Gestor da Regional Matriz zomba no Facebook de servidora que pedia EPI's
Falta de máscaras de proteção em unidades de atendimento da FAS foi minimizada em rede social
Publicado: 06 Abril, 2020 - 13h24
Escrito por: CUT Paraná

Em vez de somar-se na buscar por alternativas para conseguir mais equipamentos de proteção individual para trabalhadores e trabalhadoras na ponta dos serviços de saúde, gestores da administração do Prefeito de Curitiba, Rafael Greca, preferem utilizar as redes sociais para minimizar as críticas. Pior: zombam dos servidores que estão na linha de frente do atendimento de parcelas vulneráveis da população.
O fato aconteceu na última semana, quando uma servidora que trabalha em uma das unidades da Casa do Piá, que atende jovens em conflito com a lei. “Fiz esse pedido para a gerência, mas sei que também depende níveis administrativos acima. Algumas estão chegando, mas é difícil. A crítica é no geral contra a FAS, que deveria preparar melhor seus servidores para o atendimento. O risco não é apenas de quem está trabalhando na ponta, mas sim, de toda a população, pois podemos além de ficar doentes, nos tornarmos disseminadores da doença em pessoas vulneráveis”, explica a servidora Alessandra Leite.
De acordo com ela, após fazer um desabafo em uma rede social na qual expunha a situação, foi surpreendida por um deboche de um dos gestores da Regional Matriz, da gestão de Rafel Greca. “Será que ela não pode pedir a superior dela, ou ela acha que páginas e grupo de Facebook são formas de se chegar às necessidades de trabalho (sic). Bem típico desta gentinha de sindicato. Até porque casa do piá quatro é bem local de gente que vem do exterior né (sic). Me poupe, existem prioridades”, escreveu Fernando Cogrossi.
A postagem, que além de explícito preconceito contra trabalhadores e trabalhadoras envolvidos com entidades de organização da classe trabalhadora, expõem o desconhecimento da doença, como se ela atingisse apenas pessoas que viajam para o exterior. “Eles dizem que é apenas para a população em situação de rua, mas estas unidades de abrigo também são. As pessoas chegam e saem, podendo ser transmissores da doença”, relata Alessandra.
Ainda segundo ela, a prioridade da administração municipal está nos atendimentos de rua. “Até porque é vitrine, né? Nestes locais existem equipamentos de proteção individual e sim, são necessários. Mas não são os únicos que precisam deste tipo de material. É preciso atender todas as unidades pois todos podem ser transmissores em potencial do novo coronavírus”, completa.
O presidente da CUT Paraná, Márcio Kieller, criticou a postura do gestor e da prefeitura. “Não há nada mais importante no momento que proteger a vida das pessoas. Isso só é feito a partir do isolamento e das medidas de segurança para trabalhadores e quem é atendido. Não fornecer EPI's é um crime, assim como, reduzir a sua importância como fez o gestor da Matriz. Desconhecimento, preconceito e irresponsabilidade em apenas uma ação”, ponderou.