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Trabalhadores do Paraná fizeram 14 denúncias de assédio eleitoral só no PortalCUT

No Ministério Público do Trabalho foram feitas, no total, 50 empresas denunciadas no Estado

Publicado: 20 Outubro, 2022 - 15h39 | Última modificação: 20 Outubro, 2022 - 19h29

Escrito por: Gibran Mendes, da CUT-PR | Editado por: Marize Muniz

Dolphin di Luna/Secom-CUT
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O número de denúncias de assédio eleitoral não para de crescer em todo o país,  esepcialmente nas regiões Sul e Sudeste. Somente na ferramenta disponibilizada pelo PortalCUT já são quase 200 denúncias contra patrões que pressionaram ou ameaçarqam de demissão trabalhadores que não votassem no candidato deles, Jair Bolsonaro (PL), o presidente que mais tirou direitos sociais e trabalhistas da história. Como a direção da CUT Nacional vem alertando, patrão que ameaça demitir se o ex-presidente Lula (PT) vencer, quer manter privilégio e tirar mais direitos dos trabalhadores.

No Ministério Público do Trabalho (MPT) o total de denúncia contra esse crime eleitoral é ainda maior: 706 denúncias foram registradas até esta quarta-feira(19), de acordo com o último balanço do órgão - deste total, 14 foram feitas por trabalhadores do Paraná. NO geral, o MPT já denunciou 50 empresas à Justiça Eleitoral ou aos tribunais regionais do trabalho.

O assédio eleitoral contra os trabalhadores e trabalhadoras começou a aumentar depois do dia 3 de outubro, um dia após o primeiro turno da eleição que definou que haveria segundo turno entre Lula e Bolsonaro. Desde então, os MPTs estaduais já assinaram diversos Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) com patrões se comprometendo a não mais intimidar trabalhadores, como foi o caso do dono da Stara, no Rio Grande do Sul, e também se desculpando nas redes socais, como três empresas gaúchas tiveram de fazer. Ou ainda  pagando comerciais em rádios locais sobre a importância do voto livre, como foi o caso de uma empresária baiana que sugeriu aos colsegas do agronegócio 'demitir sem dó' todo trabaçhador que declarasse voto em Lula.

Até agora, nenhum foi preso. Para o ministro Alexandre Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando a Justiça começar a prender, a onda de crimes eleitorais para. Mas aí a eleição pode ter terminado com enorme prejuízo para o processo eleitoral democrático.

Enquanto isso não acontece, o número de casos de assédio eleitoral não para de crescer pelo desespero de quem vê seus planos de continuar sendo privilegiado, em troca da exploração do trabalhador ir para o brejo, avalia o presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller.

"Mas há outro fator que é preciso levar em consideração: a impunidade. TAC´s e multas estão se mostrando insuficientes para conter a onda de abusos e crimes eleitorais", critica o dirigente.

Precisamos de medidas mais drásticas e severas para coibir esse tipo de prática que é um crime não apenas contra os trabalhadores e trabalhadoras coagidos, mas contra a democracia e também contra a nação.
- Marcio Kieller

As denúncias formalizadas no Portal CUT contêm relatos chocantes. Desde ações “simples”, como questionários sobre o candidato de preferência do empregado seguido de coação caso não seja o mesmo do patrão, até ameaças de demissões e fechamento de empresas, como é o caso do trecho de denúncia abaixo feita por um trabalhador que não quis se identificar.

Meu encarregado falou que o meu desempenho era bom, porém tudo depende qual candidato ganhar. Isso foi dito após eu perguntar se seria mandado embora. Sei que estou na mira.
- Denúncia no PortalCUT

Em outra denúncia a trabalhadora reforça “as coações partem do proprietário da empresa que afirma que os funcionários que não votarem no candidato de sua preferência irão ser todos demitidos. Ele ainda persegue aqueles que não declaram e postam em suas redes sociais o voto no seu próprio candidato”. O relato vem acompanhado do nome da empresa, do patrão e seu perfil nas redes sociais.

Há ainda casos no qual a coação vem transvestida de premiação. Oferta de folgas, premiações em dinheiro e até festas. “A direção ofereceu R$ 300 de bônus a cada funcionário, além de confraternização e dias de folga em caso da vitória do seu candidato. Ameaçou demitir indiscriminadamente funcionários caso o seu adversário seja eleito. Após o primeiro turno demitiu, sem justa causa, vários funcionários para dar exemplo e reiterou suas ofertas e ameaças”, completou.

O presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller, relata que em reuniões do Conselho Estadual do Trabalho, que reúne representantes dos trabalhadores, dos patrões e do Governo do Estado, reforçou a importância das entidades patronais se engajarem nas campanhas contra o assédio moral. Além disso, a central tem participado de diversas reuniões como o Ministério Público do Trabalho e reforçado a campanha para denúncias no interior do Estado por intermédio de suas regionais.

“Vamos seguir com a fiscalização e tentando o diálogo. Mas o mais importante neste momento são punições pedagógicas que tenham como objetivo coibir esse tipo de prática. Infelizmente, o que percebemos até agora, é que as ações estão sendo insuficientes para evitar a coação e o assédio eleitoral”, completou.

Crescimento

A análise de Kieller encontra eco no último boletim divulgado pelo Ministério Público do Trabalho na quarta-feira (19). O número de denúncias cresceu 58% em apenas 24 horas. Foram 447 para 706, ou seja, 259 denúncias em apenas um dia.

Na frente do ranking está a região sudeste, com 284 casos. A região Sul, que liderava a lista, está em segundo lugar com 212 registros. Na sequência estão as regiões Nordeste (118), Centro-Oeste (48) e Norte (44).

Assédio eleitoral pe crime. Denuncie

Os casos podem ser denunciados no site do MPT e pelo aplicativo MPT Pardal. As denúncias também podem ser feitas no Portal da CUT Nacional e  na plataforma na internet das centrais sindicais.