Quarta Sindical debate a guerra híbrida e estratégias em rede
O secretário de comunicação da CUT Brasil, Roni Barbosa e o escritor Marcelo Jugend debaterem o tema
Publicado: 14 Julho, 2021 - 12h25 | Última modificação: 15 Julho, 2021 - 11h04
Escrito por: CUT-PR
Nos últimos anos o termo “guerra híbrida” ganha cada vez mais relevância nos debates do campo progressista. Ao mesmo tempo, a necessidade de articulação em rede para combater as imensas redes de fake news organizadas pela extrema direita, compõem este cenário. Para debater estas duas linhas de estratégias, o Quarta Sindical desta semana recebeu o secretário de comunicação da CUT Brasil, Roni Barbosa e o advogado e escritor Marcelo Jugend, autor do livro O que você pensa que você pensa, não é você quem pensa: A guerra híbrida no Brasil”.
Jugend detalhou as características da guerra híbrida como conceito e como ela surge, após a guerra do Iraque, como uma nova forma dos Estados Unidos da América fazerem valer seus interesses em outros países. Os fuzileiros navais, que frequentemente desembarcavam em outros países com este objetivo, foram substituídos por um conjunto de estratégias que desestabilizam regimes até que eles sejam substituídos.
No Brasil, segundo o autor e advogado, estas condições surgiram a partir das chamadas jornadas junho de 2013. “Esse conjunto de interesses sentiu-se ameaçado já em 2003, na posse do ex-presidente Lula, porque evidentemente ele faria um governo ortodoxo conforme o desejo dos Estados Unidos. Mas neste momento não existiam condições objetivas para a troca de regime”, explicou. A oportunidade apareceu com as manifestações dez anos depois.
Segundo ele, há um conceito dentro da guerra híbrida, chamado guerra total em rede. Foi este o ponto de virada no Brasil“Com as manifestações de junho de 2013, que eram sem uma pauta específica, sem liderança específica, com a população reivindicando um avanço civilizatório no País, com várias pautas, de todos os tipos, muitas inclusive conflitantes entre si. Com aquela multidão mobilizada isso gerou as condições. As jornadas de junho não foram às ruas contra o governo. Foram protestar pelos 20 centavos e por mais um monte de outras pautas, mas ninguém pediu a queda do governo. Mas há um momento em que entra a possibilidade destas pessoas serem doutrinadas para efeito da troca de regime. Não é coincidência que surgem movimentos, que hoje sabemos que são financiados pelo exterior, como o Vem pra Rua, MBL, Revoltados online, surgem todos ali, em 2015, com financiamento pesado e começam a fazer trabalho de conversão do movimento de massa de junho, que não tinha pauta e passa a adotar a pauta do impeachment. Aqui é a alteração básica, quando a guerra híbrida ganha suas condições. É uma manobra bem articulada de construção de narrativa”, completou.
O secretário de comunicação da CUT Brasil, Roni Barbosa, destacou a importância do movimento sindical e dos setores progressistas da sociedade, entenderam essa dinâmica e participaram das articulações em redes. “Fizeram acreditar que estávamos no fundo do poço quando estávamos no ápice e com isso apoiaram a Lava Jato, o golpe contra Dilma e isso fez com que o Brasil decaísse e todas as medidas que fizeram desde então só aprofundaram a crise política e econômica”, comentou.
Roni Barbosa, que é trabalhador petroleiro, citou como exemplo o desmonte da indústria petrolífera nacional. “Em 2014 começa a operação lava-jato que vem para desconstruir um dos pilares da economia brasileira, que era o setor petróleo, com inúmeras obras. Usando o discurso de combate à corrupção destruiram parte da economia brasileira e com base nisso paralisaram o setor no Brasil. Já não temos mais a BR distribuidora, muitas plataformas foram vendidas e proposta do Governo Federal agora é entregar 8 das 16 refinarias que o Brasil tem. Em Salvador uma já foi anunciada a venda por metade do preço que vale. Estamos em um saldão”, completou.
Para ele, o desafio é organizar essa articulação para enfrentar a guerra híbrida, que segundo a avaliação do secretário de comunicação da CUT Brasil, veio para ficar. “Tudo isso nos leva à reflexão da nossa capacidade de entender o que estava acontecendo e reagir de maneira adequada. Onde nós mais vemos isso hoje é nas redes sociais. No processo de enfrentamento é que vemos o quanto a extrema direita e a direita estão organizadas. Não é só militância, eles têm recursos, estão no Governo Federal e há uma articulação externa muito forte por trás do que está acontecendo e vem acontecendo no Brasil. Precisamos lamentar a perda da soberania ao ponto do Brasil, que tem o pré-sal e refinarias, está importando gasolina e diesel dos EUA. Estamos deixando de produzir para importar. Olha a inversão que eles fizeram no Brasil”, exemplificou.
No programa desta quarta-feira (14) você também confere um vídeo com análise exclusiva do jornalista e professor universitário Mário Messagi Júnior, o ataque à Cuba a partir de uma guerra híbrida a partir de 11 de julho deste ano, o interesse dos EUA no Pré-Sal, o papel do BRIC's, o futuro da fake news com o deep fake, das mídias sociais e muito mais. Não esqueça, toda quarta-feira, às 11h30, temos um compromisso: um novo programa com um tema de interesse dos trabalhadores e trabalhadoras. Você confere ao vivo em nosso perfil no Facebook, da CUT Brasil, Brasil de Fato Paraná e perfis e páginas parcerias que retransmitem o programa.