Manifestação contra impeachment leva mais de duas mil pessoas às ruas de Curitiba
Ato fez parte de mobilização nacional organizada por movimentos populares, centrais sindicais e organizações estudantis.
Publicado: 17 Dezembro, 2015 - 12h06
Escrito por: Camilla Hoshino, Pedro Carrano, Riquieli Capitani e Gibran Mendes / BR de Fato

Movimentos populares, entidades sindicais e organizações estudantis e da juventude realizaram uma manifestação na tarde de hoje (16), no centro de Curitiba. O ato está inserido dentro de um momento unitário da esquerda brasileira, que traz como pautas a defesa da democracia, a crítica ao ajuste fiscal e a exigência de que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) seja cassado.
“Apenas com a defesa da democracia e contra o golpe é que vamos conseguir avançar na defesa de mais direitos, na conquista de melhoria nas condições de vida e também barrar o avanço conservador da direita e do imperialismo que querem impor uma agenda de ajuste”, afirmou o integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Robson Formica.
As pautas defendidas levaram mais de duas mil pessoas ao ato, que teve início na Praça Santos Andrade, no centro da cidade. Após a concentração com participação de artistas populares, como o bloco carnavalesco Garibaldis e Sacis, os manifestantes marcharam pela rua Marechal Deodoro, passando pelo calçadão da rua XV de novembro até o encerramento na Boca Maldita.
A presidenta da CUT-PR, Regina Cruz, reforçou que um eventual impedimento de Dilma Rousseff significaria um retrocesso muito grande para a classe trabalhadora. Apesar disso, defendeu uma outra posição da atual política econômica.“Não vamos aceitar a agenda da precarização e da terceirização no mundo do trabalho e das privatizações”, disse.
Unidade
O integrante da direção estadual do MST, Diego Moreira, lembrou que este é um momento importante da história da democracia brasileira, que exige unidade da esquerda. “Precisamos estar todos mobilizados para impedir que um novo golpe aconteça no país”, afirmou.
No estado, esta unidade se reflete na articulação organizadora do ato em Curitiba, que reúne sindicatos, organizações estudantis, de mulheres e de direitos humanos, ao lado de movimentos sociais, centrais sindicais e organizações da juventude no Fórum 29 de abril. O espaço foi criado no contexto de articulações das lutas populares, logo após os abusos autoritários do Governo Beto Richa (PSDB-PR) contra os professores e servidores estaduais da educação durante a greve do início do ano, no episódio que ficou conhecido como “Massacre do Centro Cívico”. Em plenária, o Fórum decidiu continuar se organizando como parte da Frente Brasil Popular no estado.
Cassação de Cunha
Os manifestantes encerraram o ato com a notícia de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicitou ao Supremo Tribunal Federal o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do cargo de deputado federal e, consequentemente, das funções na Presidência da Casa. Segundo o procurador, Cunha é listado em uma série de eventos que indicam sua participação em organização criminosa, uso de cargo a seu favor e tentativa de obstrução das investigações criminais.
Além disso, o presidente da Câmara é alvo de críticas em virtude dos projetos conservadores que tem defendido e colocado em tramitação. “Cunha representa um ataque a todas as conquistas e avanços das mulheres no Brasil”, defendeu Elza Campos, do PCdoB, fazendo referência ao PL 5069- de autoria de Cunha e aprovado em outubro pela Câmara-, que dificulta aborto após estupro e pune a venda e abortivos.
A vice-prefeita de Curitiba, Miriam Gonçalves (PT-PR), também esteve presente na mobilização. “Estão tentando de todas as maneiras impossibilitar as ações do governo federal. Não vão derrubar aquilo que conquistamos com o votos, pois temos força, temos a nossa militância e a nossa ideologia”, enfatizou.
Os atos contra o impeachment aconteceram por todo o Brasil e chegaram a reunir milhares de pessoas em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Veja mais imagens do ato aqui.