Livro sobre privatização do Banestado é lançado durante último capítulo da webserie
CUT Paraná produziu, em três capítulos, série de entrevistas que contam a história da venda do banco
Publicado: 16 Outubro, 2020 - 12h26 | Última modificação: 19 Outubro, 2020 - 10h42
Escrito por: CUT Paraná
Foi ao ar, nesta sexta-feira (16), véspera do aniversário de 20 anos da privatização do Banestado, o último capítulo da websérie produzida pela CUT Paraná que conta a história da venda do banco estatal. Durante o programa, o presidente da Central e ex-funcionário da instituição financeira, Márcio Kieller, conversou com o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Antônio Luiz Fermino, com a jornalista Durce Figueiredo e com Marisa Stédile, ex-presidenta do Sindicato dos Bancários. Ambas também são organizadoras da publicação.
Ex-presidenta do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Marisa Stédile, que é uma das organizadoras do livro, recordou da CPI do Banestado que mostrou diversas irregularidades, que são contadas no livro. “A página 1.028 do relatório (da CPI) mostra que correntistas do banco que fizeram empréstimos junto à instituição não pagaram nem o que foi contratado. Uma empresa chamada Rio Paraná fez uma transação por intermédio do Goldman Sachs e comprou do Itaú, uma carteira de créditos, por 2% do seu valor inicial. Depois, na cobrança dos correntistas, deu desconto de mais de 50%. Todos esses correntistas, as empresas com dívidas com o Banestado e seus nomes não foram explicitados porque o juiz Sergio Moro, da 2ª Vara da Fazenda Pública, considerou o sigilo no processo e a sociedade paranaense não ficou sabendo o nome de quem lucrou com esse processo”, lembrou.
A jornalista Durce Figueiredo, uma das organizadoras do livro, reforçou a importância da obra de ter sido construída de uma forma coletiva e alerta que a privatização do Banestado deveria servir de exemplo para o atual cenário brasileiro. “Desde aquela época eu tinha essa vontade de contar como foi a verdadeira história da privatização do banco. Mostrar o que estava por trás daquilo tudo. Esse projeto ficou adormecido. Mas este ano, vendo os ataques aos outros públicos, pudemos organizar esse livro. Não foi escrito individualmente e essa é a riqueza, pois temos a visão de mais de 16 funcionários que contam a história a partir do seu ponto de vista. Vale a pena as pessoas lerem esse livro porque mais do que lembrar a história de um banco importante para o desenvolvimento do Paraná, mostra como este processo de privatização foi fraudulento. São 20 anos sem nada para comemorar, só lamentar. Que siga de exemplo para evitar que o mesmo aconteça com outros bancos públicos e estatais”, avisou.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Antônio Luiz Fermino, destacou a importância das empresas públicas e reforçou, neste sentido, que o Banestado deve servir de exemplo. “Temos que ter claro: quando banco tem caráter social, parte do lucro dele retorna, assim como empresas públicas. Na CEF, por exemplo, 40% do que é arrecadado só com loterias, retorna para a sociedade por meio do Minha Casa Minha Vida, do FIES, do programa de incentivo ao esporte amador. Se este governo aponta para venda das loterias da Caixa, esses 40% viram margem de lucro para a empresa que adquirir as loterias da Caixa. Já faz alguns anos que a Contraf e os sindicatos levam um campanha chamada 'Se é Público, é para todos'. Temos que resgatar uma história que foi extremamente prejudicial para o estado e municípios do paraná. Para que não se repita. Infelizmente hoje eles tentam nos convencer que o privado é melhor, mas se você não tem dinheiro, você é que é privado de tudo”, enfatizou.
O presidente da CUT Paraná, Márcio Kieller, comentou o papel do resgate histórico da websérie e também do livro. “Quando trabalhava no Banestado tinha uma perspectiva otimista quanto ao papel social que o banco cumpria. Mas o que acabou acontecendo foi que a voz do empresariado e da elite bancária deste País foi ouvida. Enquanto isso, do outro lado, pequenos empresários, agricultores familiares e quem dependia da força do estado para o seu desenvolvimento, ficaram largados. Esta websérie e o livro são fundamentais para fazer este resgate histórico do banco, da história que envolve seus funcionários e também dos reflexos da privatização. Neste sentido, creio que nosso objetivo com a websérie e das organizadoras do livro está cumprido e seguimos alertando que a privatização de empresas estatais atendem interesses econômicos de poucos em detrimento de toda a sociedade”, analisou.
A websérie sobre os 20 anos da privatização do Banestado é uma produção da CUT Paraná com apoio do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região e da Fetec-CUT-PR. Durante o último episódio também foram exibidos vídeos com depoimentos de autores do livro que resgatam a história do banco paranaense.
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