribuísse comida para pessoas em situação de rua sem autorização da gestão municipal. Após a grande repercussão negativa, a prefeitura voltou atrás e retirou a urgência do PL. 

Ao tentar justificar-se, o prefeito disse em uma rede social que a proposta foi “mal interpretada por gente ruim”. Gente ruim, prefeito, é quem tenta criminalizar a doação de comida. Gente ruim, prefeito, é quem diz vomitar ao sentir o cheiro de pobre. Gente ruim, prefeito, é quem continua privilegiando o pagamento das empresas de onibus em detrimento da vida dos trabalhadores e trabalhadoras que enfrentam um transporte coletivo lotado e correndo o risco de contaminação com o novo coronavírus. 

Frequentador das calçadas de granito do Batel e do Graciosa Country Clube, o prefeito certamente desconhece a realidade das periferias e das ruas do centro da capital paranaense. Cada vez mais pessoas estão morando embaixo de marquises, expostas ao tempo e à fome. Neste momento de pandemia, com o agravamento do quadro sanitário e da piora da economia, mais e mais moradores da cidade precisam da solidariedade. 

A atitude do prefeito contrasta com o que a sociedade civil. Movimentos sociais e sindicais, por exemplo, organizam mutirões para distribuição de alimentos e refeições para populações vulneráveis. Gás de cozinha são vendidos a preços mais baratos para facilitar o acesso e impedir o retorno de diversas famílias ao fogão à lenha. Enquanto isso, no maravilhoso mundo de Rafael Greca de Macedo, dentro de um gabinete protegido e com ar condicionado, o prefeito envia um projeto para impedir a doação de alimentos .

A justificativa, que aponta interpretação equivocada de “gente ruim”, ocorre somente após a grande repercussão nacional e que, inevitavelmente, levou a todos lembrarem de quando proclamou vomitar ao sentir o cheiro de pobre. Um prefeito que não gosta de camadas populares e busca, a cada ação, deixar esse sentimento cada vez mais evidente. 

A CUT Paraná repudia a iniciativa da prefeitura de Curitiba, que mais do que uma política higienista, desta vez, atingiu o nível de sádica e cruel. A Central une forças aos movimentos sociais e entidades da sociedade civil que lutaram e lutarão pela não aprovação desta aberração que tramita na Câmara de Vereadores da capital paranaense.