“Velha Guarda” dos metalúrgicos visita a Vigília Lula Livre
Ex-presidente da CUT, Jair Meneguelli, se emociona ao falar do amigo e brinca com grupo de 46 aposentados que viajaram até Curitiba
Publicado: 13 Setembro, 2018 - 15h23 | Última modificação: 13 Setembro, 2018 - 15h55
Escrito por: Gibran Mendes
Quarenta e seis representantes da “Velha Guarda” do Sindicato dos Metalúrgicos da Região ABC visitaram na manhã desta quinta-feira (13) a Vigília Lula Livre, em Curitiba. O grupo, que reúne ex-dirigentes e membros da Associação dos Aposentados, saiu de São Bernardo do Campo na manhã de quarta-feira (12) e já retornou em um “bate volta” esbanjando disposição que faria inveja para muitos jovens.
Eles entregaram um documento, por meio de Frei Chico, irmão do ex-presidente, que será entregue a Lula. Contudo, foram impedidos de visitar o amigo de décadas. Uma das pessoas que estava na comitiva é o ex-presidente da CUT, Jair Meneguelli. Para ele o cenário político e social é difícil, mas nunca ninguém disse que seria fácil.
“O que vamos observando ao longo do tempo é que muito difícil porque é uma luta de classes. Alguém querendo mais espaço e alguém querendo não dar mais espaço. Às vezes você ganha, às vezes você perde. Avança e recua. Vamos viver eternamente lutando e não vamos esmorecer”, garantiu.
Meneguelli também elogiou a Vigília Lula Livre que completou 160 dias de resistência em frente ao prédio da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde está o ex-presidente. “Fizemos greves em São Bernardo que duraram dois, três dias. Outras de 41 dias, de 52 dias. Mas aqui a resistência é de 160 dias. Companheiros, homens e mulheres, aqui acompanhando o Lula e que já avisaram que só saem quando ele sair”, completou.
O ex-dirigente da central também lembrou de momentos ao lado do ex-presidente e da 1º Dama Marisa Letícia, com quem conviveu durante décadas. Ele ficou emocionado ao lembrar de que estava tão perto de Lula mas impossibilitado de visitá-lo. “Comecei a participar do sindicato em 1977 e desde então nunca deixei de conviver com eles de forma assídua, sempre trocando ideias, conselhos e mantendo nossa amizade. Não nos foi permitido visitá-lo e entregar nosso documento. Fiquei na porta da PF esperando o Frei Chico para que levasse até o Lula. Mas, Meu Deus do Céu, por que eu não posso ver o Lula? Por que me tiram esse direito?”, questionou emocionado.
Meneguelli, contudo, em outros momentos brincou com a situação de um onibus com a velha guarda fazer uma viagem destas. “É uma `velharada' desgraçada”, disse enquanto ria. “Quase contratamos uma ambulância para vir atrás do ônibus. Todos com mais de 70 anos”, brincou.
Por último, o ex-deputado federal mostrou confiança no futuro próximo. "Os trabalhadores não vão desistir, sejam do campo ou da cidade, não vão desistir dessa luta. Com certeza absoluta essa eleição vai ser um marco e nós vamos eleger o Haddad presidente e Lula subirá a rampa com ele em 1º de janeiro”, projetou.
Memórias do cárcere - Outro membro da comitiva era Djalma de Sousa Bom. Ele participou da direção do sindicato ao lado de Lula e quando questionado sobre a primeira memória naquele momento não titubeou. “Vem a lembrança de abril de 1980 quando fomos presos. Ficamos 31 dias no Dops. Quer dizer, não é a primeira vez que o companheiro Lula está preso. Ficamos na mesma cela e, um momento triste, foi quando recebemos a notícia do falecimento de sua mãe”, recordou.
Bom destacou que a Vigília Lula Livre cumpre um papel fundamental para o apoio do ex-presidente. Não raro os depoimentos de quem visitou Lula dizem que ele busca animar quem chega para vê-lo. “Essa confiança e disposição é em virtude da presença dos companheiros e companheiras. Não falo por falar. Ele fez esse agradecimento na carta. Lula é uma liderança que precisa de afeto, de carinho, tocar as pessoas. Esse bom dia e o boa noite, Lula, eu tenho certeza que preenchem o vazio que ele sente lá dentro”, disse o ex-sindicalista.
“Gostaria também de dizer que como ele mesmo afirmou, Lula não é mais um ser humano. Ele é uma ideia e simbolicamente não existem grades ou prisões para ideais. Elas estão em nossas cabeças e nossos corações”, finalizou Bom.