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Lutas do passado, presente e futuro são os destaques da abertura do 15º CECUT-PR

Aproximadamente 300 pessoas participaram da cerimônia na noite de sexta-feira (28) 

Publicado: 29 Julho, 2023 - 09h19 | Última modificação: 29 Julho, 2023 - 09h29

Escrito por: CUT-PR

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Com a presença de aproximadamente 300 pessoas foi realizada nesta sexta-feira (28), na Associação Banestado, localizada na Praia de Leste, no litoral paranaense, a abertura da 15ª edição do Congresso Estadual da CUT Paraná, (CECUT-PR).

O evento contou com a presença de importantes lideranças políticas e sindicalistas que ressaltaram a importância de ampliar os debates e as estratégias de lutas da classe trabalhadora para os próximos quatro anos, dentro do contexto da mudança de pensamento e comportamento proporcionado com a o retorno de Lula à Presidência da República.

Com uma nova conjuntura política e a construção de novos modelos democráticos, a vice-presidenta da CUT Brasil, Juvandia Moreira, apresentou o caminho que a direção nacional da Central toma para debater as estratégias e promover as melhorias necessárias com o objetivo de fortalecer da classe trabalhadora. Os debates que estão sendo construídos nos estados, com as especificidades de cada localidade, permitirá uma visão ainda maior sobre as necessidades existentes.

Para a vice-presidente da CUT nacional, este é o momento de organização e que está sendo baseado em três eixos principais: a organização sindical, a democracia e a promoção sociais. “A importância dos sindicatos é algo que precisamos debater muito porque tem muita gente que tem direitos, mas não sabe de onde vem esses direitos. Os sindicatos foram fundamentais para fazer a resistência. A resistência às privatizações, a retirada de direitos”, destacou. Juvandia, lembrou ainda que o Jair Bolsonaro queria aprovar a capitalização, o modelo individual de previdência, com reservas individuais e que os sindicatos atuaram de maneira fervorosa para evitar um grande desmonte. “Fomos a resistência e agora temos que debater a reconstrução do Brasil nos vários aspectos”.

O presidente da CUT-PR, Marcio Kieller, ressaltou a necessidade do debate dos representantes sindicais para a melhoria do cenário voltado ao trabalhador do campo e das cidades e da valorização salarial. Ele lembrou que a pauta política do ultraliberalismo tem caminhado para o enfraquecimento dos representantes dos trabalhadores, com a aplicação de regras, pelo governo federal anterior, que impedia o desconto da contribuição sindical em folha. O atual governador do Paraná, Ratinho Jr, também seguiu a mesma linha e deliberou contra os representantes dos professores.  “Nesses três dias que estivermos aqui, dedicar para que pudéssemos discutir políticas, as demandas da classe trabalhadora”.

Com a CUT prestes a completar 40 anos de muita luta em defesa dos trabalhadores por todo o país, o deputado Federal Tadeu Veneri exaltou o embate promovido por representantes que nunca desistiram em buscar os direitos laborais. “Depois de um tempo de tempo tão difícil, de tantas incertezas, de tanta negação, nós estamos aqui. Essa luta é de trabalhadores e trabalhadoras que nos representaram e seguem nos representando”.

Regina Cruz, ex-presidente da CUT-PR e superintendente regional do Trabalho no Paraná enalteceu a volta dos Ministérios do Trabalho, da Mulher e da Desigualdade Social. Com a reabertura dessas estruturas sociais, encontrar soluções para as demandas tem um caráter mais amplo, sendo que há pessoas que estão debatendo as necessidades atuais. “Foi muita luta e muita resistência para estarmos aqui construindo políticas públicas para o povo e para a classe trabalhadora. Vamos reconstruir esse país enquanto governo para que a gente fortaleça cada vez mais”.

A reconstrução do país também foi destacada pelo ex-governador Roberto Requião que explicou a importância dos debates porque não há um governo de poucos, mas uma frente de esperança que se transformou em um movimento extraordinariamente amplo. “Só a continuidade da força e da energia de vocês, na resistência, pode viabilizar uma pressão para que o Brasil ande para frente”.

O movimento social possui tamanha importância para o dia a dia das pessoas que nos últimos anos houve o aparecimento de lideranças que se desenvolveram nas bases da sociedade. A vereadora por Curitiba, Giorgia Prates, foi uma das pessoas que estiveram à frente dos vários debates que surgiram nos últimos anos e destacou a importância da unificação das entidades e da discussão de ideias relevantes para a comunidade. “As pessoas precisam de pautas verdadeiras e precisamos realmente colocá-las em prática”.

A retomada dos encontros do Fórum da Liberdade Sindical no último ano traz aos (as) trabalhadores (as) um reforço na luta contra práticas antissindicais no Paraná. Contando com um coletivo composto por centrais, sindicatos e representantes do Ministério Público do Trabalho do estado, permite ampliar os debates e evitar que empregadores possam desenvolver ações contra os empregados dentro da diversidade do mundo do trabalho. A função da CUT nesse cenário é fundamental para a unificação dos sindicatos. “A CUT se consolida no país na efetividade dos direitos sociais e pela luta do regime democrático, trazendo um modelo de organização que implode o conceito de categoria, entre outras coisas, e tenta defender efetivamente os direitos”, explicou o procurador do Ministério Público do Trabalho do Paraná, Alberto Emiliano.

No mesmo pensamento, o representante da UGT, Manasses Oliveira, destacou que a CUT possui um papel importante para realizar as mudanças necessárias para que os (as) trabalhadores (as) possam ter os seus objetivos. Essa representatividade é essencial durante esse momento de reconstrução. Oliveira destacou acontecimentos recentes, como a tragédia que vitimou oito trabalhadores e feriu outros 10 em uma cooperativa em Palotina, no Oeste do Paraná. “A gente vê ainda, a gente sente. A gente viu o que houve e vemos ano a ano a distribuição de rendas das cooperativas e esquecem dos nossos trabalhadores, de investir no que mais precisam”.

A vereadora de Guarapuava, Cris Wainer, foi enfática em sua fala considerando que há um compromisso dos cidadãos e cidadãs de fazer com que todas e todos se entendam como classe trabalhadora. Desta forma, ampliando os debates e reforçando a necessidade da aplicação de políticas que atuem em favor dessa parcela da população. “Esse é o lado da democracia, daqueles que acreditam em um país mais justo e igualitário”.

Já o vereador Anderson Prego, de Colombo, na região metropolitana de Curitiba, reafirmou as conquistas do atual governo em apenas sete meses de gestão. “Conseguimos muitos avanços, trazer novamente lutas e leis que beneficiam a população mais empobrecida desse país, como o Bolsa Família, baixamos os combustíveis e produtos a cesta básica, beneficiando o trabalhador”. Ele também relembrou da importância da luta nas bases e da necessidade de filiação dos sindicatos à CUT.

O vereador de Jacarezinho, Professor Nilton Stein, relembrou que a classe trabalhadora sempre lutou por alguns princípios, como igualdade, liberdade e solidariedade. “Esses princípios só vãos e concretizar quando tiver moradia digna, famílias bem alimentadas e educação e saúde de qualidade. Esses princípios, a CUT já lutou na década de 80 e foram incluídos na constituição federal e hoje nós lutamos para se concretizar a cada dia”.

O avanço da extrema-direita em diversos países latino-americanos e os desafios a serem enfrentados pelos (as) trabalhadores (as) nesses locais foi destacado pelo secretário-geral da CSA, Rafael Freire. Entretanto, ele destacou que ainda há melhor debate em governos de esquerda progressistas do que um gestões de direita e reforçou a necessidade da mobilização. “Na CSA enfrentamos governos muito difíceis pela América Latina. Na Guatemala se enfrenta um golpe eleitoral, no Haiti está uma situação caótica, há problemas no Equador e no Peru, e os sindicatos enfrentam essas questões”.

O deputado estadual Requião Filho recordou  que no atual cenário nacional não há industrialização, emprego e empresas e que o evento pode ser uma oportunidade para que os delegados e delegadas possam desenvolver estratégias que visem renda e salário. “Para colocar um teto para sua família, tem que ter a renda, não endividamento”.

A perspectiva de um cenário cada vez melhor para o brasileiro também foi destaque na fala do coordenador técnico do Dieese no Paraná, Sandro Silva, mostrando reação frente a um cenário de sete anos de atrasos e desmontes de direitos. “Esperamos agora que possamos lutar por melhores condições de trabalho, para a população de forma geral, e termos um avanço”. Ele lembrou ainda que no Paraná houve um período de perdas para os servidores estaduais e de muitos ataques contra os movimentos sindicais. Para ele, é fundamental retomar o protagonismo do movimento sindical e o fortalecimento das negociações coletivas.

A secretária de mobilização e movimentos sociais CUT Brasil, Janislei Albuquerque, trouxe um pouco da história brasileira, explicando sobre o pensamento escravocrata e como o comportamento humano é influenciado por esse sentimento. Diante desse cenário que acontece até hoje, a CUT reuniu pessoas que buscavam avançar nas políticas voltadas aos trabalhadores. Criada em um momento de ditadura militar, os primeiros representantes lutaram para que os direitos fossem reconhecidos. Ela lembrou que no Brasil apenas 11% dos trabalhadores são sindicalizados e que nos Estados Unidos esse índice é ainda menor. “Isso porque o capital trabalha o tempo todo para criminalizar o trabalho e os trabalhadores”.

A CUT participou ativamente do movimento pela constituinte. Mesmo com as reformas que tiraram direitos ainda foi um avanço para nós. “A CUT tem feito um trabalho, ao lado das demais centrais sindicais, para retomarmos o processo democrático. Fomos juntos contra o Bolsonarismo e pela primeira vez um presidente candidato à reeleição foi reprovado", destacou o deputado estadual Professor Lemos.

O representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Edson Marcos Bagnara, destacou a virada de jogo no cenário político a partir da organização das trabalhadoras e dos trabalhadores. "Esses últimos anos fomos empurrados para uma condição que nos levaram a derrotas. Mas também foi um período que nos ensinou e nos agrupou. Fizemos várias batalhas, acertamos a nossa luta. Recolocamos um presidente que foi preso na presidência da república novamente. Isso não é qualquer país, não é qualquer classe trabalhadora que faz", declarou.

Ao longo do final de semana as delegas e delegados de todo o Paraná realizarão debates, elaborarão um plano de lutas para os próximos quatro anos, além de escolherem os representantes do Estado no no 14º CONCUT, que acontecerá entre os dias 19 e 22 de outubro, em São Paulo. Eles ainda terão a missão de escolher a nova direção da Central para os próximos quatro anos.

Entre as principais pautas de debate estão a análise de conjuntura, balanços e perspectivas, defesa dos direitos da classe trabalhadora, de gênero, raça e diversidade sexual, estratégias e sustentação e comunicação sindical.