Abertura da 17ª Plenária da CUT Paraná reforça defesa da soberania do Brasil
Avanços no projeto democrático e popular e do trabalho decente também fizeram parte dos temas centrais das análises de lideranças presentes na cerimônia
Publicado: 02 Agosto, 2025 - 10h19 | Última modificação: 04 Agosto, 2025 - 11h41
Escrito por: CUT-PR
A defesa intransigente da soberania do Brasil. Este foi um dos principais destaques da abertura da 17ª Plenária Estadual da CUT Paraná – David Pereira de Vasconcelos na noite desta sexta-feira (1). O evento acontece no auditório Assis Paulo Sepp, do Sinefi, em Foz do Iguaçu, e reúne lideranças sindicais e políticas de todo o Paraná para debater estratégias de luta para os próximos anos.
Durante a cerimônia, um ato público reforçou a defesa da soberania do Brasil. Cartazes foram erguidos e as análises dos participantes reiteraram que não há acordo quando se trata desta salvaguarda. Cartazes com palavras de ordem como "O Brasil é dos Brasileiros", "Brasil Soberano", "O Dono do Brasil é o povo brasileiro" e "O Brasil não se dobra" ficaram em destaque durante o ato realizado pelas lideranças presentes. Além disso, o cenário estadual, nacional e até internacional foi alvo de análise das lideranças na mesa de abertura do evento.
O secretário-geral da CUT Brasil, Renato Zulato, destacou o papel do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na defesa da soberania brasileira e analisou os movimentos do presidente dos Estados Unidos da América. “Estamos vendo a situação do Trump no mundo, mas o alvo é o Brasil. Qual é o jogo dele? Está pensando em 2026. Ele quer criar um Milei aqui no Brasil e não vai criar. Ele enfrentará um dos melhores jogadores da política mundial, que é o Presidente Lula. Não tem papo para vir ditar normas para o Brasil. O presidente Lula, junto com o ministro da Indústria e Comércio e vice-presidente Alckmin, fez reunião com os empresários, com o agronegócio, com as centrais brasileiras, cobrando responsabilidades. Quem apoiou Bolsonaro agora busca apoio do presidente Lula para salvar sua pele”, comentou.
Maria Laura Mourinho / GoWeb / CUT Paraná
“A ideologia do capitalismo é o lucro, é a exploração em cima da classe trabalhadora. Aqui no Brasil não vai vingar. Vamos defender a soberania nacional. Então, companheiros e companheiras, esta plenária acontece em um momento muito importante. Nós precisamos ir para a esquerda e combater a extrema-direita. Temos um papel muito importante. Onde está o Ratinho Jr? O Caiado? O Tarcísio de Freitas? Estão escondidos”, criticou.
O presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller, destacou tarefas e obstáculos que a classe trabalhadora terá pela frente nos próximos anos. Período no qual as estratégias debatidas na plenária serão fundamentais para o enfrentamento à extrema-direita, inclusive, mundial. “Os desafios são enormes. O principal deles é reeleger o presidente Lula, porque a gente conviveu durante quatro anos do governo do Crápula, um cara que estava fazendo política a serviço das elites, estava fazendo política a serviço de três ou quatro grandes banqueiros internacionais e nacionais. Ele também estava fazendo política para poucos grandes empresários e não dialogava com o movimento sindical”, lembrou.
“Resistimos bravamente porque nós somos companheiros de luta e não nos entregamos. Não apenas nacionalmente, como em nosso Estado também. Observamos a pressão que vem em cima da APP-Sindicato para retirar o cadastro único e reiterar a opção que os próprios filiados fizeram. São coisas que não funcionam, mas que atrasam a luta. Então, temos muitos desafios pela frente para manter um projeto popular, democrático e soberano para o nosso País”, completou Kieller.
A diretora executiva da CUT Brasil, Janeslei Albuquerque, também enfatizou a defesa do Brasil contra ataques externos e que o trabalho e a classe trabalhadora, efetivamente, é quem move o mundo. “Quem defende a soberania desse país? Quem é que não tem dúvida de que a soberania nacional tem que ser defendida? A classe trabalhadora. Quem tem consciência de classe e quem tem consciência de pátria? De onde nasceu? De onde os seus pés pisam? A segunda coisa que eu queria lembrar é que, geralmente, se diz que o mundo é movido pelo dinheiro. Não é. O que move o mundo é o trabalho. O que move o mundo é a classe trabalhadora. Portanto, a classe trabalhadora é a classe mais importante. Em qualquer sociedade. É por isso que tantos trabalham para que os trabalhadores não tenham consciência de classe”, evidenciou, citando como exemplo a grande mídia, a escola e agora, recentemente, as “big techs”, além de apontar que a CUT foi eleita como inimiga preferencial de setores conservadores da sociedade.
A vice-presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Marlei Fernandes, analisou a importância das plenárias da central e também o papel das delegadas e delegados neste momento, inclusive de aproximar quem já não acredita mais que é possível ter direitos sociais garantidos. “A plenária é um momento de congraçamento, de olhar este período histórico e ver como é bom a gente estar aqui novamente ou estar aqui pela primeira vez. Também é o momento da gente fazer a reflexão, da gente se encontrar, da gente fortalecer a nossa luta enquanto sindicatos organizados que somos, e pensar a luta da classe trabalhadora no nosso País e em nosso Estado. A direita continua violenta, como sempre foi. Segue nos atacando cada vez mais. Nós vivemos um ciclo duro, de resistência, de muita luta. De luta para que toda a classe, inclusive aqueles que não acreditam mais na carteira assinada, que não acreditam mais que um dia vão se aposentar, que não acreditam mais que podem ter direitos para a sua vida, estejam conosco. Esses são os desafios de classe, de central sindical, de sindicatos que nós temos para esta plenária”, elencou.
O secretário de comunicação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Elias Jordão, afirmou: “Estamos enfrentando há bastante tempo o crescimento da extrema-direita e do fascismo, assim como um Congresso desconexo e incompreensível. Quando você vê parlamentares levantarem uma bandeira do Trump contra o Brasil, você não entende. Este nosso desafio é muito grande. E também temos que lutar contra o adoecimento mental e da exploração, como trazido pela companheira Cristiane, do Sindicato dos Bancários. Na plenária dos 40 anos da CUT Paraná, observamos que este também é o problema de muitas categorias, ramos e confederações. Esta é uma luta de todos nós. Por isso, a importância de uma plenária com o campo e a cidade, com o público e o privado, e com toda essa diversidade”, destacou.
O presidente da Federação dos Empregados em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-CUT-PR), Deonísio Schmidt, criticou duramente a omissão do governador do Estado, Ratinho Jr, com relação ao tarifaço de Trump. “Essa plenária precisa condenar a forma como ele tem tratado deste debate, ou seja, não tem tratado. Não emitiu uma palavra sequer. Abandonou a economia, o povo do Paraná, neste momento, o que nos faz pensar que ele está flertando com o trumpismo. Não tenho dúvidas que o setor econômico e o empresariado estão sofrendo, mas essa carga vai cair em maior grau sobre as costas dos trabalhadores brasileiros que vão pagar essa conta”, criticou.
A secretária-geral da CUT Paraná e coordenadora da plenária, Vera Nogueira, destacou o papel da Central na luta pela defesa da democracia e que ainda há muito a ser feito. “Tivemos avanços nos últimos tempos, mas também retrocessos. A vida de nós mulheres tem custado muito. Tem mostrado que os desafios ficaram maiores ainda para as nossas lutas. Junto com os nossos companheiros, trabalhadores e trabalhadoras, ainda precisamos avançar de uma forma mais organizada e fortalecida. Vamos somar e revigorar ainda mais nossas forças para garantir a nossa democracia. Temos um caminho longo para ter a igualdade, paridade e o direito de viver”, apontou.
O coordenador da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar do Paraná (Fetraf-PR), Elizandro Krajczyk, destacou a retomada de políticas públicas que garantem inclusão social e distribuição de renda. “Na semana passada, o Brasil saiu do mapa da fome e tem dois aspectos fundamentais para isso: a retomada das políticas públicas para a agricultura familiar, que traz a condição de produzir mais alimentos saudáveis, além da retomada das políticas públicas dos trabalhadores urbanos. A diminuição do desemprego, a valorização do salário, que dá condição dos trabalhadores também consumirem e terem alimentos saudáveis”, destacou.
O economista e coordenador técnico do Dieese no Paraná, Sandro Silva, analisou que, apesar de todos os avanços, o cenário ainda é complicado, citando como exemplo a retomada das discussões da Reforma Administrativa no Congresso Nacional. “Por mais que a gente viva num cenário econômico positivo, de crescimento, de geração de emprego e renda, por mais que a gente tenha esse ambiente positivo, que afetou também os sindicatos, com os dados de negociações salariais, a gente vive em constante ameaça em um cenário político muito complicado, né? E aí a gente tem que continuar mudando e enfrentando os desafios. Agora a gente tem uma ameaça da Reforma Administrativa, que ataca os servidores e o serviço público", alertou.
O presidente da Federação dos Sindicatos dos Servidores Municipais CUTistas do Paraná (Fessmuc), Antônio Carlos Bananinha, reforçou a importância do serviço público e também da plenária da central para a construção de estratégias. “Quero parabenizar a todos e todas as delegadas e delegados neste grande evento. Tenho certeza que será de grande produtividade nestes dois dias de plenária”, projetou.
O dirigente do Sindicato dos Eletricitários de Foz do Iguaçu (Sinefi), Paulo Henrique G. Zuchoski, destacou que muitos dos desafios que a classe trabalhadora tem pela frente são ainda os mesmos e que precisam ser enfrentados. “As mulheres continuam sendo agredidas pelo machismo. Negros continuam sendo preteridos em vagas. A população LGBTQIA+ continua sendo discriminada. Nossa democracia, tão jovem, continua sendo constantemente ameaçada. A dificuldade que nós temos de fazer com que trabalhadores votem em trabalhadores, basta ver a composição do nosso parlamento”, elencou.
A vereadora de Guarapuava, Cris Wainer, destacou avanços recentes, mas fez um alerta. “Estamos com um dos maiores índices de empregabilidade. Na semana passada, retiramos o nosso país novamente do mapa da fome. Isso não é pouca coisa. Isso é luta também da classe trabalhadora. Mas nós ainda estamos com o golpe em curso. Ele, todo o tempo, nos ronda”, comentou.
Durante a abertura, também foi realizado o lançamento do livro que celebra os 40 anos de história da CUT Paraná e a campanha “Dá uma pausa, mude a causa”.